Nas universidades brasileiras, os memoriais acadêmicos são documentos que apresentam uma autorreflexão sobre a trajetória intelectual e profissional de um docente, caracterizando uma das raras manifestações de escrita autobiográfica a respeito de intelectuais e de pesquisadores de diferentes áreas, formações e pertencimentos. Este artigo apresenta reflexões sobre a percepção de classe, raça e gênero, a partir de relatos autobiográficos dos memoriais de titularidade de antropólogas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Campinas (UNICAMP), aprovadas em concursos entre 2004 e 2014. Para o docente, este é um momento que representa a ascensão ao topo da carreira. No entanto, a universidade é uma instituição na qual as mulheres ainda lutam para superar preconceitos, por isso tais narrativas autorreflexivas estãoinseridas em certas estruturas e tradições do campo intelectual-acadêmico e mostram-se como um rico material para a compreensão da trajetória e do papel feminino neste espaço, enquanto um exercício de autoetnografia.
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