O artigo descreve o debate sobre as teorias de propagação da febre amarela na imprensa paulista. Nosso recorte temporal foi definido entre 1895 e 1903, período de grande incidência da enfermidade no Brasil e de crescente influência da bacteriologia nas teorias sobre as doenças. Realizou-se pesquisa documental em jornais de grande circulação de São Paulo e periódicos médicos da época. Os dados empíricos foram coletados no Arquivo Público do Estado de São Paulo e na biblioteca da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Foi identificado confronto entre as teorias de propagação da febre amarela, revelador de disputa simbólica por espaço na constituição do campo científico.
Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.Resumo: A interiorização dos serviços de saúde é um tema que tem despertado a atenção da investigação acadêmica a partir de alguns componentes ainda insuficientemente analisados, tais como a dinâmica estabelecida com instituições estatais, filantrópicas, assistenciais, presença de capitais internacionais, além dos arranjos locais. No contexto de tal diversidade, o município de Araraquara, no interior de São Paulo, foi um caso atípico e contava com serviços bancados pela municipalidade desde os primórdios da República. Outro diferencial foi a presença da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, que, desde 1947, mantém na cidade o Serviço Especial de Saúde de Araraquara (SESA). O artigo analisa a trajetória dos serviços de saúde no município de Araraquara na primeira metade do século XX, abrangendo dois aspectos centrais: a criação do primeiro Posto Sanitário na década de 1920 e a fundação do SESA, na década de 1940. Para a realização do artigo, foram empregadas fontes recolhidas em arquivos nacionais e internacionais, relatórios do poder público municipal e estadual, além dos produzidos pela Fundação Rockefeller que permitem entender a trajetória dos serviços de saúde. Assim, a cidade de Araraquara representou uma experiência diferenciada quando comparada a outros municípios que sofreram a intervenção do poder estadual para organizar seus serviços de saúde. A cidade diferenciou-se por desenvolver serviços custeados em diferentes momentos pela própria municipalidade, contando com os financiamentos da Fundação Rockefeller, via Serviço Sanitário ou Secretaria de Saúde.
Resumo Este artigo analisa como o governo do estado de São Paulo promoveu políticas de assistência pública no início da Primeira República. Neste período, o governo dirigia seus esforços para o controle de epidemias, deixando para as instituições privadas a assistência individual. Por meio dos planos orçamentários, dos relatórios da Secretaria do Interior e dos discursos da Câmara dos Deputados, observamos que existia uma política orçamentária que designava uma parcela das verbas governamentais para as instituições que se propusessem a assistir pobres e imigrantes. Além do repasse anual, o governo promovia aportes financeiros em períodos epidêmicos e desenvolvia vistorias periódicas para averiguar as condições sanitárias das instituições. A partir da análise dos documentos, verificamos que os recursos pecuniários repassados eram elevados e se aproximavam muito aos gastos com o Serviço Sanitário, órgão público criado para combater as doenças infectocontagiosas. Buscando entender a política de subvenções, observamos que o estado tentou implantar uma estrutura própria de atendimentos para combater o tracoma e a ancilostomose, mas que os altos encargos para manter a estrutura e os discursos do período, que apregoavam a redução dos gastos públicos, fizeram com que essa estrutura fosse dissolvida, mantendo-se a política anteriormente adotada de apoiar o arranjo assistencial pré-existente.
Resumo No início do século XX o tracoma, enfermidade oftálmica contagiosa, tornou-se endêmica no interior do estado de São Paulo. Em 1906, mediante a infecção de quase 40% da população rural examinada, o governo estadual implantou 25 postos de tratamento em diversos municípios. Foi uma campanha audaciosa, dispendendo recursos com equipes médicas, transporte e medicação. O objetivo desta pesquisa é analisar por que o Serviço Sanitário interviu sobre o tracoma, num período em que as ações profiláticas estavam restritas às áreas urbanas. O recorte temporal se inicia em 1898, quando o primeiro artigo médico foi publicado, e termina em 1906, com a formação dos postos tracomatosos. Como fontes, foram utilizados relatórios governamentais, revistas médicas, teses e jornais. Concluímos que a pressão exercida por médicos e imprensa, concomitante à proteção do setor agroexportador, influenciaram a implantação das comissões.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.