No Brasil, apesar de a docência ser exercida majoritariamente por mulheres, é possível perceber uma falta de conhecimento sobre os estudos feministas e de gênero. Isso pode ter reflexos em sala de aula, já que os livros didáticos muitas vezes trazem representações de gênero estereotipadas, podendo influenciar a construção da identidade das estudantes. Neste estudo, observamos como a mulher é representada e qual sua representatividade nas imagens dos livros de Língua Portuguesa e Língua Estrangeira selecionados pela rede municipal de ensino para a Educação de Jovens e Adultos em nossa cidade. Nosso objetivo é fornecer um exemplo de como essa observação crítica pode ser feita pelas/os docentes e servir de base para um trabalho em sala de aula visando desconstruir as representações estereotipadas, a invisibilidade e o desprestígio da mulher.
Esta escrita apresenta algumas análises que fazem parte de uma pesquisa maior. Aqui são apresentadas análises de alguns livros pertencentes a uma coleção de livros didáticos voltada à educação de jovens e adultos nos anos finais do Ensino Fundamental. Essa coleção foi aprovada pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) e indicada para os anos 2014, 2015 e 2016. Em um primeiro momento, o texto traz um pequeno histórico dos programas de livros didáticos no país para, em um segundo momento, trazer a abordagem dos livros analisados. A intenção é problematizar as representações de gênero que os livros didáticos carregam, compreendendo gênero na sua interseccionalidade com raça e classe social. Em nossa investigação, é possível perceber que, mesmo com os avanços na legislação sobre o tema e da política de avaliação dos livros didáticos, implementada já há algum tempo, e ainda que se percebam avanços no que se refere ao combate à discriminação de gênero, raça e classe, persistem abordagens conservadoras e discriminatórias, mesmo que de forma bastante sutil, o que demonstra a naturalização de desigualdades sociais.
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