RESUMO O artigo elege a “juste image” de Godard para uma revisita crítica à tese da irrepresentabilidade da Shoah. Nesse caminho, faz o reconhecimento de uma arte da dor godardiana e da montagem em catástrofe aí envolvida para suspeitar dos argumentos, principalmente cinematográficos, que amparam a referida tese. Quer-se mostrar sua transigência em relação à palavra, donde a importância que dá às literaturas ditas do Testemunho, e sua redução a uma iconoclastia supersticiosa, a ser considerada datada. Juntamente com a referência elegante da obra crítica de Godard e dos trabalhos de Georges Didi-Huberman sobre o cineasta, a arguição tem por horizonte teórico os clássicos apontamentos do impasse de linguagem das artes tardias.
Se os povos alemães não tivessem repelido o jugo romano [...], no lugar de uma Europa livre e rica, teríamos apenas uma Roma onde tudo seria confundido, misturado. No lugar da história dos reinos europeus, teríamos apenas os anais de um império romano, que nos ofereceria a triste uniformidade das crônicas chinesas. FRIEDRICH SCHLEGEL, 1809 Sim, nós somos orientais -pela raça. Somos duplamente orientais tanto por nossa origem céltica quanto por nossas incursões germânicas do século IV ao século X. Somos latinos e greco-romanos apenas pela educação literária. LOUIS COURAJOD, 1891 Um modelo histórico e cultural de potência e longevidade notáveis estruturou, por suas dimensões propriamente míticas, a escrita da história da arte na Europa desde o começo do século XIX. Surpreendentemente, a historiografia da arte pouco lhe prestou atenção, apesar de ele ter deixado marcas profundas no campo, que se estendem até as categorias pelas quais a disciplina buscou classificar cientificamente seus objetos. Até a publicação da monumental
O presente artigo tem dois autores: Carolina Vigna, que vem das artes visuais e da literatura e Pedro Taam, que vem da música, da física médica e da semiótica. Propomos aqui que a memória se constrói em camadas, à maneira de um palimpsesto, e sustentamos a nossa hipótese com exemplos das artes visuais, da literatura e da música. Concluímos que a construção da memória em camadas pressupõe um conceito de tempo não-‐linear, em que passado-presente‐futuro se sucedem, mas um modelo imbricado, em que os três são, em todos os pontos, emaranhados e indissociáveis
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