Ao encerrarmos este debate, temos a sensação de que valeu o esforço para colocar o tema em discussão. Como frisamos inicialmente, é um tremendo desafio trazê-la entre aqueles que somos: a um só tempo, participantes do esforço da construção do SUS e formadores dos novos profissionais de saúde. Seria por demais pretensioso tentar esgotar ou mesmo abordar todos os aspectos e possibilidades inerentes a um tema tão amplo, com tantas possibilidades e desdobramentos, em um artigo sucinto e delimitado. Contudo, aceitamos o desafio, mesmo correndo o risco de sermos incompletos. Procuramos pontuar aqueles que nos pareceram ser pontos cruciais para o despertar dessa discussão e acreditamos que a estratégia foi correta, uma vez que a relevância e a magnitude dos comentários nos demonstram a necessidade da continuidade e do aprofundamento da discussão.A maioria daqueles que debateram nosso texto fizeram explicitamente o reconhecimento de que deve ser pautada uma discussão mais profunda sobre a modelagem do SUS e também de como enfrentar um de seus nós críticos: a adequação e adesão dos profissionais às propostas. Gostaríamos, portanto, de agradecê-los pelo respeito e seriedade com que participaram. O que está em pauta, de fato, é como se pode avançar para um sistema de saúde que mantenha os princípios basilares do SUS e, ao mesmo tempo, tenha qualidade e relevância social. Estamos todos de acordo: dificilmente isso se fará sem um sistema que trilhe a lógica da continuidade no cuidado e da responsabilização social, que recupere o elo entre equipes profissionais e usuários. As propostas vigentes até o surgimento da estratégia da Saúde da Família (SF) avançaram, mas foi um avanço insuficiente. Um claro exemplo é a criação do conceito do acolhimento, que se transformou em seita para muitos. Em muitas situações o "acolhimento" não passou de uma "glamourização" do velho conceito de triagem, provavelmente mais humanizada mas, ainda assim, irresolutiva. Ao contrário do que acontece em partidas de futebol, onde a divergência é permitida, o dogmatismo não abre espaço para discordância, disputa ou crítica.Caso não haja ficado claro no texto que, mais que "o" modelo, o PSF é uma arena de debate político, onde velhos e novos atores sociais interagem, nossa proposta não foi entendida. Até mesmo porque esses atores sociais, muitos deles ativos participantes da construção do SUS, elevam o patamar dessa arena. Não é casual o fato de o Brasil provavelmente ser o único país latino-americano onde as propostas de focalização e cesta básica, formuladas pelos organismos internacionais, não tenham marcado a reforma do setor saúde. E os sanitaristas (sem aspas) brasileiros tiveram, sim, e continuarão a ter muita importância no avanço da consciência sanitária deste país. agosto
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