Este estudo desenvolve uma nova perspectiva das relações Brasil-Argentina a partir da análise de sua dimensão cultural entre os anos 1930-1954. Trata-se de mostrar como uma aproximação entre esses dois países foi incentivada através de projetos de cooperação intelectual, científica e artística, com o objetivo de desfazer imagens negativas e criar um sentimento de fraternidade entre brasileiros e argentinos. Com base na ideia de que uma maior cooperação contribuiria para o fortalecimento da região, e com o objetivo de alcançar uma futura integração econômica, essa prática também foi estimulada entre os demais países da América do Sul.
O presente estudo analisa a problemática dos lugares de memória na construção do imaginário social do peronismo entre 1946-1955, destacando a criação de mitos e “mártires” em torno de Perón e Evita, símbolos e comemorações cívicas que recriaram simbolicamente a nação, alimentando o projeto da “Nova Argentina”. Demonstra-se, ainda, que, pelo estabelecimento de políticas sociais para os trabalhadores, associado a uma intensa propaganda ideológica produzida pelo controle da imprensa e da repressão e desmoralização dos grupos opositores, legitimou-se o poder instituído. Essa construção simbólica que compôs o imaginário social da época, constituindo-se como um discurso dominante, foi profundamente criticada pela intelectualidade argentina, sobretudo por alguns escritores, que encontraram na literatura um meio de expressão de suas representações contrárias ao regime – um contradiscurso -, buscando, assim, estratégias de romper com o silenciamento e promover o embate simbólico entre as diferentes visões, como se analisa no conto “A casa tomada”, de Cortázar.
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