Resumo Este trabalho é fruto de uma construção colaborativa e participante entre uma pesquisadora kaiowá, sua comunidade e uma pesquisadora não indígena, cujo objetivo foi registrar as memórias bioculturais do povo Kaiowá sobre a floresta e os seres que a coabitam, e refletir sobre elas, a fim de tecer um diálogo sobre a etnoconservação, na perspectiva da ecologia cosmopolítica. Metodologicamente, foi baseado na investigação-ação participativa, de modo que o caminho metodológico foi construído através de oficinas participativas, turnês guiadas, listagem livre e entrevistas. As/os participantes foram a comunidade escolar e três lideranças espirituais Tekoha Tapy Kora, do município de Amambai, Mato Grosso do Sul. Como resultado, ficou evidente que a presença da floresta em seus diversos patamares e sua diversidade de seres compõem parte vital do tekoha (território da vida) e possibilitam a existência da vida em todas suas dimensões. As mobilizações políticas dos povos indígenas em defesa dos territórios e da biodiversidade têm apontado novos horizontes epistêmicos e políticos para as pesquisas da etnobiologia e da biologia da conservação. Esse diálogo entre diferentes ciências pode contribuir para o fortalecimento da luta pela existência e pela recomposição da vida em suas múltiplas dimensões.
Medicinal plants of the kaiowá and guarani peoples as a possible complementary practice in treating the symptoms of Covid-19: traditional knowledge as a weapon against the pandemic
Os povos guarani e kaiowá travam, no centro oeste do Brasil, uma batalha contra o roubo de suas terras tradicionais pelo agronegócio que é imperante na região, fazendo com que a luta em defesa de seus territórios seja marcada por estratégias complexas baseada na valorização de seus conhecimentos tradicionais. Com base na análise da literatura disponível, realizamos uma leitura crítica das evidências disponíveis para fornecer um bom cenário dos estudos etnobotânicos para com esses povos, e assim confeccionamos uma matriz de dados com informações sobre as espécies encontradas. Encontramos sete trabalhos sobre plantas medicinais utilizadas por esses povos, com um total de 209 espécies de plantas, incluídas em 175 gêneros e 73 famílias. Concluímos que, apesar da importância desse tema para esses povos, não há grande número de estudos etnobotânicos disponíveis, sendo necessário organizar esforços para preencher lacunas em diferentes áreas do conhecimento e aperfeiçoar a busca por estratégias que possibilitem aos guarani e kaiowá a existência a partir de um modo de vida específico, que respeita as florestas, as águas, as terras e os demais seres vivos.
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