O professor Michel Maffesoli, Sociólogo da Universidade de Sorbonne (na cadeira que pertencera a Emile Durkheim) e diretor do Centro de Estudos sobre o Atual e o Cotidiano, o CEAq (Centre d´Etude sur l´Actuel et le Quotidien), nos enviou em 31 de julho deste ano uma nota na qual expressa a sua perplexidade em relação à lógica quantitativa apresentada na avaliação de periódicos da CAPES e a classificação das revistas « Sociétés » e Cahiers Européens de l’Imaginaire.
The life of people with disabilities are marked by adverse situations, like architectural barriers, communication barriers and attitudinal barriers, This group also suffers from violent situations in their daily lifes, such as physical and verbal aggression. In the current scientific production, there is few researches that investigates the discourse of the person victim of violence, a fact that, on one hand, may characterize some ignorance of the situations experienced by these people, and, on the other hand, may result in discredit of the discourse of people with disabilities. The objective of this research was to investigate the violence experienced by people with disabilities through a case study of a young person with physical disability. The research was descriptive and had a qualitative nature, using the theoretical framework of the Sociology of disability, Violence and Stigma. Semi-structured interview was conducted, using Comprehensive Sociology as a data analysis tool. The results showed that insults and exclusions are a part of the daily life of the young, actions that can be classified as bullying. The young experience several conflicts in the school environment, having some of these conflicts resolved through the mediation of professionals. Violence against people with disabilities is a dynamic and recurring phenomenon, requiring prevention and intervention programs in the school and other researches on the theme that focuses on the victim point of view.ResumoA vida das pessoas com deficiência é marcada por situações adversas, como barreiras físicas, comunicacionais e atitudinais. Esse grupo também sofre de situações violentas em seu cotidiano, como agressões físicas e verbais. Na produção científica atual se notam poucas pesquisas que investigam o discurso da própria pessoa vítima de violência, fato esse que, de um lado, pode caracterizar desconhecimento das situações vividas por essas pessoas e, por outro, pode resultar em um descrédito em relação ao discurso das pessoas com deficiência. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi investigar as violências vividas por pessoas com deficiência por meio de um estudo de caso de um jovem com deficiência física. A pesquisa realizada foi descritiva e de natureza qualitativa, utilizando-se do referencial teórico da Sociologia da Deficiência, da Violência e do Estigma. Foi realizada entrevista a partir de um roteiro semiestruturado de questões, sendo utilizada a Sociologia Compreensiva como ferramenta de análise dos dados. Os resultados mostraram que xingamentos e exclusões fazem parte do cotidiano do jovem com deficiência, ações tais que podem, legalmente, ser tidas como bullying. O jovem vive diversos conflitos no ambiente escolar, tendo alguns desses conflitos resolvidos a partir da mediação de profissionais. A violência contra as pessoas com deficiência é um fenômeno dinâmico e recorrente, são necessários programas de prevenção e de intervenção no ambiente escolar, além de outras pesquisas sobre a temática que focalizem a perspectiva da vítima.Palavras-chave: Violência, Pessoas com deficiência, Estigma, Bullying.Keywords: Violence, Disabled Persons, Stigma, Bullying.ReferencesABRAMOVAY, M. Cotidiano das escolas: entre violências. Brasília, DF: Unesco, Observatório de Violência, Ministério da Educação 2006.AMARAL, L. A. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação. In: Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricas e práticas. Volume 5. São Paulo: Summus, 1998. p. 11-30.ARANHA, M. S. F. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência. 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O presente ensaio de Antropologia Visual tem o objetivo de narrar, imageticamente, por meio de uma fotoetnografia, o cotidiano citadino de trabalhadores, em suas múltiplas experiências que, em função das condições sociais ou da profissão que exercem, não têm condições de cumprir as recomendações do distanciamento social, durante a pandemia da COVID-19, na cidade de Cascavel-PR. O artigo encontra-se estruturado em duas partes. Na primeira, formada por um texto escrito, recorremos ao conceito de apartheid, como perspectiva de análise para mostrar seus efeitos no cotidiano de trabalhadores; assim, apresentamos, brevemente, o campo de Antropologia Visual e da fotoetnografia. Por fim, discorremos sobre nosso campo de pesquisa, marcado por profundas evidências de vulnerabilidade e injustiça social. Na segunda parte, formada, essencialmente, por uma linguagem imagética, apresentamos o cotidiano dos nativos. Com essa organização, ao recorrermos às linguagens textual e imagética, oferecemos ao leitor duas possibilidades de entrada para percorrer os múltiplos corredores de interpretações, sendo possível escolher entre iniciar a leitura pelas imagens ou pela escrita textual.
Resumo A presente resenha analisa a obra Être postmoderne, de autoria do sociólogo Michel Maffesoli, publicada pela editora Éditions du Cerf (Paris), ainda sem tradução para a língua portuguesa. Ao longo do livro, o autor reafirma, assim como em obras anteriores, que estamos vivendo em um momento de saturação dos valores modernos e de emergência de valores pós-modernos. Être Postmoderne está estruturado em nove capítulos: 1. L’Oxymore; 2. Juvenoïa; 3. Métapolitique; 4. Sacral; 5. Nous; 6. Initiation; 7. Tradition; 8. Naturalisme; 9. Épinoïa. A leitura dessa obra instiga a pensarmos variadas questões sobre os valores que regem a vida cotidiana na atualidade. Desse modo, o texto examina, sem perder de vista o debate com seus críticos, os principais aspectos discutidos por Maffesoli ao longo do livro.
No abstract
Este estudo apresenta resultados de uma pesquisa bibliográfica, cujo embasamento analisa referenciais teóricos oriundos de publicações escritas e digitais, que se propõe investigar a música como ferramenta no desenvolvimento da criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Nesta premissa, a problemática acerca do tema indaga: como a música pode contribuir no comportamento da criança autista? Assim, apresenta o conceito de (TEA), bem como, investiga a utilização da música como intervenção no processo educacional e as políticas educacionais que sustentam este trabalho. A pesquisa permitiu concluir que a educação musical aplicada a pessoas portadoras de (TEA) necessita de maior atenção por parte da comunidade acadêmica, das políticas públicas e na formação dos professores, visto que a música tem demonstrado ser um recurso pedagógico eficaz, em especial com os alunos autistas. Assim, ficou claro que as políticas de inclusão educacional são pouco aplicadas no cotidiano escolar, mostrando uma lacuna muito grande a ser preenchida.
No presente texto, fundamentado em referenciais teórico-sociológicas, articulamos as noções de projeto e campo de possibilidades com a de reflexividade corporal, para analisar especificamente os usos sociais que as garotas de programa fazem do próprio corpo quando é necessário distinguir o corpo que faz sexo, do corpo que faz programa. Interessa-nos, nesse contexto, entender as lógicas simbólicas próprias que justificam as razões pelas quais as garotas de programa estabelecem fronteiras simbólicas corporais entre fazer sexo e fazer programas.
Este artigo apresenta alguns resultados de uma pesquisa realizada no Programa de Pós–Graduação em Educação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE cujo escopo foi o de analisar as relações entre a escola, o Conselho Tutelar e o Poder Judiciário nos casos de judicialização de violência escolar. Os dados foram coletados em 10 escolas da rede pública municipal de ensino de Cascavel e 10 escolas estaduais, sendo que metade das escolas foram indicadas pelo Conselho Tutelar da Região Leste e a outra metade pelo da Região Oeste cujo critério de inclusão foram as escolas com maior incidência de violências registradas em cada um destes órgãos. Entrevistou-se diretores e coordenadores pedagógicos de cada uma destas 20 escolas com vistas a identificar os casos de violência e os critérios adotados para os encaminhamentos ao Conselho Tutelar, bem como a qualidade da interação entre estas instituições e quais os efeitos dos casos encaminhados ao Poder Judiciário, quando do retorno desses alunos à escola. Foram, também, entrevistados os Conselheiros responsáveis de cada região do município de Cascavel, objetivando apreender suas percepções a respeito das atuações das escolas nos episódios de violência, quais as providências por eles tomadas ao receberem esses casos e quais os efeitos dessas providências em relação à resolução do problema.
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