Neste artigo, propomos uma reflexão sobre as contribuições da filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin para a abordagem do conceito de letramentos na escola de educação básica. O projeto teórico do Círculo, que persegue a superação do dualismo entre vida e teoria, buscando compreender o vivido como evento, permite pensar as esferas da vida humana como instâncias nas quais se produzem enunciados em que os sujeitos assumem uma posição, uma atitude responsável em relação à vida. O fenômeno do letramento deve ser compreendido, para além da posse de novas tecnologias do ler e escrever, como a assunção pelos sujeitos de um posicionamento frente ao mundo. Essa perspectiva traz implicações para a abordagem dos letramentos, necessitando considerar, nas práticas pedagógicas, as relações de alteridade que se estabelecem entre alunos e professores e como, nessas relações, alteram-se os sujeitos e suas perspectivas sobre o que represente ler e escrever na contemporaneidade.
Nesta pesquisa, analisamos a relação entre letramento científico e ensino de línguas, perante a busca por práticas que ultrapassem uma transposição de gêneros textuais para a escola de forma redutora, como exercícios analíticos sem circulação social das produções autorais dos discentes. Propomos uma discussão teórica sobre letramento científico, bem como uma reflexão sobre práticas escolares realizadas em língua materna e estrangeira que buscaram ressignificar a relação entre conceitos científicos e a apropriação do conhecimento na escola via oralidade e escrita. Os resultados revelam que há efetiva apropriação de conhecimentos de linguagem numa perspectiva investigativa, atrelada à possibilidade de participação social nas atividades humanas, o que pôde ser alcançado pela interação por meio dos gêneros textuais nas práticas pedagógicas realizadas.
Este trabalho aborda as práticas de oralidade nas dissertações do PROFLETRAS (BRASIL/MEC). A concepção assumida é a oralidade como prática social e a fala como modalidade de uso da língua, em oposição à perspectiva da dicotomia; coerentes com esta concepção, diferentes autores defendem uma perspectiva de integração fala e escrita (MARCUSHI, 2001; SCHNEUWLY, DOLZ, 2004; LEAL, GOIS, 2012; BUENO, COSTA-HÜBES, 2015; MAGALHÃES, CRISTÓVÃO, 2018; CARVALHO, FERRAREZI JR, 2018; MAGALHÃES, FERREIRA, 2019). Escolhemos este corpus por ser locus privilegiado de pesquisa-ação na escola básica; analisamos a abordagem da oralidade em 59 dissertações, por meio de pesquisa documental, em um recorte temporal de 2015 a 2018. Os resultados mostram a) inovações quanto aos gêneros orais nas práticas pedagógicas; b) sensibilização para os aspectos extralinguísticos da oralidade; c) integração oralidade – letramento nas propostas pedagógicas. Os resultados revelam avanços no ensino de oralidade, o que nos leva a defender o fortalecimento da formação docente e da relação universidade-escola, que promova mais pesquisas de intervenção, em busca de práticas relevantes no ensino de Língua Portuguesa na escola básica.
Esta pesquisa analisou as concepções de ensino de oralidade docentes, participantes de curso de formação. Como metodologia, utilizamos o questionário aberto para analisar as concepções e as práticas pedagógicas realizadas em sala de aula, bem como as dificuldades enfrentadas. Os resultados revelam que há avanços, em relação a outras pesquisas, nas concepções e práticas pedagógicas, visto que aparecem nas respostas a) a relevância do ensino de oralidade para a formação cidadã; b) a necessidade de proposição de situações de interação; c) gêneros orais na prática de ensino. Todavia, tais dados revelam também que há esforços a empreender no tocante a) à compreensão da oralidade como uso e reflexão linguística; b) às dificuldades materiais; e c) à falta de formação docente.
Este artigo traz contribuições sobre o trabalho com a oralidade na escola. Nas últimas décadas, vários foram os autores que contribuíram para o tema em questão, orientando que, embora a escrita seja central, a oralidade letrada também precisa ser enfocada na escola. Assim, apresentamos pressupostos teóricos fundamentais ao trabalho com a modalidade falada, bem como elencamos argumentos para uma pedagogia que contemple a oralidade. Além disso, listamos alguns conceitos basilares ao trabalho escolar com a fala, tais como oralidade, modalidade falada, oralização da escrita e atividades prosódicas. As bases teóricas deste trabalho estão, principalmente, em Marcuschi (1996, 2001) e Schneuwly e Dolz (2004) e nos PCN (1998).
Neste trabalho, apresentamos uma sistematização de concepções e práticas para a ampliação da presença da oralidade e de gêneros orais na formação docente, com vistas a reverter a escassez de seu ensino na escola básica. Para isso, retomamos conceitos já consolidados e pesquisas anteriores realizadas pelas autoras em suas trajetórias, referentes a documentos oficiais, práticas educativas, materiais didáticos e formação docente. Os aportes teóricos estão articulados à perspectiva histórico-cultural, ao interacionismo sociodiscursivo, à didática para o trabalho com os gêneros orais da escola genebrina, à análise da conversação e à linguística textual. Descrevemos duas ações especificamente quanto à formação docente para o trabalho com os gêneros orais na educação básica, que se referem: 1) à criação de um “Repositório de trabalho sobre oralidade e ensino”; e 2) à sua transformação no Laboratório Brasileiro de Oralidade, Formação e Ensino (LABOR). Em seguida, traçamos um decálogo para a ampliação da presença da oralidade e dos gêneros orais na formação docente, com vistas a criar contribuições precisas para que os cursos de Licenciatura, sobretudo Pedagogia e Letras, implementem ações envolvendo o eixo da oralidade em seus currículos.
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