ResumoObjetivo: Examinar o fenômeno clínico de homicídio seguido de suicídio (HS) a partir de um caso no qual o desfecho de suicídio não ocorreu por motivos alheios à vontade e às ações do sujeito. Descrição do caso: Trata-se do caso de um homem que matou sua namorada por ciúmes, por ocasião do término do relacionamento entre ambos, tentando, a seguir, o suicídio. No presente artigo, é dada especial ênfase aos aspectos forenses do caso, avaliado para fi ns de determinação de responsabilidade penal e acompanhado no Instituto Psiquiátrico Forense Dr. Maurício Cardoso, Porto Alegre (RS). Comentários: Ressalta-se que, ao se modifi car o desfecho de um caso típico de HS, por não ter se consumado o suicídio do homicida, dois aspectos assumem relevância: as consequências legais a serem enfrentadas pelo sujeito e o manejo do impacto psíquico no sobrevivente. Do ponto de vista da prevenção, o conhecimento do fenômeno HS e dos fatores descritos como associados a ele justifi caria uma constante atenção ao tema por parte dos profi ssionais de saúde mental. O presente relato foi autorizado pelo paciente através de termo de consentimento livre e esclarecido. Descritores: Violência, psiquiatria forense, homicídio, suicídio, transtorno depressivo. AbstractObjective: The clinical phenomenon of homicide followed by suicide (HS) is examined through a case in which suicide was avoided despite the individual's will and actions. Case description: A man killed his girlfriend at the end of the relationship because of jealousy. After that, he attempted suicide. Special emphasis is given to the forensic aspects of the case, which has been assessed to determinate the individual's criminal responsibility and has been followed up at the Forensic Psychiatric Institute Dr. Maurício Cardoso, in Porto Alegre, state of Rio Grande do Sul, Brazil. Comments: When the outcome of a typical case of HS is modifi ed and the suicide of the murderer is not accomplished, two aspects become important: the legal consequences to be faced by the murderer and the management of the psychological impact on the survivor. Regarding prevention, the knowledge of HS and its associated factors require constant attention by mental health professionals. This report was authorized by the patient by means of informed consent. Keywords: Violence, forensic psychiatry, homicide, suicide, depressive disorder. IntroduçãoA expressão homicídio-suicídio (HS) defi ne um quadro de homicídio seguido pelo suicídio de seu perpetrador após um intervalo de tempo que varia entre algumas horas e 1 semana [1][2][3][4][5][6] . É possível distinguir cinco tipos de HS: por ciúme, marital relacionado a declínio da saúde, tipo fi licídio-suicídio, tipo familicídio-suicídio e extrafamiliar 7 . É um fenômeno relativamente raro, situando-se na faixa de entre 0,2 a 0,3 eventos por 100 mil habitantes/ano 1,6-12 , mas de grande impacto, e estudos têm demonstrado que tais taxas se mantêm constantes nas mais variadas latitudes 6,10,12 . No Brasil, não foram localizados estudos sobre a ocorrência desse f...
Este é o primeiro número da gestão que passa a ser responsável pelos rumos da Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul pelos próximos dois anos.Desde o seu surgimento, cada gestão pôde implementar com capacidade criadora sua forma de gerenciar a revista. Acreditamos, no entanto, que foi justamente a mescla entre a experiência dada pela continuidade do trabalho de uma gestão para outra e a renovação trazida pela alternância de comando o fator responsável pelo desenvolvimento importante de nossa revista. Nós não faremos diferente.Estamos cientes do crescimento exponencial da Rev Psiquiatr RS. Nas últimas três gestões, o número de artigos recebidos aumentou em 269%. Somado a isso, a Revista permanece sendo Qualis A nacional pelos critérios da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), mantém sua edição bilíngüe em português e inglês no SciELO internacional, adaptou seu índice de recusa de artigos para cerca de 60%, ampliou e modificou seus conselhos editoriais local, nacional e internacional e definiu sua linha editorial como prioritária a artigos originais. Além disso, seguindo os mais modernos padrões entre periódicos científicos, adquiriu e implantou um sistema de submissão e gerenciamento de artigos totalmente informatizado, via internet, o que ampliou e facilitou enormemente o acesso de autores interessados em publicar, bem como reduziu drasticamente os prazos entre submissão do artigo e sua publicação.Tudo isso, obviamente, será mantido. A atual gestão da Rev Psiquiatr RS, contudo, precisa haver-se com as conseqüências desse crescimento e o seu gerenciamento. Em especial, na sua adaptação à realidade econômica.Gerenciar e publicar uma revista científica bilíngüe em nosso país é algo extremamente dispendioso. Há 4 anos, por uma sábia decisão da diretoria da Sociedade de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (SPRS), a Rev Psiquiatr RS passou a ser enviada gratuitamente a todos os psiquiatras sócios da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), além do envio que já ocorria aos sócios da SPRS.O objetivo, à época, era tornar nossa Revista reconhecida nacionalmente, ampliar o universo de autores e, com isso, trazer novos e melhores artigos. Os dados já citados acima atestam a correção daquela atitude. Cinco anos passados, no entanto, e com novidades no campo editorial (como, por exemplo, a aceitação pela comunidade científica internacional das publicações eletrônicas), a Rev Psiquiatr RS decide seguir o rumo dessa nova tendência editorial. Assim, a partir do próximo número, nossa revista voltará a ser enviada na sua forma impressa apenas aos sócios da SPRS, mantendo uma tradição de 29 anos ininterruptos. O formato eletrônico, no entanto, será de acesso livre e universal, incluindo todo o conteúdo da revista tanto na língua portuguesa quanto na língua inglesa.A Rev Psiquiatr RS, distribuída gratuitamente a quase 5.000 psiquiatras brasileiros na sua forma impressa, trouxe nossa revista a um patamar de qualidade científica e reconhecimento nacional que nunca antes obtivera. É chegada a hora de...
EditorialEm outubro último, durante o XXVI Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado na cidade de Brasília, tivemos a oportunidade de participar, na qualidade de editores da Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, do Fórum de Publicações em Psiquiatria, cujo tema era "Ciência e Ética em Publicações". A importância do tema, bem como a riqueza da atividade, levou-nos ao desejo de compartilhar com nossos leitores parte do que lá foi discutido, através da seção "Editoriais a convite".Segundo o dicionário Aurélio, a ética "é o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto". Sabemos que a conduta humana é, de forma inevitável, permeada por uma série de interesses, conscientes e inconscientes, alguns dos quais de características eticamente elevadas, visando ao bem comum, enquanto outros -a história da humanidade nos comprova a todo o momento -ceifados do que seria socialmente correto.Ao analisarmos esse tema no contexto da ciência, observamos o imenso impacto com que tais conflitos éticos podem se refletir sobre a vida de todos nós. A divulgação, no meio científico, de informações e conclusões de pesquisas influencia diretamente condutas clínicas do profissional no atendimento cotidiano de seus pacientes, seja através de modificações técnicas ou de modificações em suas prescrições.De outra parte, o conflito entre a necessária e desejável divulgação de resultados de pesquisas e a (não menos necessária e desejável) preservação da privacidade e intimidade dos pacientes sujeitos de estudos deve ser igualmente motivo de profunda reflexão e cuidado.Nesse sentido, as publicações que se ocupam de divulgar material científico devem ter, entre suas maiores preocupações, a busca de mecanismos para a detecção e o manejo de possíveis conflitos éticos envolvendo o que é por elas publicado. Tais mecanismos necessitam estender-se desde a linha editorial, passando pelos membros de seus conselhos editoriais, pareceristas e revisores, culminando com os autores que submetem seus trabalhos para publicação.Esta é uma preocupação que tem permeado a história da Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, através dos colegas que já ocuparam papéis em seu corpo editorial ao longo de quase 30 anos de publicação ininterrupta.Entretanto, assim como a sociedade muda, em seus conceitos e valores, também precisamos, no contexto de uma publicação científica, estar atentos e disponíveis para discutir conceitos e valores, reavaliar e revalidar nossas posições -porém, mantendo como norte o que é e sempre será indiscutível: a ética, que coloca o valor do respeito humano como marca de toda e qualquer atividade dita científica.Desejamos a todos uma boa leitura!
Prezado leitor, É com um sentimento especial que fazemos chegar até você este número da nossa Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, que marca seus 30 anos de publicação ininterrupta.Trinta anos é muito tempo! Ao olharmos para trás, para o agora distante ano de 1979, tomamos consciência do longo caminho percorrido.Lembramos do interesse científi co e associativo, da ou sa dia e determinação dos colegas que, ocupando as sucessivas diretorias da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS), decidiram criar e manter um canal de expressão e di fusão do conhecimento psiquiátrico, enfrentando as muitas difi culdades e arcando com os signifi cativos custos decorrentes.Lembramos os muitos colegas que ocuparam a editoria da Revista e as dezenas de colegas que compuseram o seu Con selho Editorial em diferentes momentos, cada um dedicando signifi cativa parcela de interesse, cuidado e o melhor de seu conhecimento para que a nossa Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul pudesse se estabelecer e aperfeiçoar-se, conquistando a credibilidade e respeito científi co de que hoje desfruta no cenário editorial psiquiátrico nacional.Trinta anos é muito tempo! No decorrer do tempo, o mundo mudou, a sociedade mu dou, a psiquiatria mudou. E a Revista de Psiquiatria do Rio Gran de do Sul também, em um esforço continuado para adaptar-se aos novos cenários.Atualmente, seguindo os mais modernos padrões editoriais, possui um sistema de submissão de artigos inteiramente on-line, artigos avaliados de forma anônima por pareceristas altamente qualifi cados em suas respectivas subáreas de conhecimento e prioriza a difusão de conhecimento psiquiátrico a partir de artigos originais. Com isso, a Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul atingiu parâmetros considerados de excelência para publicações do gênero, sendo procurada por autores das mais diversas latitudes.Porém, ao lado da disposição da Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul de evoluir e modifi car-se, é motivo de sa tisfação e orgulho para todos nós sua capacidade de manter e valorizar as características mais marcantes do meio psiquiátrico que a idealizou e a viabilizou em seu crescimento ao longo desses 30 anos, entre as quais se destaca o respeito à pluralidade do pensamento e da prática psiquiátrica. Órgão ofi cial da APRS, a Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul orgulha-se de ser seu refl exo no espírito de rigor científi co aliado ao respeito aos diferentes vértices de abordagem do paciente.Graças a tal espírito plural, que caracteriza a APRS, nosso leitor pode encontrar nas páginas da Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul artigos originais que abordam temas tão diversos quanto, por exemplo, "Concentrações plasmáticas de paroxetina em pacientes adultos e idosos com depressão" 1 , ou "A relação entre os mecanismos de defesa e a qualidade da aliança terapêutica em psicoterapia de orientação analítica" 2 . No mundo editorial, poucos periódicos conseguem estimular e manter essa abordagem científi ca tão ampla e diversa. E disso nos orgulhamos muito.T...
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