Resumo: O presente artigo se propõe a questionar o estatuto da filosofia e entender o caminho pelo qual a filosofia africana foi colocada à margem do conceito da tradicional filosofia ocidental, destacando alguns pontos onde elas se opõem ou se distanciam e, a partir disso, ressaltar a sua importância. Nesse arcabouço da filosofia africana destaca-se a utilização do termo Ubuntu, que é considerado um dos termos fundadores da filosofia ética africana e que representa uma práxis sóciocultural, espiritual e política, utilizado para conceituar a filosofia que permeia a convivência social, estabelecendo uma ética comunitária que aponta para um caráter complexo de uma filosofia que é imanente e, ao mesmo tempo, transcendente ao indivíduo, estando relacionado tanto ao humano quanto ao não-humano 2 através de sua concepção de uma existência biocêntrica 3 e ancestral, estando ligada ao sensível e ao inteligível concomitantemente, fato este que se choca com o conceito elegido pelo pensamento filosófico eurocêntrico. Para alcançar o objetivo pretendido utilizou-se o método filosófico para revisar conceitos e a própria historia da filosofia através de importantes nomes no ocidental através de pesquisa exploratória com fulcro bibliográfico e uma abordagem que parte da especulação filosófica e histórica, utilizando os principais nomes da filosofia africana e da história da filosofia no ocidente.Abstract: This article intends to question the status of philosophy and to understand the way in which African philosophy was placed outside the concept of traditional Western philosophy, highlighting some points where they oppose or distance themselves and, from this, highlight their importance. In this framework of African philosophy stands out the use of the term Ubuntu, which is considered one of the founding terms of African ethical philosophy and represents a socio-cultural, spiritual and political praxis, used to conceptualize the philosophy that permeates social life, establishing a community ethics that points to a complex character of a philosophy that is immanent 1 Graduada em Filosofia, Mestra e Doutoranda em Ciências das Religiões pela Universidade Federal da Paraíba -UFPB. Pesquisadora do grupo Raízes, liderado pela professora Dra. Dilaine Soares Sampaio -Grupo de Estudo e Pesquisa sobre religiões mediúnicas (CNPq-UFPB), na linha de Religiões afro-brasileiras: aspectos míticos, rituais e simbólicos; história, discursividades, sincretismos, hibridismos. Contato: reginatrindadenegreiros@gmail.com 2 Cf. Latour, 2016, para entender melhor o conceito de não-humanos. 3 Conforme Kakozi (2018), é uma ética contrária ao antropocentrismo, baseada na preocupação com o outro e principalmente no respeito para com os animais não-humanos, estando sempre voltada para fortalecer, cuidar, gerar e transmitir a vida, respeitando todos os seres vivos, humanos e não humanos e tratando os ancestrais como elo de ligação entre os vivos, os mortos e os que ainda não nasceram. É uma concepção oposta ao antropocentrismo, onde todas as formas de vida ...
O presente artigo se propõe a questionar o estatuto da filosofia ocidental a partir da percepção de que a filosofia africana foi vilipendiada pelo eurocentrismo e ressaltar nessa relação filosófica, o conceito do Ubuntu, considerado um dos termos fundadores da ética africana, representando uma práxis sócio-cultural, espiritual e política, sendo, portanto, um termo utilizado para conceituar a filosofia que permeia a convivência social coletiva. Enquanto uma ética comunitária, o Ubuntu assinala para o caráter complexo de uma filosofia relacionada à humanidade, conectando de forma biocêntrica, humanos e não-humanos, sensível e o inteligível concomitantemente, fato este que se choca com o conceito elegido pelo pensamento filosófico eurocêntrico. Para alcançar o objetivo pretendido será utilizado o método filosófico para revisar conceitos e a própria historia da filosofia no ocidente, através de pesquisa exploratória com fulcro bibliográfico e uma abordagem que parte da especulação filosófica e histórica, utilizando os principais nomes da filosofia africana e da história da filosofia no ocidente.
Este artigo tem como objetivo geral relacionar a manifestação cultural afro-brasileira, especificamente o Maracatu Nação, com a fé oriunda dos terreiros, isto é, com a manifestação religiosa relacionada às religiões afro-brasileiras, seu entrelaçamento a partir do intercâmbio entre cultura e religiosidade, fé e sagrado. Como objetivo específico, busca-se analisar as origens do Maracatu enquanto manifestação religiosa advinda dos terreiros a partir da diáspora africana e sua propagação como manifestação cultural, como linguagem musical repleta de liturgia. Para alcançar esse objetivo, o método utilizado será a pesquisa com fulcro bibliográfico, documental e a pesquisa de campo, partindo de dados históricos que levam até aos terreiros de candomblés, umbandas e juremas e que auxiliaram na construção desse processo cultural relacional, no qual nos debruçamos, relacionando-os com a diáspora africana, com todo o processo colonizador, com a história do Brasil e a construção de uma cultura identitária e de uma sociedade que herdou, forjada a partir desse processo cultural e social.
A saúde é um conceito plural, uma vez que não diz somente do estado de ausência ou não de um adoecimento. Conceitos como educação em saúde, integralidade do ser, espiritualidade, religiosidade, paradigmas em saúde e práticas aplicadas à saúde compõem alguns dos temas que estão a ele relacionados. A importância do estudo da espiritualidade /religiosidade e suas implicações na saúde tem se tornado uma constante nas discussões dentro e fora da academia. Portanto, este artigo visa abordar o tema estabelecendo uma ponte entre a espiritualidade e a África subsaariana, relacionando as PICs e o Ubuntu. Para isso, utilizamos os métodos filosófico e histórico com fulcro bibliográfico, através dos principais nomes da epistemologia africana, das ciências da religião, da saúde e das pesquisas no âmbito da espiritualidade na academia.
Este trabalho teve como objetivo geral analisar o Maracatu Pé de Elefante, tido e havido como único maracatu nação da Paraíba na atualidade, e entender qual a sua relação com o terreiro Ilê Axé Xangô Ogodô e Tenda do Caboclo Sete Flechas, problematizando e analisando a questão das próprias categorias dos maracatus de baque virado, i.e., maracatus nação e batuques ou maracatus laicos, e a linha que separa essas categorias, dadas as controvérsias que geram no contexto das religiões afro-brasileiras, além de observar as conexões político-sociais-religiosas do Pé de Elefante e sua constante reinvenção e ressignificação no conjunto dos maracatus na Paraíba. Enquanto objetivos específicos, buscamos considerar, num primeiro momento, as origens do Maracatu enquanto manifestação religiosa advinda dos terreiros a partir da diáspora africana e sua propagação como manifestação cultural e como linguagem musical que transborda para fora dos terreiros. Posteriormente, tomamos como objeto de análise o Maracatu Pé de Elefante, que em 2018 completou dez anos de existência e que está situado no campo dos maracatus de baque virado e assentado no terreiro Ilê Axé Xangô Ogodô e Tenda do Caboclo Sete Flechas. Para tanto, fez-se necessário compreendermos a história e o lugar do referido terreiro, bem como a trajetória de sua liderança religiosa, Pai Beto de Xangô. A partir desse percurso, analisamos, ao final, a reinvenção e a ressignificação da tradição a partir do Pé de Elefante, traçando um paralelo com os demais baques virados presentes no estado da Paraíba, na perspectiva de dimensionar a zona fronteiriça entre estes no que tange a questão religiosa e às atividades comunitárias dentro de um contexto onde a hibridação cultural ancora e redimensiona estruturas, práticas culturais e sociais, situando, dessa forma, o Pé de Elefante na categoria de Nação de Maracatu, dada sua inserção no que tange ao ethos comunitário e ao ethos religioso. A perspectiva teórico-metodológica que orientou o trabalho foi etnográfica, compreendendo a etnografia não apenas como um método de investigação, mas também como uma perspectiva teórica. Dessa forma esta pesquisa se coloca, no âmbito das Ciências das Religiões, no campo dos estudos empíricos da religião, particularmente em diálogo com a Antropologia das Religiões. Utilizamo-nos para tal a literatura antropológica especializada, bem como recuperamos folcloristas que trataram do assunto em questão de forma pioneira. Ressaltamos ainda que a pesquisa se apresenta como uma forte contribuição a área de Ciências das Religiões, que ainda possui poucos estudos sobre essa temática, bem como para o campo de estudos afro-brasileiros, no qual a dimensão da musicalidade ainda se mostra como um aspecto profícuo de investigação. É também relevante do ponto de vista da história regional, pois diferente de Pernambuco, estado vizinho onde os maracatus são objeto de vários estudos, na Paraíba a temática ainda não foi devidamente explorada.
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