A proposta deste trabalho está relacionada ao alargamento da compreensão da identidade literária de Bruno de Menezes, considerando-o, também, um etnógrafo da Amazônia paraense. Como um múltiplo ser social, Bruno, por suas experiências, soube traduzir, em diferentes composições, olhares diversos do cotidiano espacial, temporal e cultural das pessoas paraenses. Para materializar tal perspectiva, o presente artigo enfoca por meio de uma etnografia nos documentos/arquivos, a constituição e o conteúdo intercultural da obra Boi Bumbá: Auto Popular. Bruno traz à discussão questões relacionadas às culturas negras, indígenas e europeias em simbiose, todas com presença marcante na manifestação do bumbá. Sob esta ótica, vale ressaltar a importância da Antropologia, Literatura, História, Estudos Culturais e Pós-coloniais, para uma análise das relações sociais e interculturais existentes na composição do boi bumbá e, também, para o adensamento de uma revisão acerca dos fazerem antropológico e etnográfico na cidade de Belém, sob a pena da experiência imaginação artística e literária de Bruno de Menezes.
Tomando Belém como cenário principal para o contexto deste trabalho, tem-se, com o apogeu da comercialização da borracha e a criação do Museu Paraense, um incremento científico na região, que almejava ser a Paris na Amazônia. Neste período, Belém vai do ápice à crise da comercialização da goma elástica, turbulências sociais tornam-se mais frequentes e as desigualdades latentes. Este contexto não passa impune ao olhar de Bruno de Menezes. O intelectual se vale da sua escrita, artística e politicamente engajada, para desvelar e se opor ante as diferenças sociais. Uma escrita de rexistência que, assim como a ciência antropológica no mesmo período, busca dirimir as discrepâncias existentes no cotidiano das sociedades amazônicas. Desta maneira, a presente pesquisa intenta relacionar os caminhos da ciência antropológica com os de Bruno de Menezes para incluir o nome do intelectual belenense enquanto figura importante para a consolidação de um fazer antropológico na/da Amazônia.
No presente artigo, intentamos, além de trazer reflexões que estabelecem o diálogo entre a Antropologia e a Literatura, relacionar dois contextos que nos parecem bastante pertinentes no que diz respeito a certos olhares acerca da manifestação do batuque africano, trazendo à tona, para além do olhar de Bruno de Menezes, materializado em seu livro de poemas intitulado Batuque, observações de intelectuais portugueses acerca da referida manifestação cultural. Tal ideia é fruto do estágio de doutoramento na cidade de Lisboa, em Portugal, sob a orientação do professor João Leal, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, realizado entre os meses de abril e julho de 2017.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.