Dada a predominância das commodities na pauta de exportações brasileira, este trabalho verificou qual a relação entre a flutuação dos preços internacionais dos bens primários e o fluxo de investimento estrangeiro direto, financiador principal do déficit estrutural da conta corrente. A partir do pressuposto da nova economia do desenvolvimento, onde a entrada de investimento estrangeiro direto depende da razão dívida externa/exportações, foi construído um modelo onde esta medida de risco é uma função do preço internacional das commodities e da taxa de câmbio (dólar/real). Utilizou-se a taxa de substituição de poupanças como variável dummy na construção do modelo. Os resultados demonstraram que os preços internacionais possuem significativa relação negativa com o indicador de risco utilizado, evidenciando a importância dos bens primários no financiamento da conta corrente e, por consequência, no saldo final do balanço de pagamentos.
Embora as teorias institucionalistas sejam geralmente mobilizadas para interpretar a reprodução social, elas também são úteis para compreender os episódios de mudança institucional. É com este objetivo que analisamos neste artigo a contribuição da Teoria dos Campos de Ação Estratégica, de Neil Fligstein e Doug McAdam. Inicialmente, destacando as funções existenciais das instituições, discutimos como elas potencializam processos de engajamento. Em seguida, apresentamos o papel dos empreendedores institucionais na formulação de enquadramentos interpretativos que visam a alterar as expectativas ficcionais dos atores, o que é condição essencial para que estes se engajem em ações coletivas transformadoras. Finalmente, analisamos como crises e choques em outros campos contribuem para a produção de engajamento e a mudança institucional.
Resumo Centrado na revisitação da modernidade a partir de uma perspectiva temporal, Hartmut Rosa sustenta o conceito de aceleração social como aspecto fundante do projeto moderno. Explorando diferentes variáveis causais para o conceito da aceleração social, a resenha examina as transformações das instituições morais, valorativas e políticas ocorridas ao longo do desenvolvimento histórico da modernidade como episódios induzidos pela obsolescência. Sendo esta um produto de campos de ação crescentemente cambiantes e acelerados, o autor mobiliza esse conceito para fundamentar inédita proposta de diferenciação entre a modernidade e a modernidade tardia como momentos históricos calcados em diferentes níveis de compressão espaço-temporal, estabilidade institucional e temporalização de projetos individuais e coletivos de futuro.
Um dos principais projetos encabeçados pelo regime militar brasileiro foi a colonização da Amazônia, que estimulou a ocupação massiva deste território, mobilizando enormes contingentes de indivíduos das mais diferentes regiões do país. O objetivo deste artigo é compreender os mecanismos discursivos para a produção das migrações para a Amazônia, atentando-se à sua produção e sua materialização nas práticas e significações dos atores sociais. A partir da análise de documentos da Biblioteca Nacional do Exército e de entrevistas com assentados do Projeto de Assentamento Dirigido Rio Juma, no município de Apuí, procedeu-se uma análise documental e qualitativa dos textos e das falas dos interlocutores, apoiando-se na análise e agrupamento temático dos dados, a fim de encontrar significações em comum sobre o território e as migrações para o mesmo. Os resultados demonstram que a colonização esteve apoiada na formação e produção de expectativas individuais a partir do discurso estatal, o qual fundamentou a construção de um “futuro imaginado” sobre a Amazônia como território de ascensão social e econômica. Com efeito, concedeu a esta região um significado que legitimou a formação de um regime institucionalizado de espoliação dos seus recursos naturais.
Non-governmental organizations (NGOs) operate in the Brazilian Amazon, mobilizing actors and resources to promote sustainability, mainly by supporting the construction of alternative farming systems. The main efforts are focused on reducing deforestation by means of agroforestry projects, which are introduced as alternatives to extensive livestock farming. This study analyzes the strategies adopted by the Amazonian Institute of Conservation and Sustainable Development and the World Wide Fund for Nature to engage farmers and other actors in their programs. The study was conducted in Apuí, one of the target municipalities of public policies aimed at combating deforestation. The findings reveal that these NGOs adapt their strategies throughout time in face of expressive institutional complexity in local and macro spheres. Acting as "institutional entrepreneurs," NGOs have changed their discourses from an eminently preservationist focus to one that is more adapted to the economic concerns of local actors and connected to their moral and cultural norms, which also imply a reframing of "sustainability" through a scientific discourse that embodies a more technocratic approach to forest conservation.
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