■ RESUMO: O presente artigo procura mostrar como Kant utiliza o conceito matemático de grandeza negativa para caracterizar o mal como privação e como este será, posteriormente, a base do seu conceito de mal radical.■ PALAVRAS-CHAVE: mal, falta, privação, Kant.Em uma nota do seu texto de 1793, A religião dentro dos limites da simples razão, Kant aponta duas maneiras diferentes de tratar o mal em oposição ao bem (KANT, 3, nota 5, p. 275). A primeira é considerar o mal como uma simples carência de um fundamento do bem; a segunda é conceber o mal como um fundamento positivo, contrário ao bem.No primeiro caso, o mal é entendido como ausência de ser, assim como uma sombra pode ser compreendida como ausência de luz. Neste caso, o mal caracteriza-se pela simples ausência de uma razão positiva para a sua existência, ou seja, é algo que não tem consistência em si mesmo, é a mera conseqüência da falta de um motivo moral.No segundo caso, o mal possui um fundamento positivo de determinação em oposição a um outro, igualmente positivo. Neste outro contexto, uma sombra passa a ser compreendida de forma diferente, ou seja, como resultado de um obstáculo que se opõe à passagem da luz, e o mal passa a ser 1 Artigo recebido em 07/2005; aprovado para publicação em 08/2005.
A comparação entre a negação da vontade e o ponto de ebulição da água foi sugerida por Schopenhauer a fim de esclarecer a transição da compaixão à ascese. Pois esta transição só acontece quando se atinge um determinado ponto, que revela a supressão completa do principium individuationis e torna possível a negação da vontade como um fenômeno independente do princípio de razão. O nosso objetivo é demonstrar como essa comparação contribui para o entendimento desse tema e quais são os limites que temos que atribuir a ela.
O gênio e o santo são figuras de destaque na filosofia de Schopenhauer, pois a elas é atribuída a capacidade de conhecer de um modo privilegiado, adquirida através de uma modificação na forma como os seres humanos usualmente conhecem. Essa forma de conhecimento se caracteriza por sua independência em relação ao princípio de razão suficiente, que acontece quando o intelecto se liberta do domínio da vontade. A liberdade intelectual pode proporcionar tanto a contemplação estética para o gênio quanto o quietivo da vontade para o santo. O nosso objetivo será mostrar que o quietivo possui um aspecto que o diferencia da contemplação, visto que somente ele caracteriza a negação da vontade de viver, pois esta, ao interromper a afirmação da vontade , promove simultaneamente a destruição do corpo, o qual é considerado o foco a partir do qual a vontade se afirma.
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