O objetivo deste artigo é discutir o conceito de incerteza através da reconstituição das formas como o mesmo aparece nas versões de Knight, Keynes, Shackle e Davidson. O artigo procura se concentrar nas peculiaridades de cada uma destas abordagens da noção de incerteza. É indubitável que as teorias da incerteza destes autores apresentam paralelismo e afinidades significativas. Ainda que estes vários tratamentos comunguem de uma ênfase na diferença conceitual entre risco (probabilístico) e incerteza, assim como no aspecto da não mensurabilidade, suas abordagens e realces na conceituação da incerteza são distintos. Diante disso, o artigo compara e contrasta estas análises, concentrando-se nos aspectos que lhe são únicos e singulares. Foi a partir da visão "clássica" de incerteza de Knight, Keynes, Shackle e Davidson que se pode construir a hoje já consolidada visão "moderna" do "princípio da incerteza", irreversivelmente enraizada em boa parte do pensamento econômico heterodoxo.
O artigo discute os determinantes da taxa de câmbio em uma economia monetária periférica, com base em uma perspectiva teórica centrada na economia política keynesiana. Para tal, analisam-se inicialmente as propriedades essenciais de uma economia monetária aberta e, na sequência, apresentam-se as proposições básicas da visão pós-keynesiana da determinação da taxa de câmbio, desenvolvida principalmente por John Harvey, o qual, no entanto, não discute as causas específicas do comportamento da taxa de câmbio em economias periféricas "emergentes". Por fim, após reexaminar a ideia de "condição periférica", o texto discute as peculiaridades históricas e institucionais associadas ao modo de inserção das economias periféricas no sistema monetário e financeiro internacional moderno.
RESUMO Este artigo aborda o que chamo de keynesianismo filosófico, mapeando suas origens históricas e analíticas e apontando suas perspectivas como uma referência alternativa. Seu surgimento histórico está relacionado a alguns resultados de pesquisas teóricas e metodológicas da escola pós-keynesiana de pensamento econômico. Uma suposição é feita sobre o lugar apropriado que o keynesianismo filosófico terá no futuro, pois seu escopo de investigação está se tornando muito mais abrangente e inclusivo do que a escola econômica que o gerou. O artigo revisa algumas das principais contribuições desse novo campo de investigação, como os livros de Carabelli, O’Donnell e Davis. Ele também procura reforçar o caso de que, como é bastante claro na abordagem de Keynes à teorização econômica, a economia deve ser vista como uma ciência moral e sócio-histórica, e não como uma ciência natural, e que um estudo mais realista e relevante da economia fenômenos devem ser baseados em algum tipo de pesquisa interdisciplinar.
A master in the periphery of capitalism. Maria da Conceição Tavares is an eminent figure in Brazilian economic thought, especially in heterodox circles. She has tackled various issues, such as underdevelopment, from the perspective of a "critique of political economy". The purpose of this article is to identify the main theoretical references, as well as the methodological stance, in Tavares's works, by revisiting the author's critical dialogue with some strands of Political Economy. Although Tavares's work sets up a dialogue with various economists, the paper will focus on her interpretation of Marx, Keynes and Kalecki, whose ideas are of utmost importance for the construction of her analytical framework
RESUMO O presente artigo dedica-se ao exame de algumas das principais interpretações de inspiração marxista acerca da Grande Recessão que se apresentam publicadas sob a forma de livros. Do amplo conjunto de publicações sobre o tema, as seguintes obras foram analisadas: The Great Financial Crisis, de John Bellamy Foster e Fred Magdoff (2009); The Enigma of Capital, de David Harvey (2011), publicada originalmente em 2010; The Crisis of Neoliberalism, de Gérard Duménil e Dominique Lévy (2011); e The Failure of Capitalist Production, de Andrew Kliman (2012). Argumenta-se que o debate marxista em torno das causas últimas da Grande Recessão pode ser sistematizado a partir da seguinte clivagem: 1) de um lado, os autores que atribuem a turbulência à forma política/econômica/institucional específica assumida pelo sistema capitalista ao longo das últimas décadas; 2) de outro, aqueles que interpretam a crise recente como uma manifestação própria da dinâmica capitalista em geral - e não do modo particular que esta supostamente apresenta. Enquanto Foster e Magdoff (2009), Harvey (2011) e Duménil e Lévy (2011) compõem o primeiro grupo, Kliman (2012) pode ser visto como representante da segunda vertente.
Reflete sobre alteração (revisão, atualização e avanço) na legislação eleitoral brasileira, especialmente na Lei nº 9.504/1997, e, especificamente, sobre diversidade étnico-racial e acessibilidade na propaganda eleitoral. Apresenta apontamentos resultantes de estudos, debates e propostas em torno de dois subtemas do Eixo Propaganda Eleitoral, desenvolvidos em grupos de trabalho da segunda fase da Sistematização das Normas Eleitorais, organizado pelo Tribunal Superior Eleitoral, nos anos de 2020 e 2021. O objetivo foi elaborar sugestões que possam contribuir para sistematização, alteração e atualização das normas eleitorais, em processos de debate em curso no Judiciário e no Legislativo brasileiros, sobretudo para as eleições de 2022. Os principais aspectos abordados foram: a importância do debate e da propaganda para as eleições e a democracia; as desigualdades no acesso e acessibilidade à propaganda eleitoral; as propostas de alteração da legislação sobre propaganda eleitoral opostas com potencial de contribuir para acessibilidade e diminuição das desigualdades nas eleições e, consequentemente, na cidadania e na democracia.
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