RESUMO: Este artigo apresenta o movimento construcionista como uma perspectiva crítica em Psicologia Social que propõe compreender os processos de institucionalização que tornaram certos acontecimentos essencializados. Para tanto, enfoca o estudo das práticas discursivas, considerando a linguagem como prática que provoca efeitos. Essa perspectiva possibilita estudos que focalizam acontecimentos na interface entre os usos da linguagem e as condições de sua produção e veiculação. O movimento indica que é necessário direcionar pesquisas para os regimes de verdade que as práticas discursivas sustentam ou rompem e, também, para as relações de poder que controlam, selecionam e organizam os enunciados. PALAVRAS-CHAVE: Construcionismo; práticas discursivas; linguagem; Psicologia Social. CONSTRUCTIONISM, DISCURSIVE PRACTICES AND POSSIBILITIES OF RESEARCH IN SOCIAL PSYCHOLOGYABSTRACT: This paper presents the constructionist movement as a critical perspective in Social Psychology, which proposes to understand and explain the processes of institutionalization that have made certain facts essentialized. For such, it focuses on the study of discursive practices, regarding language practice as a cause of effects. This language perspective makes research possible that focuses happenings in the interface between the uses of language and the conditions of its production and propagation. The movement indicates the need to redirect research to the regimes of truth that the discursive practices sustain or break and, also, for the relations of power that control, select and organize enunciations. KEYWORDS: Constructionism; discursive practices; language; Social Psychology.Considerando a diversidade teórica e metodológica que perpassa os diferentes campos de atuação em Psicologia Social, este trabalho pretende situar uma perspectiva que tem adquirido intensa visibilidade desde as últimas déca-das do século XX: o construcionismo. Sendo um movimento que se configura em um momento onde fervilham estudos sobre a linguagem, o construcionismo traz importantes contribuições aos questionamentos feitos à tradição que considerava a linguagem como possível de representar a "realidade".1 Dessa forma, é uma perspectiva que se opõe às vertentes representacionistas e ajuda a delinear novas formas de investigação a partir de um ponto de vista pragmático da linguagem. Para os pesquisadores que embasam seus estudos nesta postura, linguagem é uma forma de ação no mundo, é uma prática. Desse modo, é possível articular a noção de práticas discursivas às produções que se realizam na academia e no cotidiano, entendendo-as sempre como efeitos de negociações. A Linguagem em FocoNo decorrer das décadas de 70 e 80, alguns estudiosos começaram a adotar a expressão "giro lingüístico" para designar a progressiva atenção que foi dedicada à linguagem nas ciências humanas e sociais no decorrer do século XX. Esta crescente relevância da linguagem favoreceu uma nova concepção de "realidade", assim como a emergência de novos conceitos acerca da natureza do conhecimento,...
Partindo do pressuposto que risco é um conceito central na sociedade contemporânea, este estudo teve por objetivo entender o papel da mídia na circulação e consolidação da linguagem dos riscos.O risco é, talvez, inerente à vida: viver, diz o ditado, é um risco. Entretanto, o sentido que lhe é dado está implicitamente vinculado ao contexto histórico em que os vários riscos se concretizam. É de especial interesse a progressiva expansão das fronteiras espaciais e temporais que fazem com que os riscos possam ser percebidos para além das subjetividades individuais, para além das fronteiras territoriais e até mesmo para além das fronteiras planetárias. São essas transformações, intrinsecamente associadas aos avanços das tecnologias de comunicação, que possibilitam afirmar que estamos vivendo uma transição que nos leva do risco como fenômeno focal da Resumo Partindo do pressuposto que risco é um conceito central na sociedade contemporânea, este estudo teve por objetivo entender o papel da mídia na circulação e consolidação da linguagem dos riscos. Tendo por base estudos anteriores, optou-se por trabalhar com um único jornal, a Folha de S. Paulo, sendo adotados três procedimentos de pesquisa: 1) mapeamento da diversidade de termos utilizados para falar sobre a possibilidade de ocorrência de eventos concebidos como ocasião para ganho ou perda; 2) análise diacrônica de uma amostra representativa de matérias com a palavra risco no título (1921 e 1998); 3) análise do uso da linguagem de risco por área temática (CD-Rom Folha, 1994. Os resultados sugerem que o uso da linguagem dos riscos na mídia é recente e diversificado, apoiando-se ora na linguagem formal do cálculo de risco, ora no uso metafórico do termo, para falar de desordem na sociedade contemporânea. Palavras-chave: Linguagem dos riscos; produção de sentidos; mídia; modernidade reflexivaDanger, Probability and Opportunity: The Language of Risks in the Media Abstract Based on the assumption that risk is a central concept in contemporary society, the study aims to understand the role of the media in the circulation and consolidation of the language of risks. The Folha de S. Paulo, a major Brazilian newspaper, was used as a source of data. Research procedures involved: 1) mapping the diversity of terms used for talking about the possibility of occurrence of events seen as occasions for loss or gain; 2) diachronic analysis of a representative sample of news-items with the word risk on the title ; 3) analysis of the use of the language of risks by subject area (CD-Rom Folha, 1994. The results suggest that the use of the language of risks in the media is recent and diversified with emphasis on both, the formal language of risk calculations and its metaphoric use for talking about disorder in contemporary society.
RESUMOManeiras de viver, muitas vezes, são naturalizadas como se houvesse uma forma predeterminada de corpo feminino ou masculino, nos remetendo vivência de nossos corpos como inertes, em oposição à alma imortal e ativa. Os corpos são qualificados como materialidades biológicas, sendo experimentados como provas de nossa sexualidade e da existência de gêneros e aqueles que não se acomodam a essas normalizações são tratados como "abjetos". O movimento feminista se opôs as pressupostas diferenças biológicas entre homens e mulheres utilizando o conceito de gênero, mas o sexo permaneceu como categoria básica e o corpo como matéria inerte. Como não sucumbir a perspectivas binárias e dicotômicas? Como fazer de nossas vidas experimentações que ousem transbordar as normalizações histórico-culturais? A partir de estudos queer propõem-se corpos como vibráteis, estranhos, formados e dobrados em redes, uma instigação de resistência à ação de isolamento do que se considera abjeto como consequência da biopolítica.Palavras-chave: estudos queer; performatividade; corpos vibráteis; relações de gênero. ABSTRACTWays of life often are naturalized as if there was a predetermined shape of the female and male body. The bodies are classified as a biological materiality, which is experienced as evidence of the existence of our sexuality and gender. thus, bodies that do not accommodate to these norms are treated as abjects. to counteract this biological assumption, the feminist movement began to use the concept of gender in order to strip of the supposedly biological differences between male and female. However, the sexual organ is still the basic category for differentiation and the body is still understood as an inert materialization. How not to succumb to binary perspectives? How to live a life that dares to overflow the historical and cultural commonalities? Taking the queer studies' perspectives, it is put forward an idea of bodies as vibratile, strange, freakish devices made and molded in social webs; this is a proposal of biopolitical resistance to the isolation imposed on the abjects.Keywords: queer studies; performativity; vibratile bodies; gender relations. A constituição do olhar clínico e o imperativo médico: a naturalização dos sexosO corpo, especialmente sob influência da cultura judaico-cristã, muitas vezes designa o inerte, o que se opõe a alma, esta sim viva, perene imortal, ativa. Como afirma Fontes (2006, s.p.) "a dicotomia entre animado e inanimado ... permitiu a palavra corpus passar a indicar os objetos materiais -isto é, visíveis". Dessa forma, corpo tem uma materialidade sensível que, por essa caracterís-tica, passa a ser definido como natural e biológico, como se fosse autodefinido e independente de práticas culturais, ou seja, como se os corpos sempre fossem os mesmos em função de uma composição material essencial.Na Idade Média, via-se uma diferenciação dos corpos mais do que da sexualidade, esta explicada pelo calor vital, como mostram os estudos de Thomas Laqueur (2001). Só havia como modelo único o corpo masc...
Neste texto realizamos um exercício teórico estudando a situação de homens que cometem violência contra mulheres. Buscando pesquisar como as pessoas se posicionam e são posicionadas em práticas de poder e jogos de verdade, pressupomos ser imprescindível compreender os recursos discursivos e não-discursivos que instauram, constroem e mantêm uma prática, no caso a de violência às mulheres. Colocamos em discussão a atenção dada aos homens autores de violência nas diretrizes governamentais, dando ênfase a Lei Maria da Penha, concluindo que temos em jogo duas direções de análises e intervenções que se imbricam: por um lado, discussões e manifestações que incluem homens e mulheres, difundindo críticas ao modelo hegemônico sexista, por meio de produções artísticas, jornalísticas, publicitárias, conferências, pesquisas etc.; por outro lado, ações de mobilização voltadas para os "agentes sociais" que já atuam nas situações de violência contra a mulher para que mudem a perspectiva de suas intervenções, dando também atenção aos homens.
Estetrabalho estuda mensagens trocadas em fóruns de discussões virtuais que têmcomo foco os usos trans de hormônios,isto é, a hormonização, termo cunhado para diferenciá-los da hormonoterapia,administrada por profissionais de saúde. Foram pesquisadas três comunidadesalojadas na rede social Orkut, contabilizando um total de 370 fóruns, sendoanalisados os usos de hormônios e os relatos de desencontros entre usuárias eprofissionais de saúde. Observa-se que se de um lado a hormonização aumenta osefeitos adversos decorrentes de intervenções baseadas em elevadas dosagens defármacos, de outro, configura-se como uma resistência diante de dispositivosclínico-patologizantes.
Este artigo aborda o companheirismo entre humanos e não/humanos para pensar em relação na construção de modos de viver, estes entendidos como naturezas/culturas mutuamente constituídas (Haraway, 2004, 2007, 2008). Alinha-se aos estudos pós-construcionistas que trabalham as relações entre humanos e não/humanos (Spink, M., 2003). Tomamos como recurso o processo de criação em pesquisa de (De) Dentro: Leguminosas (2010), um espetáculo de dança contemporânea criado para um evento em Cuiabá, Mato Grosso, onde uma artista/pesquisadora cria com grãos de soja.
Este artigo tem o objetivo de apresentar o Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará (PPGP-UFC), abordando suas especificidades, seus aspectos históricos, suas linhas de pesquisa e as temáticas nelas trabalhadas. Além disso, são destacados os projetos e as ações de intercâmbios nacionais e internacionais, os impactos sociais e sua relevância socioacadêmica, bem como os desafios que se apresentam na atualidade. O programa procura articular a prática de pesquisa com os desdobramentos advindos da extensão universitária, já que prioriza em sua política de produção de conhecimento a tematização de fenômenos sociais que se apresentam especialmente no contexto nordestino. Ressalta-se, ainda, como tal especificidade tem contribuído tanto para a consolidação de laboratórios vinculados às linhas de pesquisa do programa, quanto para a sua inserção social, com vistas a contribuir para o desenvolvimento local e regional. Por fim, são indicados os principais desafios enfrentados pelo programa no contexto atual.
Este trabalho tem como objetivo problematizar os lugares geralmente destinados aos homens no contexto da violência contra a mulher. Como metodologia, fez-se uso de entrevistas com os profissionais que atuam na Delegacia da Mulher de Belém (PA), bem como observação atenta no cotidiano desse espaço. Como resultados da pesquisa, pode-se dizer que o ponto-chave da discussão foi uma nova naturalização: a “essência” violenta do homem abre espaço à socialização em uma cultura machista. Porém, mesmo considerando esses homens mais como “pais de família” do que “criminosos”, a prisão ainda é o encaminhamento mais indicado. No máximo, adiciona- se ao encarceramento algum atendimento psicológico que funcionaria como uma forma de reeducação, um instrumento para adestrar e corrigir esses homens considerados “anormais”. Conclui-se que, mais do que aprisionar os homens autores de violência ou oferecer um “tratamento psicológico” que sirva como mais uma tecnologia de controle, seria interessante proporcionar um espaço de escuta para homens e mulheres envolvidos em relacionamentos violentos; um espaço no qual seja possível instaurar a dúvida nos convictos padrões de gênero que produzem as situações de violência conjugal.
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