A partir da perspectiva da chamada "Psicologia Social Crítica", este artigo toma como base o sintagma identidade-metamorfose-emancipação, desenvolvido por Antônio da Costa Ciampa, para discutir a necessária desnaturalização do termo migrante, cuja vivência singular sempre será atravessada por referências de classe, gênero, raça/etnicidade e nacionalidade. Explicita-se o imperativo de um deslocamento de olhar do processo migratório em si para o migrante que, enquanto sujeito, atribui significados e sentidos particulares aos diversos condicionamentos a que está exposto a partir de suas histórias e projetos de vida. Em vista disso, o presente trabalho propõe um enfoque que supere as dicotomias existentes entre as abordagens micro e macroestruturais, considerando a percepção singular do migrante com relação às determinações históricas, políticas, econômicas, sociais e culturais envolvidas tanto no lugar de origem quanto de destino. Para tanto, foi feita uma revisão bibliográfica acerca das contribuições históricas de alguns importantes autores da temática migratória, além da diferenciação entre as principais teorias desenvolvidas sobre esse fenômeno, para que seja possível a compreensão da abordagem proposta e sua relação com os estudos migratórios.
O presente texto propõe introduzir o leitor aos artigos produzidos neste dossiê. Não se trata de antecipar as reflexões de cada produção, mas de inseri-las no contexto em que o debate foi pensado e planejado.
O desenvolvimento deste artigo baseia-se nos pressupostos da Psicologia Social Crítica, comprometido com a realidade brasileira e com a práxis cotidiana, considerando a singularidade do indivíduo, enquanto manifestação de uma totalidade histórico-social. Tem por objetivo compreender as particularidades históricas, sociais e políticas que definem o “outro” na sociedade patriarcal capitalista e as transformações advindas com as novas determinações pandêmicas, partindo do fenômeno migratório feminino, enquanto experiência que evidencia tais contradições e metamorfoses. Adota a metodologia de Narrativas de Histórias de Vida para reconhecer os sentidos atribuídos pelos sujeitos e as (im)possibilidades de emancipação que se configuram na análise de depoimentos de duas mulheres migrantes, uma peruana no Brasil e uma brasileira na Alemanha. Os resultados ponderam as metamorfoses da metamorfose humana e a configuração de uma situação ambivalente, que pode conduzir tanto à paralização e à mesmice, como resultar em crescimento do Eu, ao propiciar a interrupção da reposição cotidiana irreflexiva, a apropriação crítica das determinações exteriores e a busca pela autodeterminação. Demonstram, assim, que uma prática política precisa considerar a dialética entre pensamento histórico e pensamento utópico, enquanto projeto alternativo de vida, construído em articulação às determinações objetivas.
O manuscrito aborda a condição do ser/estar migrante na atualidade sociopolítica brasileira, por meio da interlocução de três profissionais e pesquisadoras a respeito do movimento necropolítico e das vulnerabilidades impostas diariamente pela hospitalidade condicionada. Objetiva-se contribuir para a construção de um lugar que não naturalize e homogeneíze o migrante como categoria, propondo a ampliação do entendimento de sua singularidade e das particularidades que atravessam a migração. Ao subjugar existências, potenciais são apagados e direitos silenciados, e é somente com a escuta deste silêncio que a morte simbólica condicionada à não garantia de um lugar de existência genuína pode, talvez, ser combatida. Por fim, pontua-se a necessidade que o tema das migrações deixe de ser um tópico marginal, tendo ampliado o enfoque na sua relevância.
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