Os rios e lagos recebem despejos poluentes, nem sempre diluídos ou degradados. A deterioração da qualidade da água e sua escassez em grandes centros urbanos resultam da alta densidade populacional, da ocupação irregular do solo, do uso indiscriminado e do despejo de contaminantes. As investigações sobre a ocorrência de substâncias químicas no meio ambiente iniciaram com foco nos metais pesados e, recentemente, nos fármacos. Estas substâncias são inseridas no ambiente após sua excreção pelos pacientes podendo persistir no meio após tratamento. No Brasil, o problema é agravado porque a maioria dos serviços de saúde não realiza tratamento prévio em seus efluentes, lançando os despejos na rede de esgotos. Se o município não coletar e tratar todo o esgoto produzido, se a vazão da rede for insuficiente para diluir estes despejos e se não houver uma eliminação no tratamento, os fármacos podem alcançar as águas de superfície. Este estudo compara a evolução das populações, da coleta de esgoto e do número de pacientes oncológicos atendidos pelo SUS em 30 municípios da Região Sul do Brasil com os dados do único município onde foi detectada a presença de fármacos oncológicos no país. Como variável referente ao saneamento, utilizou-se o índice de atendimento de esgoto. Como variável demográfica, a população residente nos municípios. Como variável de consumo de fármacos, o total de atendimentos oncológicos. Os resultados permitem uma avaliação preliminar da influência da evolução do saneamento, do componente demográfico e do número de pacientes atendidos pelo SUS na inserção de resíduos de fármacos oncológicos no ambiente, demostrando um descompasso entre a evolução do saneamento e o acesso à saúde. A evolução dos indicadores de atendimento demonstra a melhoria do acesso à saúde, e de desenvolvimento social, porém, a inserção de fármacos no ambiente devido à deficiências no saneamento demonstra um atraso ambiental.
O conceito associado à gestão ambiental passou por transformações nos últimos anos e atualmente as questões envolvendo a gestão ambiental tornaram-se um fator indispensável nas tomadas de decisões das organizações. No entanto, o setor hospitalar demonstra que, apesar dos esforços e investimentos no aprimoramento de profissionais, procedimentos e equipamentos, pouco tem sido realizado para controlar o impacto ambiental das atividades de suas unidades. A principal consequência é que os resíduos de fármacos têm sido detectados no meio ambiente e podem se configurar como potenciais causadores de impactos ambientais. Dentre os fármacos, os medicamentos antineoplásicos, devido a seu caráter citotóxico e mutagênico e o aumento da sua utilização no tratamento do câncer, têm sido classificados como micropoluentes orgânicos emergentes. O presente estudo visa analisar por meio de que forma o consumo de medicamentos antineoplásicos numa unidade quimioterápica pode contribuir para a geração de impactos ambientais associados a hospitais. O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso por meio de uma observação participante de junho a novembro de 2013, além disso, com base na literatura buscou-se estabelecer a porcentagem de fármaco excretada de forma inalterada, as concentrações presentes em efluentes hospitalares, a biodegrabilidade e perfil ecotoxicologico. Os resultados obtidos apontam que não há a predominância de consumo de um único medicamento sobre os demais, além do fato de que estes medicamentos são excretados de forma inalterada pelo organismo, estão presentes em efluentes hospitalares em concentrações variadas e são potencialmente tóxicos para os organismos aquáticos.
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