Licenciado sob uma Licença Creative CommonsLuanda e Maputo: inflexões suburbanísticas da cidade socialista à cidade-metrópole neoliberal Luanda and Maputo: sub-urbanistic inflections from the socialist city to the neoliberal metropolis city [a] Arquitecta-urbanista, doutora em Urbanismo pela Universidade de Paris XI, professora associada da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL), Lisboa, e investigadora do Grupo de Estudos Sócio-Territoriais Urbanos e de Acção Local (GESTUAL) do Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design (CIAUD) da FAUTL, Lisboa -Portugal, e-mail: isaraposo52@gmail.com [b] Arquitectas e doutorandas, investigadoras do Grupo de Estudos Sócio-Territoriais Urbanos e de Acção Local (GESTUAL) do Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design (CIAUD) da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL), Lisboa -Portugal, e-mails: aivlisjorge@gmail.com, silvialv.metapolis@gmail.com, vanessa.p.melo@gmail.com Resumo Luanda e Maputo, duas capitais africanas da lusofonia, são marcadas por crescentes desigualdades socioespaciais. Os centros urbanizados dessas urbes, traçados pela e para a sociedade colonial e onde hoje reside a maioria da população de maiores recursos, distinguem-se dos densos e extensos subúrbios habitacionais suburbanizados, onde outrora residia a sociedade colonizada e hoje se acantona a população de menores recursos. Nos primeiros anos de independência, em contexto de ideologia de inspiração socialista, economia planificada e planeamento centralizado, ambos os países visaram diminuir as desigualdades socioespaciais herdadas do colonialismo, intervindo nos subúrbios. A partir de finais da década de 80 do século XX, com o início da liberalização económica e política, que levou, em Moçambique, à descentralização (ainda emergente em Angola), surgem novos actores, indutores de diferentes modelos de cidade e de fazer cidade, diversificando-se os tipos de intervenções suburbanas. A explosão, segregação e complexidade socioespacial desses subúrbios tem-se intensificado com a adopção do modelo de cidade neoliberal, competitiva e desigual. Tomando como referência esses dois grandes períodos sociopolíticos e urbanísticos, este artigo restitui, num olhar cruzado e crítico, diferentes tipos de intervenção nos subúrbios habitacionais semiurbanizados. O seu principal objectivo é reflectir sobre a circulação de influências e os paradigmas suburbanísticos em que se inscrevem.Palavras-chave: Cidade socialista. Cidade neoliberal. Paradigmas suburbanísticos. Luanda e Maputo.Isabel Simões Raposo [a] , Sílvia Jorge [b] , Sílvia Viegas [b] , Vanessa Melo [b] urbe. o acelerado crescimento económico, populacional e urbano: destruição do centro histórico com substituição das antigas casas portuguesas, sobradas ou térreas, por uma arquitectura moderna e internacional, com obras de referên-cia de arquitectos portugueses da "geração africana" (FERNANDES, 2002), inspirados em Le Corbusier e no moderno tropical brasileiro. O ...