ste artigo apresenta a atividade dos camelôs (trabalhadores ambulantes) através da consideração de suas trajetórias profissionais e de seu cotidiano, como uma tentativa de compreensão das relações sociais que permeiam essa forma de trabalho e também da influência do contexto político e econômico atual do Brasil nesse setor da economia.Como ponto de partida, levantou-se a seguinte questão: seria o trabalho de camelô uma alternativa de trabalho entre outras possíveis ou a única saída para o desemprego? Para tanto, foram realizadas entrevistas com alguns desses trabalhadores, com enfoque na trajetória profissional de cada um, através do relato de suas histórias de vida. Dessa forma, houve a possibilidade de emergência de um rico material de análise que permitiu a observação e a elucidação da dinâmica da relação da pessoa com o trabalho e os recursos oferecidos pelo meio, envolvidos direta ou indiretamente em tal relação. Consideramos importante a observação da inter-relação entre a história pessoal dos depoentes e o contexto histórico que envolve o processo de constituição de suas identidades profissionais, a fim de obter um maior esclarecimento do desenvolvimento de uma trajetória profissional, culminando no trabalho de camelô, bem como os fatores econômicos presentes na atualidade.Primeiramente, deve-se dizer que a existência dessa forma de comércio nos grandes centros urbanos, bem como do comércio informal em geral, é bastante polêmica e complexa. Se, por um lado, o sistema informal é, em parte, promotor de desenvolvimento econômico, por outro, é também nesse setor que se concentram atividades marginais ao próprio sistema. Os camelôs, por exemplo, apesar de estarem fora do controle legislativo, são instrumentos da
A partir de memórias e experiências de militantes estudantis atuantes em diferentes épocas, este artigo reflete sobre a transformação do jovem em estudante e sobre o sentido político dessa passagem. Para o tema proposto, foi necessário fazer alguns apontamentos críticos sobre pesquisas atuais acerca da juventude, em especial naquilo que concerne às suas interpretações sobre a participação política dos jovens e às comparações que fazem entre diferentes épocas e contextos da política estudantil. Retomando obra clássica sobre o movimento estudantil, o texto aponta ainda a pertinência e atualidade do pensamento marxista para trazer à tona, em sua integridade, o sentido político da efervescência estudantil dos anos 1960. Para a discussão proposta, foi preciso também pontuar, ainda que de forma breve, transformações no ensino superior brasileiro, metamorfoses que sofreu e sofre no esteio das diferentes imposições do capital.
AGRADECIMENTOSAo amigo e companheiro Zeca, mais do que orientador, exemplo que levarei comigo durante todo meu percurso.À professora Ecléa Bosi, cuja co-orientação, conselhos e proximidade em momentos cruciais da pesquisa fizeram toda a diferença.À professora e militante Malu, pela militância dentro do IPUSP, pelas contribuições durante o exame de qualificação.Aos amigos Alexandra, Rafael, Duda, Mário, Luís e Fernando, desde longa data cúmplices, mesmo sem o saberem, das motivações originais desta pesquisa.Aos queridos amigos João e Cybelle, casal companheiro, que esteve e está comigo em todos os momentos.A Marquinho, Cássia e Bolinho, militantes da minha época, ontem companheiros de Executiva Nacional e hoje amigos tão presentes, apesar da distância. Aos militantes atuais do NAC (Núcleo de Ação pela Cidadania do IPUSP), do CAII(Centro Acadêmico Iara Iavelberg, dos estudantes do IPUSP), do DCE (Diretório Central dos Estudantes da USP) e do CONEP (Conselho Nacional de Entidades de Psicologia), pela persistência. Graças a vocês esta pesquisa tem algum sentido.Aos depoentes Luisão e Simone, amigos veteranos, que continuam militando. Militem sempre! Aos meus pais, Samir e Ción, e à minha irmã Papícia, pelo apoio, pelo amor e pela paciência com esse filho e irmão meio maluco.Aos meus queridos tios, Manolo e Alzira, com todo o amor que eles merecem. Muito obrigado pelo apoio em todas as horas que precisei.Aos meus também queridos tios e prima Nélson, Tânia e Alessandra, e à minha priminha Carol. Ela, tenho certeza, ainda vai ler esta dissertação -depois, é claro, do jardim de infância, da primeira série, etc.À Lygia, minha esposa e companheira. Obrigado pelo apoio, carinho, companheirismo, cuidado, amor... Bem, a dissertação já é grande, e se eu fosse falar tudo iam ser mais umas duzentas páginas... Obrigado por tudo e mais um pouco, Lyo! Ao falarmos dos sujeitos de uma pesquisa damos a sensação, pelo próprio termo, de um distanciamento; damos a impressão de que são desconhecidos, de que são pessoas que o pesquisador conhece apenas por ocasião dos contatos necessários para a própria pesquisa.Neste caso trata-se do inverso; os sujeitos desta pesquisa são meus antigos veteranos de movimento estudantil. Essa proximidade sujeitos foi essencial para a riqueza dos depoimentos.Sem me aprofundar nessa longa e tão aprofundada discussão acerca da distância entre pesquisador e pesquisados, e acerca das implicações deste distanciamento ou proximidade para a pesquisa, quero apenas apresentar os instantes finais da entrevista com Simone, que me parecem bastante ilustrativos a esse respeito. Hoje Luís é professor universitário, atende em consultório particular e faz parte de um grupo de psicólogos escolares que presta serviços a instituições educacionais. Realização dos depoimentosForam necessários alguns dias para que pesquisador e depoente completassem o percurso estabelecido pelo roteiro. A primeira entrevista (Simone) teve duração de cerca de oito horas, e a segunda (Luís) levou cerca de doze horas. Ambas foram gravadas em fit...
Resumo Este ensaio tem como base os trabalhos de Ecléa Bosi, com foco especial em suas contribuições metodológicas para a concepção e condução de pesquisas envolvendo entrevistas de memória social. Trata-se de leitura com objetivo de melhor compreender suas contribuições. Percorro seus textos e procuro fazer alguns apontamentos, tentando compartilhar com o leitor aquilo que aprendi sob sua orientação. Procurei sistematizar modestamente essas lições, entendendo que são contribuições atuais e preciosas não só para a Psicologia, mas para as demais ciências humanas e sociais. Por fim, procuro ressaltar a dimensão política e a atualidade de suas contribuições, estabelecendo interlocução entre seu ponto de vista, debates contemporâneos sobre a experiência do tempo, e formas de resistências sociais ancoradas na memória e nas tradições dos oprimidos.
Resumo Este relato descreve a assessoria sindical em Psicologia Social do Trabalho e em Saúde do Trabalhador junto a funcionários/as da Unidade de Manutenção de uma universidade pública brasileira. Após uma greve por melhorias nas condições de trabalho e por medidas de combate ao assédio moral, foi formado um grupo de trabalhadores e pesquisadores (estudantes de graduação, de pós-graduação, pesquisadores de pós-doutoramento e docentes) que desenvolveu um projeto nos moldes de uma pesquisa-intervenção participativa. Ao longo de mais de dois anos, foram desenvolvidas as seguintes atividades: participação dos pesquisadores nas reuniões organizadas pelos trabalhadores; visitas aos locais de trabalho; fomento das discussões sobre assédio moral, condições e organização do trabalho; realização de entrevistas individuais e em grupo; atendimentos clínicos. Essas atividades permitiram intervir na formação, no acolhimento ao sofrimento relacionado às situações de violência, no resgate do valor do trabalho e dos saberes dos trabalhadores. Foi possível reconhecer que as instabilidades e as precariedades do trabalho têm sido fonte de sofrimento e de conflitos. Constatamos que os trabalhadores são portadores de rico saber sobre a universidade, sobre o seu próprio trabalho e sobre as mudanças em curso, bem como sobre as consequências do acelerado avanço da terceirização e do desmonte de diversos setores da universidade.
Este artigo é fruto de investigações iniciadas durante pesquisa de mestrado orientada metodologicamente pelos trabalhos de Ecléa Bosi e José Moura Gonçalves Filho, enfocando memórias de militantes estudantis. Um dos temas lembrados com maior destaque foi a relação entre Psicologia e ideologia. Durante a graduação, espaços e interesses da militância universitária por vezes estabeleceram radical antagonismo frente às aulas e mesmo a colegas e professores; outras vezes, militância e Psicologia foram combinadas na experiência e prática políticas. Através da memória de militantes estudantis, da análise de suas trajetórias desde o ingresso na universidade até os primeiros anos depois de formados, pretendemos melhor compreender as angústias daqueles que procuram integrar práticas profissionais e compromisso social. Pretendemos contribuir, assim, para a reflexão acerca da formação do psicólogo, atinando para o que nela representa convite ao pensamento crítico e à ação transformadora ou que, pelo contrário, induz à legitimação das desigualdades sociais.
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