Na última década, as mudanças no formato do movimento LGBT favoreceram a emergência de outros tipos de organização e de formas de atuação política, como é o caso do ENUDS. O Encontro Nacional Universitário da Diversidade Sexual (ENUDS) surgiu no ano de 2003 e reúne desde então, em edições anuais, grupos e coletivos que se articulam em torno da temática sobre gênero e sexualidade, consolidando-se como espaço de discussão acadêmica e política. A trajetória do Encontro mostra-nos como que em diferentes contextos históricos são criados modelos de diferenciação e demarcação em relação a certos “outros”. Tais diferenciações se manifestam de inúmeras formas e sua análise orientou-se a partir de determinadas categorias que emergiram no campo. Nesse sentido, as categorias como “estudantil/universitário”; “ativista/militante”; “grupo/coletivo”; “institucionalizado/não-institucionalizado” e “horizontalidade” foram evocadas no decorrer das edições, utilizadas pelas organizações e sujeitos que compõem o espaço como meio de diferenciar-se. Com isso, a proposta deste artigo é analisar estas categorias que surgem no campo. Assim, através desta análise, explorar os processos de diferenciação do ENUDS, que se estruturam, principalmente, no nível geracional, em relação aos três atores sociais de maior relevância neste espaço: i) movimento LGBT; ii) movimento estudantil; iii) a “academia”. Pelo fato de algumas dessas categorias existirem no campo político e no campo científico, para além do ENUDS, seu estudo também possibilitará analisar sua incidência em outros espaços, de modo a trazer uma contribuição de aprofundamento dos conceitos. Por fim, busca-se elucidar quais seriam os modelos de formação e organização do fazer política e fazer-se como sujeito político do ENUDS.
RESUMO Este artigo examina processos de mudança nos movimentos feminista, negro e no atualmente conhecido como LGBTI. Objetiva produzir aproximações comparativas sobre a produção de enquadramentos e as formas de organização de cada um deles, considerando suas trajetórias nas últimas quatro décadas. É dada ênfase especial aos anos recentes e ao modo como as noções de experiência e interseccionalidade têm operado no período pós-2010, notadamente em iniciativas ativistas protagonizadas por jovens. Para tanto, lança-se mão de uma perspectiva teórica relacional e processual, em diálogo com estudos socioantropológicos que têm se debruçado sobre movimentos sociais. O artigo se baseia em material etnográfico e revisão de literatura.
Resumo O Encontro Nacional Universitário da Diversidade Sexual (ENUDS) surgiu no ano de 2003 e reúne desde então, com edições anuais, grupos e coletivos que se articulam em torno da temática sobre gênero e sexualidade, consolidando-se como espaço de discussão acadêmica e política. Este artigo é uma análise dos desdobramentos da pesquisa que buscou reconstruir a trajetória socioantropológica dos Encontros. O objetivo é explorar o modo como se apresentam os ideais de liberdade sexual, de dissolução das hierarquias e convenções de gênero e a prática política da “fechação”. Tais ideais são entendidos como dimensões estéticas das manifestações presentes nos espaços do ENUDS a partir de uma categoria central observada no campo: a “experiência”. Procura-se, para isso, explorar os argumentos que justificam essa “vivência”, bem como os momentos de limites e tensões desses ideais num espaço político que se apresenta como “coletivo”, “horizontal” e “não institucionalizado”.
A última década vem sendo marcada por um conjunto de implementações de políticas afirmativas nas universidades brasileiras, resultando num crescimento contínuo de sujeitos nesses espaços. A pesquisa de doutorado que dá origem a este artigo tem como objetivo geral explorar as transformações nas táticas e estratégias políticas nesse contexto, considerando a emergência de formas recentes de ação coletiva em universidades brasileiras e os próprios processos de emergência e de produção de novos sujeitos políticos. Apresento algumas reflexões a partir da etnografia em dois encontros nacionais universitários: o I EECUN (Encontro de Estudantes e Coletivos Negros Universitários) e o XIV ENUDSG (Encontro Nacional em Universidades sobre Diversidade Sexual e Gênero), realizados em 2016. Por fim, considero que a pesquisa de campo realizada nestes dois encontros nacionais, que reúnem e reuniram um considerável número de participantes e que contaram com diversos atores envolvidos na organização, permite pensar as articulações entre esses atores para além das tensões tocantes às relações entre os diversos movimentos que estão na universidade – como o movimento estudantil, feminista, negro e LGBT.
No último decênio (2012-2022), vimos os resultados das primeiras experiências das cotas em universidades públicas, consolidadas pela lei n. 12.711 que instituiu a reserva de vagas em instituições federais de ensino superior. Paralelamente, acompanhamos uma grande resistência das universidades estaduais paulistas às cotas e a defesa de uma “inclusão por mérito”. Neste contexto, revisitamos as trajetórias do Núcleo de Consciência Negra da Unicamp (NCN), organização de estudantes negros que completa 10 anos de existência em 2022, a história do Núcleo de Estudos Negros (NEN), grupo pioneiro na ação coletiva de estudantes negros nos anos 2000, e o “Grupo de Estudos de Feminismos Negros”, iniciativa dos primeiros pós-graduandos cotistas, em 2016. Por fim, discutimos a luta pelas ações afirmativas na Unicamp, mais notadamente o processo de greve que culminou na criação das cotas raciais e do Vestibular Indígena, e a emergências de novas demandas e reivindicações de outros grupos sub-representados.
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