Este artigo visa discutir os modelos de atuação no campo da saúde mental em Portugal, estabelecendo algumas distinções por relação aos referenciais que norteiam a saúde mental no Brasil. Nota-se que enquanto no Brasil a saúde mental foi marcada pela Reforma Psiquiátrica, com inspiração italiana, em Portugal a saúde mental segue a referência da Psiquiatria de Setor. Foram realizadas quatro entrevistas semiestruturadas com profissionais e familiares portugueses. O texto conclui com a indicação de que em Portugal a Psiquiatria de Setor ainda não atingiu integralmente sua proposição de atendimento comunitário.
Este artigo toma como ponto de entrada as práticas artísticas/criativas no âmbito da Reforma Psiquiátrica Brasileira e, em particular, a constituição de grupos musicais formados por pacientes/usuários dos cuidados de saúde mental (e dos seus terapeutas) envolvidos em práticas de musicoterapia. Este processo conduziu à sua transformação em músicos-artistas, reconhecidos pelo seu desempenho musical, avaliado pelos critérios estéticos próprios dos gêneros musicais em causa. Aborda-se a passagem de um modo particular de existência da música, enquanto prática orientada para a terapia em saúde mental, para outro modo, o da prática de co-criação artística. Procura-se assim contribuir para a elaboração de uma abordagem dos processos de co-criação estética que coloque em diálogo a Teoria Ator-Rede, com algumas produções recentes em domínios como a filosofia do processo e os estudos sobre o improviso nas práticas musicais.
A formação do grupo de atividade musical no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II) por meio do projeto "Incentivo ao empoderamento de coletivos através de práticas artísticas: uma proposta de intervenção a partir do PET-Saúde GraduaSUS no município de Porto Seguro" integrou a relação entre os programas de saúde oferecidos pela Secretaria Municipal de Saúde e a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), no intuito de contribuir para o fortalecimento dos coletivos através de uma proposta interdisciplinar que fomentou o diálogo entre a arte e a saúde. Ademais, realizado no CAPS II entre o período de março de 2018 a março de 2019, este estudo sintetiza as conexões sociais que se traduziram através das práticas artísticas, como a música e dança. A utilização da Teoria Ator - Rede, de Bruno Latour, proporcionou a dinamicidade da pesquisa, visto que, por meio dos relatos, havia a descrição das observações dos encontros semanais. Sendo assim, este artigo tem por objetivo relatar as vivências e transformações que este projeto proporcionou aos envolvidos, sendo estes não somente os pacientes, mas também a própria equipe, e, dessa maneira, mostrar o poder que a música possui de proporcionar movimentos positivos na realidade dos indivíduos. Evidencia-se, então, por meio deste trabalho, os benefícios que a musicoterapia, quando realizados pelos profissionais formados na área, pode proporcionar, como uma maior adesão dos usuários ao tratamento e momentos prazerosos.
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