Moita Lopes (2013) e Kleiman (2013) ressaltam a necessidade de abrirmos espaço na Linguística Aplicada (LA) para aqueles indivíduos constituídos em práticas sócio-históricas com menor visibilidade, enquanto ato político ao tematizar realidades ainda marginalizadas na contemporaneidade. Essa mesma necessidade é reconhecida por Medrado e Celani (2017) no que se refere à educação de pessoas com deficiência, ao apontarem que a Linguística Aplicada está sendo convocada para tecer diálogos com a inclusão educacional. Nesse panorama, enquanto linguistas aplicados, buscamos atender essa necessidade refletindo acerca dos processos inclusivos, com foco no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em uma Sala de Recursos Multifuncionais (SRM). De modo mais específico, objetivamos compreender as vozes e os elementos envolvidos no trabalho de uma professora que atua na SRM de uma escola regular da rede pública de ensino, localizada no município de João Pessoa, Brasil. Analisamos qualitativamente a fala da professora que, por meio de uma entrevista, reflete sobre seu fazer educacional no AEE. Para essa discussão, utilizaremos noções advindas das Ciências do Trabalho (CLOT, 2010) e pressupostos teóricos e metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999; MACHADO, 2007), destacando as vozes e os elementos que afetam e constituem o trabalho educacional da nossa colaboradora. O texto produzido pela professora na entrevista evoca um coro de vozes (BRONCKART, 1999) que dialogam entre si, diminuindo e aumentando sua potência de agir (SPINOZA, 2014 [1677]). Além disso, a professora avalia o seu lugar e o lugar social da sala de recursos dentro da escola, destacando a importância desse espaço para o desenvolvimento dos alunos com deficiência, mas também pontuando sua desvalorização, visto que muitos dos que fazem parte do coletivo de trabalho interpretam-no como um lugar de descanso para os alunos e para a professora e não como um ambiente potencial para aprendizagens.
O objetivo deste estudo é investigar o trabalho do transcritor de texto em braille, com base nos pressupostos teóricos da Semântica do Agir (BRONCKART; MACHADO, 2004). O corpus é constituído por entrevistas individuais realizadas com duas transcritoras, atuantes em um Centro Público de Produção de Material Didático Braille, localizado no Estado da Paraíba, Brasil. A partir da análise qualitativa dos dados, percebemos que as transcritoras representam sua prática explicitando, de maneira mais recorrente, os determinantes externos para o agir. Há, portanto, uma ênfase no coletivo do trabalho do transcritor, o qual se traduz ao mesmo tempo como fonte de desenvolvimento e de impedimento para a ação das nossas colaboradoras.
No Brasil, assim como em muitos países no mundo, escolas foram fechadas como parte das medidas de prevenção da COVID-19. Nesse cenário, muitas escolas adotaram o ensino remoto de emergência (HODGES et al., 2020) e os professores e alunos precisaram se adaptar ao ensino online. No campo da Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2015) e levando em consideração esses aspectos, esta pesquisa tem como principal objetivo investigar como dois professores de língua inglesa compreendem o trabalho com o lúdico no ensino remoto. Para tanto, utilizamos como suporte teórico os estudos recentes acerca do ensino remoto (ARRUDA, 2020; CORDEIRO, 2020; HODGES et al., 2020) e sobre ludicidade e educação (NOGUEIRA 2008; SANTOS, 2010; e SILVA; FANTINELLI, 2019). Os dados foram gerados por meio de entrevistas - via aplicativo de WhatsApp - com dois professores de língua inglesa que atuam em escolas públicas de Alagoas, Brasil. A análise qualitativa evidencia os desafios e aprendizagens que os professores experienciaram com a utilização do lúdico no ensino remoto, durante a pandemia da COVID-19. As implicações são apresentadas no campo da formação docente, com a adoção de saberes sobre tecnologias digitais e ensino online.
As discussões acerca da avaliação escolar é algo que há muito tempo perpassa os estudos sobre trabalho docente no Brasil (LUCKESI, 2000; HOFFMANN, 2001). Essas discussões ganham novas cores com o processo de inclusão escolar, em que começamos a tecer reflexões sobre práticas avaliativas com alunos com deficiência na escola regular (BRASIL, 2006; TEIXEIRA e NUNES, 2014). Assim, este artigo, fundamentando-se na perspectiva histórico-cultural de Vygotsky (1993[1945]), objetiva discutir como uma professora de língua inglesa compreende o processo de avaliação com um aluno com deficiência múltipla (DM). A professora evidencia especificidades envolvidas nas práticas avaliativas com seu aluno com DM e, também, a necessidade de acreditarmos que o ensino de inglês para esses alunos é possível.
Diante da inclusão de alunos com deficiência nas escolas regulares, uma formação docente na perspectiva da inclusão educacional (MEDRADO, 2014; TONELLI, 2015; CRISTOVÃO; RETORTA, 2017) se apresenta como necessidade urgente por parte de professores, os quais argumentam que ainda não estão preparados para trabalhar com esses alunos. No contexto dessa discussão, e tomando por base as noções de artefato/ferramenta das Ciências do Trabalho (CLOT, 2006; AMIGUES, 2004), assim como a perspectiva auto-heteroecoformadora (PINEAU, 1988; FREIRE e LEFFA, 2013), objetivamos discutir a relevância de uma ferramenta tecnológica – o Braille Virtual - como um caminho para a (re/co)construção das práticas pedagógicas em salas de aulas inclusivas. Para tanto, analisamos as vozes de professores que, ao serem apresentados ao Braille Virtual, avaliam como o acesso à ferramenta serviu para a criação de um espaço de acessibilidade formativa, possibilitando ressignificação do trabalho docente na perspectiva da inclusão de alunos com deficiência visual.
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