A questão da irregularidade fundiária de habitantes citadinos não é um fenômeno recente, provém de séculos de segregação e expulsão das populações de baixa renda das áreas centrais e valorizadas nas cidades para a sua periferia e áreas vazias, dado o processo de expansão e transformação espacial dos centros urbanos através da ação dos poderes públicos e políticas progressistas concebendo situações de déficit habitacional e especulação imobiliária (ALFONSIN, 2000). A irregularidade das habitações foi tema de diversos estudos no âmbito das Ciências Sociais no Brasil.Pesquisas estas que abordam diversas questões entre as quais cito o tema das vilas em processo de remoção. Em Porto Alegre destaco os estudos antropológicos de José Carlos Dos Anjos (1993) e Maria Helena Sant’Ana (1997). A situação das vilas em processo de regularização ou recém regularizadas foram estudadas, sobretudo pela Sociologia onde destaca-se nesse caso o trabalho de Marcelo Kunrath Silva (2002) sobre a experiência da Vila Jardim. A regularização fundiária, seus instrumentos e experiências em cidades brasileiras são referenciados sobretudo por Betania Alfonsin (1997 e 2000). Tendo em vista a minha participação como bolsista do projeto “Regularização Fundiária: uma questão de cidadania”, implementado através do convênio entre a UFRGS e a Defensoria Pública Estadual, no qual se busca abordar através de diversas áreas de conhecimento a questão da ocupação dos espaços urbanos e da regularização fundiária urbana em áreas irregulares do município de Porto Alegre, localizadas, na sua maioria, na periferia da cidade, buscou-se realizar um trabalho de cunho antropológico visando conhecer o cotidiano, ou as “práticas cotidianas” , como nos diz Michel de Certeau (1994), das pessoas que vivem em áreas irregulares. Dinâmicas culturais, que ainda que influenciadas pela cultura hegemônica, são diferenciadas, e que necessitam ser estudadas. Esta pesquisa busca iluminar essas práticas do “fundo noturno” em que se encontram na atividade social, através do estudo da situação dessa população, assim como do processo de luta pela regularização e pela melhoria das condições dessas áreas.
A obra de Ariel Gravano chama a atenção para a recorrência da noção de bairro no plano das signifi cações, práticas e discursos de profi ssionais e leigos sobre os chamados "problemas urbanos". A proposta do autor parte da exploração do bairro não apenas como paisagem urbana, cenário de acontecimentos, mas como espaço simbólico e ideológico, que adquire e constrói valores e como referente de identidades sociais urbanas, o que ele denomina "barrial".Dentro de uma perspectiva antropológica, somos levados ao universo dos bairros de Buenos Aires e região metropolitana. A abordagem apresentada pelo autor se apoia nos conceitos de imaginário e identidade social que, entendidos em uma relação dialética, dariam conta da relação entre os condicionamentos contextuais gerados e detectados do exterior dos grupos urbanos (atribuição por marcas externas, relações sociais objetivas e processos de segregação urbana) e os produzidos dentro desses mesmos grupos (autoatribuição, representações, interação e manipulação simbólicas).Metodologicamente, o autor busca cruzar os sentidos obtidos pela análi-se dos discursos dos habitantes de Buenos Aires, coletados em encontros etnográfi cos, com os discursos produzidos por instituições governamentais, meios de comunicação e trabalhos acadêmicos, procurando desvendar como são construídas e alimentadas associações, identidades e tradições aos bairros.O livro é composto de três grandes partes: na primeira o autor aponta para a categoria bairro através de suas marcas externas, suas características estruturais e históricas. Apresenta um panorama de como o bairro adquire valores ideológico-simbólicos na vida cotidiana dos habitantes citadinos através de processos gerados e detectados do exterior dos grupos sociais.* Doutorando em Antropologia Social.
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