Este trabalho propõe-se a pôr em relação a noção de sistema linguístico concebida por Ferdinand de Saussure no Curso de Linguística Geral (1916) e a teoria da linguagem de Émile Benveniste a partir dos Problemas de Linguística Geral I e II (1966; 1974). Parte-se da hipótese de que Benveniste toma a noção saussuriana de sistema de modo a subsidiar uma concepção própria de língua, que vem a estar na base de um novo campo, a Linguística do Discurso. A noção de sistema no Curso diz respeito a uma característica muito particular da concepção de língua em Saussure: a de funcionamento, que se presta à eliminação dos fatores externos ao mecanismo linguístico e, consequentemente, à consideração da realidade intrínseca da língua. Considerando que Benveniste incorpora integralmente a noção saussuriana de sistema (FLORES, 2013), pretende-se discutir como essa noção opera na teoria da linguagem benvenistiana, com especial ênfase em sua teoria da enunciação, sem, no entanto, ignorar os afastamentos que as reflexões de Benveniste produzem em relação ao conceito de língua proposto por Saussure. Portanto, deixa-se de lado o discurso da ruptura, da herança, da influência e tantos outros taxativos, e prefere-se partir da proposta de Normand (2006) de um encontro Saussure–Benveniste e falar não de encontros, mas de propostas distintas, embora não tão distantes.
No Curso de Linguística Geral (1916), F. de Saussure faz, ocasionalmente, referências explícitas aos primeiros linguistas alemães, em especial a Franz Bopp, responsável pela publicação, em 1816, da obra considerada o marco fundador dos estudos linguísticos propriamente ditos, na qual foram demonstradas as relações de parentesco entre línguas europeias e asiáticas. Jacob Grimm, a quem é atribuída a descoberta da primeira “lei fonética”, entretanto, é mencionado apenas em dois momentos, em um dos quais de forma crítica pela confusão entre letra e som presente em seu trabalho. Todavia, a importante descoberta de Grimm a respeito da mutação consonantal observada no gótico em relação ao grego, ao sânscrito e ao latim constituiu a base sobre a qual se fundamentaram os linguistas do último quartel do século XIX em seu redirecionamento dos estudos linguísticos para a fonética e para as “línguas vivas”. Pretende-se com esse trabalho discutir a importância de Grimm para o advento da Linguística Indo-Europeia e demonstrar a repercussão da descoberta do autor alemão sobre o estabelecimento da disciplina em sua época e sobre os autores posteriores, incluindo o próprio Saussure, com destaque para a separação entre os estudos sincrônicos e diacrônicos, apesar das parcas menções ao autor alemão no CLG, que sugeririam uma contribuição pífia de sua parte para o estudo científico da língua. Trata-se de uma pesquisa de natureza bibliográfica, fundamentada sobretudo em Auroux et al. (2000), Campbell (1999), Morpurgo Davies (1998; 2004) e Saussure (2012 [1916]).
O presente trabalho propõe-se a analisar a dupla face do Amor em dois sonetos de Camões, a partir de uma retomada do período histórico do autor. Pretende-se discutir os modos e o porquê de, diante do conturbado início da Era Moderna, Camões denunciar, com o seu lirismo amoroso, o caos e o desconcerto modernos e um anseio por ordem e por fuga, marcas do Maneirismo, e utilizar-se, para isto, dos meios expressivos característicos das cantigas de amor trovadorescas. Trata-se de uma pesquisa de natureza bibliográfica, teoricamente fundamentada em Hauser (1972; 1973; 1993), Rougemont (1988), Spina (1991), Paz (1994) e Saraiva e Lopes (2010).
Apresenta-se, neste artigo, um relato de experiência docente realizada em dois cursos de ensino de Português para Estrangeiros, no âmbito do Idioma sem Fronteiras (ISF) da Faculdade de Letras–UFAL, em que língua e cultura, ou língua-cultura, nas palavras de Mendes (2015), são trabalhadas associadamente, tanto no ensino de gêneros acadêmicos, quanto nas abordagens apresentadas em filmes com temáticas Nordestinas. Objetivamos, com o trabalho, refletir sobre a relevância do olhar altruísta sobre a língua-cultura do outro, e levar o outro a nos enxergar sob a mesma lente. A fundamentação se dá nas teorias da Linguística Aplicada, em sua visão sobre o ensino-aprendizagem de línguas, em especial à relacionada ao Português como Língua Estrangeira (PLE) e a partir de uma pesquisa qualitativa, que analisa o ambiente natural da sala de aula, utilizando a observação como técnica. Com as discussões, conclui-se que a prática pedagógica utilizada, nomeadamente a abordagem intercultural em aulas dialogadas e reflexivas, foi relevante para a concreta aprendizagem dos alunos de outras línguas.
O presente trabalho busca demonstrar a influência e o impacto dos ideais do Romantismo alemão no direcionamento das reflexões sobre a linguagem no século XIX, que contribuiu para o estabelecimento da Linguística como ciência. Será dada ênfase a Jacob Grimm (1785–1863), conhecido pela compilação, com o seu irmão, Wilhelm (1786–1859), de contos infantis extraídos do folclore alemão (publicados entre 1812–1815) e pela formulação da nomeada “primeira lei fonética”. Influenciado pelo nacionalismo romântico, que se caracterizou por recusar o passado clássico e por exaltar a literatura e a língua nacionais, Grimm dedicou-se ao estudo das manifestações culturais genuinamente germânicas e da língua alemã, com vistas a enaltecer a identidade nacional. O resultado, entretanto, foi a importante descoberta da mutação fônica sistemática, observada na comparação entre o grego, o gótico, o latim e o sânscrito, que influenciará os rumos dos estudos linguísticos modernos. Partindo-se de uma contextualização histórica e exposição teórica sobre o Romantismo, relacionar-se-ão os ideais do movimento com a obra linguística de Grimm. Trata-se de uma pesquisa de natureza bibliográfica, teoricamente fundamentada em Robins (1979) e Morpurgo Davies (1998), obras voltadas para a historiografia linguística, e em Guinsburg (1978), no campo da teoria da literatura.
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