Este trabalho discute o significado da proteção do patrimônio natural no processo de produção do espaço geográfico do litoral norte paulista. Parte inicialmente da apresentação da trajetória de construção da idéia de patrimônio natural e das políticas públicas para a sua proteção, em diferentes esferas (nos planos internacional, federal e regional). Procura demonstrar, de um lado, que essa proteção-que se deu via tombamento da Serra do Mar-foi instituída para fazer frente à urbanização acelerada do litoral nos anos 1980 e, de outro lado, que ela foi incorporada à produção espacial, passando a representar uma nova condição para o processo. A proteção da natureza tornou-se uma condição necessária à reprodução do papel que o litoral norte desempenha na divisão espacial do trabalho da metrópole paulista: o de zona de veraneio de determinados segmentos sociais. A proteção da natureza aparece, ao mesmo tempo, como produto do urbano e como condição para sua reprodução. Palavras-chave: patrimônio natural, Serra do Mar, proteção da natureza, litoral norte paulista, urbanização do litoral.
Ainda que as práticas educativas ligadas ao patrimônio estejam presentes no Brasil, desde o século XIX, junto à ação dos museus históricos, conforme lembra Chagas (2006), é forçoso reconhecer que, no país, a construção de uma fundamentação teórica para o que chamamos, hoje, de Educação Patrimonial é bastante incipiente. Particularmente no que diz respeito à reflexão sobre o trabalho educativo em museus avançou-se, entretanto, nem tudo que se contempla sob o rótulo de Educação Patrimonial acontece no espaço dos museus e nem sempre a reflexão que se faz neste campo pode servir ao trabalho que se organiza em outros tipos de instituições tais como escolas, órgãos de preservação, secretarias de educação e cultura, empresas de consultoria em arqueologia e, mais ainda, quando se trata de movimentos populares ou organizações da sociedade civil.É justamente esta fragmentação da área, com os profissionais dispersos em diversas instituições de origem, bem como as dificuldades operacionais do cotidiano do trabalho, as quais tem impossibilitado o tempo necessário para a reflexão e formação teórica desses educadores, que têm criado obstáculos ao avanço e a consolidação desta base mais conceitual.Neste sentido, o presente artigo pretende apresentar e debater algumas proposições teóricas essenciais para uma busca de renovação de um pensamento que elabora as práticas no campo da educação patrimonial. Parte-se da constatação de que é preciso superar as abordagens mais tradicionais e conservadoras nessa área, e que isso somente será possível com investimento em reflexão crítica e no campo conceitual.Contudo, faz-se necessário, inicialmente, traçar uma breve problematização da trajetória mais recente do campo da Educação Patrimonial no Brasil para, então, iluminar as novas perspectivas abertas pela recente constituição de um marco legal neste campo, ou seja, das diretrizes elaboradas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), constantes na portaria 137/2016. Partindo-se desta apresentação, o artigo procurará trazer ao debate algumas questões de natureza teórica que devem envolver a concepção das práticas. O que se pretende é,
O artigo se propõe repensar a relação entre conhecimento sobre o patrimônio cultural e a sua preservação, situando-se para além dos discursos de senso comum, os quais têm se reproduzido ao longo do tempo e de maneira acrítica, seja nas instituições públicas de cultura ou nas escolas. O objetivo é problematizar o tema alertando para os riscos de uma visão ingênua e da despolitização do debate em educação patrimonial. A pergunta essencial é: afinal, quem deve ser ensinado e sensibilizado para a preservação? Essa questão torna-se central em um contexto contemporâneo no qual os grupos sociais se mobilizam, cada vez mais, buscando a proteção de seus patrimônios culturais, enquanto em contrapartida o Estado tem se recusado a reconheceros valores atribuídos socialmente a determinados bens e, em consequência, permitido demolições. É preciso reconhecer que a discussão da educação patrimonial não passa mais, necessariamente, pela questão do seu desconhecimento social, já que os grupos sociais estão cada vez mais engajados na preservação do patrimônio. Parte-se, assim, da perspectiva que educação não é solução redentora para o patrimônio, mas, antes de tudo, um direito social e uma necessidade. Portanto, ela é condição inerente à preservação umavez que, a partir dela, pode-se problematizar a memória oficial e o passado, as políticas públicas de preservação e reconectar as pessoas ao patrimônio.
Resumo: Antigas vilas operárias, conjuntos habitacionais, espaços de luta do trabalhador na cidade, edificações fabris carregadas de um significado simbólico ligado ao cotidiano e às condições de vida do operariado; são exemplos do que pode ser interpretado como lugares da memória operária na metrópole. Estes emergem em um contexto em que a fábrica, o trabalho e o próprio trabalhador se transformam mundialmente. Constituem-se na passagem entre duas lógicas orientadoras da produção espacial: a de uma urbanização centrada na indústria e a da reestruturação da metrópole, a partir da dispersão espacial e de uma economia fundada em novos setores de atividade. O objetivo do trabalho é refletir sobre a constituição dos lugares de memória operária para pensar o sentido político de sua permanência na metrópole. Palavras-chave: memória, lugar de memória, metrópole, patrimônio industrial, operariado.
ResumoFruto das experiências desenvolvidas pela Unesco desde 1992 e das proposições estabelecidas na Convenção Europeia da Paisagem, o tema das paisagens culturais coloca-se na atualidade como uma forma inovadora de conceber a proteção e a gestão do patrimônio cultural. Em primeiro lugar porque permite superar a dicotomia até hoje presente na atuação dos órgãos públicos de preservação, no que diz respeito ao tratamento entre o patrimônio material e imaterial, entre o natural e o cultural, entendendo-os como um conjunto no qual os seus diferentes significados se articulam num todo vivo e dinâmico. Por outro lado, a forma como têm sido desenvolvidas as primeiras experiências na esfera pública patrimonial em território nacional mostra outra faceta igualmente interessante na atuação em paisagem cultural: a compreensão de que a proteção e a gestão deste patrimônio devem ser feitas com a participação das populações moradoras, por meio do envolvimento e da valorização dos saberes locais. Este artigo procura refletir sobre a aplicação deste
RESUMO: O presente artigo procura discutir a constituição de um patrimônio cultural paulista vinculado ao universo da cultura popular, evidenciando as justificativas que levaram ao reconhecimento da importância de proteção da última praça de campos de futebol de várzea da capital. Busca, também, debater as condições e circunstâncias em que se deu seu desaparecimento na cidade, fruto de um projeto de requalificação da área conduzido pelo poder público municipal, no ano de 2006. O objetivo é problematizar o discurso que legitimou as intervenções realizadas no parque, as quais resultaram na descaracterização do tombamento e, desta forma, colocar em evidência os rumos das políticas públicas de patrimônio em São Paulo. PALAVRAS-CHAVE: Patrimônio cultural. Cultura popular. Futebol de várzea. Requalificação do patrimônio.ABSTRACT:The present article seeks to discuss the constitution of a piece of São Paulo's cultural heritage which is linked to the popular culture universe, substantiating the reasons that brought awareness to the issue of protecting one of the last amateur football parks in the city of São Paulo. We also aim to discuss the conditions and circumstances which led to its disappearance, in an attempt by city government to revitalize the area in 2006. The objective of the article is to question the discourse which was used to justify the interventions in the park, resulting in a change to its historic status and, thus, call attention to the direction of public heritage policy in São Paulo. KEYWORDS: Cultural heritage. Popular culture. Amateur football. Revitalization of public heritage. IntroduçãoNo contexto de um significativo movimento de renovação conceitual e de práticas na proteção do patrimônio cultural em São Paulo, o qual possibilitou incorporar novos objetos representativos de outros sujeitos históricos, destacava-se um tombamento em particular, o do Parque do Povo, situado no bairro do Itaim Bibi,
RESUMO:Este artigo procura analisar a trajetória de criação e consolidação do conceito de patrimônio mundial pela Unesco, com destaque para as questões relativas ao patrimônio natural. Discute os critérios de identificação do valor universal dos bens, apresentando um diagnóstico da distribuição dos bens tombados pelo mundo e analisa o patrimônio mundial como um dos instrumentos que definem o quadro das relações internacionais na esfera ambiental. PALAVRAS-CHAVE:Patrimônio mundial, patrimônio natural, gestão ambiental, Unesco, preservação ambiental. ABSTRACT:This article seeks for analysing the trajectory of the creation and concept consolidation of world heritage by Unesco, highlighting the relative questions to the natural heritage. It discusses the criteria of universal value properties showing a registered properties distribuition diagnosis all through the world and it analyses the world heritage with one of the instruments that defines the international relationship table in the environmental sphere.
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