Objetivou-se analisar o efeito da religião na formação social de jovens do ensino médio das escolas de Santa Teresa, ES. A pesquisa foi feita com jovens entre 14 e 18 anos e nas igrejas católica, evangélica e espírita, do município. Foi feito entrevistas com os lideres religiosos, utilizando-se questionários, para conhecer princípios, problemas vivenciados, atuação, mudanças presenciadas, contribuição e participação na formação dos jovens, e nas escolas com alunos regularmente matriculados. A partir dos dados coletados, podemos considerar como de “altíssima” influência que a igreja possui na formação social dos jovens das escolas de ensino médio do município de Santa Teresa, como podemos considerar como “alta” a aceitação de que todas as linhas religiosas influenciam na formação social dos jovens.
Após a Reforma do século XVI, o fenômeno religioso protestante começou a se formar e estava diretamente conectado com a cultura circundante. Nessa formação, buscou primeiramente pautar sua identidade de forma apologética em contraposição ao catolicismo por meio de diatribes, catecismos, declarações e confissões de fé. A luta doutrinária se mesclava com as estratégias políticas com enormes repercussões também na economia e no cotidiano da vida pública e privada. Após a primeira geração, já no século XVII, surgiriam outros desafios e objetivos que ajudaram a forjar um estilo próprio de se vivenciar o cristianismo em diálogo com os novos tempos. A modernidade demandou novos posicionamentos religiosos e éticos. Juntamente com setores progressistas do catolicismo e da sociedade em geral, o ethos protestante participou na fixação de valores que resultaram em conquistas importantes para a gênese das sociedades modernas. As novas possibilidades da teologia protestante, que agora se abria ao diálogo com o mundo das letras e da ciência, produziu um enorme contingente de novos personagens em diversas áreas do conhecimento que foram fundamentais em questões como a nova educação, a superação da escravidão, melhora das condições laborais, ecumenismo etc. O protestantismo, não obstante seus muitos equívocos, tornou-se uma alternativa legítima dentro do cristianismo.
A liberdade como conquista ocidental, tem suas raízes na Reforma Protestante, que segundo John Rawls, foi um acontecimento que gerou uma cultura de pluralismo, quebrando uma hegemonia medieval e abrindo as possibilidades de uma cultura de liberdade, como parte da construção de uma sociedade mais justa. As posições liberais de Rawls revelam a articulação entre a laicidade do Estado e a consideração de posições morais, religiosas e filosóficas como parte da construção da nova sociedade democrática com ênfase tanto na tolerância quanto no pluralismo e por isso mesmo de um equilíbrio entre o espírito liberal de proteção da res publica e as ações de índole privada.
Precisamente neste ano de 2019, que nós celebramos o jubileu da publicação da obra A Theology of Human Hope de Rubem Alves (1933-2014), fruto de uma tese de doutoramento defendida no ano anterior por ele no Princeton Theological Seminary. Seu título original era Towards a Theology of Liberation, que foi mudado por questões editoriais. Pouco conhecido, entretanto, foi seu primeiro trabalho acadêmico – dissertação de mestrado defendida em 1964 no Union Theological Seminary (New York) – A Theological Interpretation of the Meaning of the Revolution in Brazil. Rubem Alves, muito influenciado por Richard Shaull, e indiretamente por teólogos como: Barth, Rauschenbush, Bonhoeffer, Niebuhr, Cox, pelo testemunho missionário de Albert Schweitzer e pelas reflexões de Paulo Freire e da ISAL, como também pelos resultados da Conferência do Nordeste (1962) conseguiu amalgamar esta nova teologia protestante, sendo o pioneiro protestante a utilizar as expressões “revolução” (1963) e “libertação” (1968) em trabalhos acadêmicos de cunho religioso, alterando permanentemente a vocação da teologia no Brasil. Para além dessa celebração, a pesquisa de mestrado de Rubem Alves indicava a emergência de um novo movimento na Teologia latino-americana, muito embora ele não possa ser nomeado como um teólogo da libertação stricto sensu, suas ideias teológicas sobre a revolução foram um tipo de preâmbulo ao que viria na sequência.
O Brasil de hoje, sem entrar em juízo de valor, é um espaço de “Inundação religiosa”; é o que perguntava, anos atrás, o teólogo jesuíta João B. Libânio: “Que atitude crítica a fé cristã, de corte libertador, estabelece com essa inundação religiosa?”. Por isso, desde a década de 1980, os estudos de religião tornaram-se campo de pesquisa e produção acadêmicas, tanto na graduação quanto na pós-gradução, presentes em todas as regiões do país. Simultaneamente, a tradição teológica brasileira que em sua totalidade filiava-se a uma ou outra confessionalidade religiosa (católica ou protestante), oferecendo cursos livres, inicia o seu percurso na busca de autorização e reconhecimento da academia, junto a universidades públicas ou mesmo comunitárias e confessionais, muito embora ainda ficasse, durante anos, sob a tutela da filosofia, portanto, sem um status de maioridade.
O segmento luterano deu início histórico ao Protestantismo, articulando com muito vigor uma rica relação entre piedade individual e pensamento teológico. Enfrentou com ousadia a instituição eclesiástica medieval construindo sua identidade por meio da tradução da Bíblia para a língua alemã, de comentários exegéticos dos livros bíblicos, de confissões de fé, debates, diatribes, tratados, pregações, música congregacional. Antes de tudo, desejava comunicar o Evangelho a seu povo. Construiu uma espiritualidade a partir da Bíblia, como que reagindo criticamente à cristandade e ao patrimônio da tradição, afirmando a primazia da revelação nas Escrituras, a salvação pela graça divina por meio da fé e a singularidade de Cristo em todo o processo soteriológico. Consequentemente, se envolveu em polêmicas teológicas e doutrinárias com a Igreja Católica, detentora da cultura; posicionou-se contra os protestantes radicais, experimentou um enrijecimento dogmático – ortodoxia protestante – na busca de equilíbrio e a subsequente renovação de sua espiritualidade em posturas pietistas moderadas ou extremas. Por um lado, contribuiu para a modernidade, por outro, reafirmou posições teológicas e espirituais dos antigos e medievais.
O ambiente cultural – semiosfera – como lugar da comunicação de textos torna-se a base da linguagem. Cultura e linguagem são elementos da semiótica que inclusive possibilitam a produção de novos textos com funções de comunicação, sentido e memória cultural. A pesquisa semiótica foi ricamente desenvolvida em vários centros universitários da Rússia na década de 1960 em diante. Iuri Lótman foi um aglutinador e promotor destas reflexões que hoje estão presentes em praticamente todas as universidades e centros acadêmicos do mundo. Tal dinâmica pode ser observada igualmente em ambientes do judaísmo e cristianismo. Um bom exemplo é a abordagem semiótica do “Mito dos Vigilantes” presente no livro de Enoque e sua relação com o cristianismo nascente em diversos textos neotestamentários.
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