Neste artigo apresentamos e desdobramos um procedimento de entrevista que busca romper com uma posição de exterioridade em entrevistas de pesquisas em psicologia. Com o objetivo de agir em discursos que oferecem à loucura o trato de um evento individual e psicológico, e tomando a vida e a obra de Robert Schumann como ampliadora do campo de reflexão sobre a relação entre música e loucura, realizamos entrevistas com seis intérpretes da obra do compositor, de modo a compreender o atravessamento da vivência/experiência desses músicos com a produção do autor e com o tema da loucura. Neste procedimento de entrevista, que nomeamos encontro-entrevista, a dimensão de experiência é acolhida, realçada e explorada, fazendo operar no encontro a tragicidade intrínseca à relação música-loucura. Para sustentar a potência transgressiva de tal relação, criamos um percurso narrativo especificamente para este artigo, estratégia que utilizamos para evitar que o objeto da pesquisa fosse capturado em um campo de determinações inequívocas e representacionais. Por fim, apontamos que os encontros-entrevistas, ao comporem acordos polifônicos entre elementos heterogêneos, evidenciam que, no procedimento da entrevista, a forma de conhecer é indissociável à experiência em que o dito se constitui.
Neste artigo, os autores investigam uma série de tensões notáveis pela presença do termo “primitivo” como um enunciado na origem da psicologia das artes no Brasil. A exploração dos significados relacionados a esse termo e palavras correlatas (tal como “primitivismo”) permite-nos mapear as marcas da dominação colonial, a crítica e possibilidades de superação. Nossa base histórica foram alguns textos escritos por importantes autores, os quais tornaram-se referências fundamentais para o campo acadêmico da psicologia das artes no Brasil. O estudo da conceituação então elaborada possibilita os pesquisadores compreenderem o primitivismo como um problema acadêmico e como uma sombra a cobrir as origens tanto da psicologia da arte quanto da psicologia social. A interpretação daqueles escritos permite identificar enunciados que articulam a abordagem psicológica de objetos estéticos produzidos pelas classes populares e a invenção de algumas categorias discursivas coerentes. Como resultado, esperamos evidenciar a própria genealogia da psicologia da arte brasileira, a qual foi construída a partir de fundamentos ambíguos, estes articulados à dominação colonial e seus reflexos históricos e políticos no discurso científico. Concluímos pontuando a relevância do mapeamento e reflexão acerca da presença de tais ambiguidades na abordagem científica da produção estética de diferentes grupos sociais subalternos, historicamente invisíveis e representados em termos de minorias.
In this doctoral monograph, I present a phenomenological reading of the intertwining between aesthetic experience and intersubjective relationships established in the Traditional Japanese Tattooing practice in Brazil. In order to explore the practice, I carried out a research that combined ethnography with the artistic life history method. The results are presented in three chapters. In the first chapter, I introduce the targeted field of problems, in which the themes of the body, image and tattoo are found, followed by the research objectives and the chosen methodology. In the second chapter, I present the social history of the practice of traditional Japanese Tattooing, followed by its incorporation into urban tattooing world. In the third chapter, I present the results of the research, exploring the aesthetic experience and the intersubjective relationships involved in the practice of Traditional Japanese Tattooing in Brazil. I hope, with this work, to contribute to studies on tattooing in human sciences, as well as to contribute to the rich and current debate about cultural hybridity.
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