Dentre os estudos de cultura política e experiências participativas, a participação política comumente tem sido relacionada a valores democráticos e ao aprofundamento da democracia. No entanto, ainda existe uma lacuna explicativa sobre como ativistas de diferentes setores da sociedade civil pensam e concebem a democracia. Ancorado na pergunta: “Como pessoas com diferentes trajetórias de ativismo entendem a democracia?”, este artigo visa fornecer subsídios teóricos e empíricos sobre como cidadãs e cidadãos com experiências participativas diversas compreendem a democracia e, alternativamente, como concebem regimes não democráticos. A partir de análises das conversas produzidas por grupo focais realizados em Belo Horizonte, Porto Alegre e Montes Claros, entre os meses de março e setembro de 2019, o artigo demonstra como os entendimentos sobre democracia variam a depender do perfil e dos vínculos dos participantes.
Há uma larga trajetória na ciência política que defende os efeitos positivos que a participação imputa sob a democracia. Por outro lado, nos últimos anos, a ascensão da extrema direita e o crescente apoio a regimes autoritários têm demonstrado a heterogeneidade da sociedade civil e as suas diferentes faces, inclusive as mais perversas. Ainda que os trabalhos tenham avançado sobre os possíveis efeitos da participação na conformação do Estado e de políticas públicas, ainda é árido o campo que se dedica a analisar o papel formativo da participação em relação aos seus participantes. Desse modo, este artigo se propõe a realizar um balanço teórico e analítico das diferentes perspectivas quanto ao impacto que as atividades de participação podem gerar na formação do próprio individuo em relação a defesa da democracia. Partindo da análise de conceitos clássicos como cultura política, capital social e participação, o trabalho busca realizar os exercícios de: (i) articular dois campos teóricos da ciência política (cultura política e participacionista) que comumente trabalham o mesmo objeto, mas com perspectivas muito distintas e poucas vezes articuladas e (ii) examinar as principais críticas e abordagens que demonstram que a participação não é exclusivamente um campo virtuoso. O objetivo do trabalho é lançar luz às perspectivas clássicas que defendem a relação positiva entre participação e democracia, bem como demonstrar as variações que existem dentro da própria sociedade civil e seus efeitos democráticos entre os indivíduos que participam.
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