Na concepção de John Rawls, o consenso sobreposto consiste na formulação de uma instância de tolerância mútua que torna democracias possíveis. Entendimento de que para uma democracia funcionar é necessário que os agentes políticos respeitem direitos de seus oponentes, ainda que discordem de suas crenças, uma noção que dialoga com a ideia de Chantal Mouffe sobre democracia agonística. A democracia agonística, casando as ideias de Rawls com as de Bobbio e Mouffe, depende do respeito pelo consenso sobreposto, pela própria existência da democracia. É pertinente utilizar as reflexões teóricas desses autores para perceber suas absorções pela Constituição Federal de 1988, em especial as noções rawlsianas. Da mesma forma, perceber a fragilização das noções dos princípios de justiça e do consenso sobreposto conforme sucessivas crises – política, saúde, econômica – colocam a própria Constituição em cheque. Assim, a proposta deste trabalho é deslocar a teoria de John Rawls para compreender seus diálogos com a Constituição de 1988, ante a hipótese de que a fragilização democrática brasileira, seguida da eleição de um nacionalista autoritário em 2018, erode essas próprias noções por dentro. Destarte, através do diálogo entre a base teórica e o objeto apreendido, será possível contribuir para o estado da arte ao alargar os conceitos rawlsianos para a interpretação de um objeto periférico na academia, e permitindo, em última instância, perceber a essencialidade das concepções de Rawls para a existência de uma democracia liberal saudável e estável.
Muito se discute sobre a equivalência de fenômenos contemporâneos com o Fascismo de Mussolini. Um dos argumentos contra essa equivalência se baseia no caráter liberal de alguns desses movimentos atuais. Entretanto, o próprio Fascismo, a despeito de seu antiliberalismo, experimentou um período liberal, ao menos na economia, conforme foi forçado a conceder espaços para uma coligação liberal-conservadora em um primeiro momento no poder. Por meio de análise de conteúdo e em close-reading, utilizando o software WordCloud, e ante a hipótese de que o Fascismo foi um movimento/regime que se reinventou ao longo das décadas – o que, na prática, torna difícil falar em apenas um Fascismo – a proposta deste artigo é analisar as características e traços presentes no programa de fundação do Partido Nacional Fascista (PNF). Por fim, o trabalho conclui com a tradução inédita para o português do programa.
A ascensão de Jair Bolsonaro no Brasil trouxe consigo uma série de discussões e livros na tentativa de compreender a multiplicidade do fenômeno e de suas repercussões. Um deles é Antissemitismo, uma obsessão, organizado por Eliane Pszczol e Hliete Vaitsman, uma coletânea de artigos de pesquisadores que trabalham com a intolerância à comunidade judaica e suas repercussões. Um livro fundamental para compreender um aspecto do autoritarismo bolsonarista que, ainda que secundário frente a outros como a homofobia ou mesmo o racismo, também se faz presente.
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