Narrativa de incertezas, teia construída a partir de textos outros, recordações e divagações, Rafaelconfigura-se como uma obra em que as palavras vinculam-se com uma essência libertária. Em um jogo deespelhos, as inúmeras referências intertextuais iluminam-se e refletem em outras imagens, tendo em foco umregime totalitário e as consequentes aniquilações do indivíduo, que se fragmenta. Este artigo investiga asartimanhas narrativas desenvolvidas pelo escritor Manuel Alegre na construção dos caminhos de umportuguês que se descobre sempre rumo a Lisboa, por mais que suas trilhas levem-no para outros lugares.
José Saramago e Gonçalo M. Tavares possuem uma arquitetura narrativa bastante diferenciada. Talvez, quase opostas. Um é barroco, ornamentado; o outro é econômico, áspero. Enquanto o primeiro possui como marca indelével a presença de um narrador intruso, excessivo, demiurgo, o segundo faz geralmente uma literatura mais seca, menos digressiva, com frases curtas e de forte impacto. Entretanto, há um José Saramago pouco lido (e estudado), ainda anterior à descoberta do seu narrador conhecido em 1980. É a voz narrativa de O ano de 1993, que traz uma ambientação apocalíptica, que pode ser aproximada à obra Um homem: Klaus Klump. Os dois narradores edificam textos que comungam de uma mesma simbologia, especialmente relacionada à desfiguração do espaço, à derrocada, ao caos, em tempos de guerra. Este artigo analisa, sob a luz dos estudos do Imaginário, especialmente apoiado em Gilbert Durand e Gaston Bachelard, a destruição espacial e as imagens recorrentes e, por vezes, complementares, perceptíveis em “O ano de 1993” e “Um homem: Klaus Klump”.
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