Resumo: A amizade na infância é promotora de desenvolvimento cognitivo, bem-estar subjetivo e apoio social. Apesar desse reconhecimento, há lacunas nas investigações empíricas e teóricas empreendidas. Assim, este trabalho objetiva, num primeiro momento, revisar as perspectivas conceituais e os estudos empíricos recorrentes na pesquisa em amizade infantil. Em seguida, busca identifi car a produção científi ca brasileira específi ca sobre amizade na infância. Em um terceiro momento, visa discutir a amizade infantil diante do Transtorno de Défi cit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), revisando as pesquisas nacionais e estrangeiras disponíveis. Por fi m, esses trabalhos são analisados criticamente e são levantadas possibilidades de investimento científi co sobre a amizade em crianças com e sem TDAH no país.
A literatura científica brasileira tem mostrado cada vez mais estudos sobre o TDAH em crianças, focalizando tanto questões de saúde como educacionais. A amizade é sabidamente promotora de desenvolvimento, de aprendizagem e de saúde. Também é reconhecido o papel dos pais na vida social de suas crianças. Assim, o TDAH e as relações de amizade, tanto em crianças sem transtornos como em crianças portadoras destes desafios, persistem merecendo investimento da comunidade científica. O presente trabalho comparou a percepção de pais de crianças com TDAH e de pais de crianças sem TDAH sobre as amizades de seus filhos. Também foram comparadas as respostas dos pais com a de seus filhos com a intenção de avaliar o grau de concordância entre as percepções de pais e de filhos. Os resultados têm a intenção de motivar novos estudos empíricos que examinem, mais intensa e extensamente, a amizade em crianças com TDAH e o envolvimento dos pais na vida social das crianças. Duas hipóteses-explicativas principais envolveram a interpretação dos resultados: pais alheios às relações sociais dos filhos e crianças com TDAH com um viés positivo acerca de suas amizades. Aliado a isso, ponderou-se sobre uma tendência dos pais de compreender a amizade desde uma visão adultocêntrica.
Crianças com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade tendem a participar de relações de pares insatisfatórias, podendo ser rejeitadas socialmente e até vitimizadas. O objetivo deste trabalho foi de comparar a percepção da qualidade da melhor amizade e do conflito nessa relação, em 17 meninos com e 19 sem Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, de sete a nove anos de idade, por meio de entrevista semiestruturada e da Escala da Qualidade da Amizade. Os meninos com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade não diferenciaram daqueles sem o transtorno na percepção da qualidade da amizade; destes últimos, os mais velhos pontuaram melhor o amigo. Foi maior a percepção de situações de conflito com o amigo por parte de meninos com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, inclusive dos mais velhos. É possível que o portador de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade perceba mais os conflitos com o amigo em virtude do aumento etário, pois o avanço sociocognitivo pode auxiliar a captar melhor as reações negativas dos pares a seu comportamento frequentemente desrespeitoso às regras sociais.
Neste artigo relata-se a experiência resultante da realização de um curso de extensão oferecido a professores de Ensino Médio que acompanharam seus estudantes na visita à Mostra das Profissões/2008, organizada pela Universidade Federal de Minas Gerais. O curso teve por objetivo oferecer um espaço de reflexão crítica e cientificamente fundamentada para os professores sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e suas implicações para a saúde e a educação. São traçadas também considerações acerca dos desafios enfrentados e das possibilidades de melhoria para próximas edições do curso. Entende-se que a articulação entre pesquisa e extensão encontra espaço privilegiado em oportunidades como a relatada, com trocas ímpares entre educadores e pesquisadores que compartilham objetivos na busca da aproximação entre saúde e educação.
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