RESUMO (Freud, 1900(Freud, /1980a, considerada obra inaugural da psicanálise, revela o quanto a sua escrita foi inseparável de um percurso subjetivo que seu autor denomina "autoanálise": "porquanto este livro tem para mim pessoalmente outro significado subjetivo -um significado que só aprendi após tê-lo concluí-do. Foi, assim verifiquei, uma parcela de minha pró-pria auto-análise, minha reação à morte de meu pai -isto é, ao evento mais importante, à perda mais pungente, da vida de um homem" (p. XXXIV).Segundo Ernest Jones (1953), dois eventos escandiriam o que Freud nomeia acima de "autoanálise": a interpretação do chamado "sonho da injeção de Irma", a primeira análise que levaria a cabo de um sonho; e a morte do pai, pois no verão sePsicólogo, psicanalista, professor associado da Universidade Federal Fluminense.
ResumoA invenção da psicanálise por Freud ocorreu num campo do saber estruturado pelo cientificismo, a crença que investe a ciência do poder de abarcar todos os domínios do real. Segundo autores, este ponto de partida cientificista fragilizaria epistemologicamente o discurso freudiano, o qual se veria assolado por uma insuperável contradição entre um programa mecanicista (baseado em conceitos tais como determinismo, energia, etc.) e uma hermenêutica infinitamente aberta à produção subjetiva de sentido. Focalizando particularmente o "Projeto para uma psicologia científica", no qual Freud constrói uma verdadeira máquina do psiquismo, projetando conceitos das ciências naturais no psiquismo, demonstraremos que a originalidade da racionalidade inventada por Freud consiste justamente em ser uma razão limítrofe, de borda, que conjuga e separa sentido e pulsão, desestabilizando as fronteiras entre os saberes estabelecidos. Concluímos, portanto, que não há no discurso freudiano uma contradição que nos forçaria a optar entre a força e o sentido. AbstractThe machine of the psychism. Freud's invention of psychoanalysis emerged from a field of knowledge structured by scientism, the creed that empowers science to embrace all reality. For some authors, this scientistic starting point would weaken Freud's discourse epistemologically, which would be overcome by an insuperable contradiction between a mechanist program (based on concepts such as determinism, energy etc.) and a hermeneutics that is infinitely open to the subject's production of meaning. Focusing especially the "Project for a scientific psychology", in which Freud projects concepts of natural science in the psyche, in order to build a true psyche machine, we will show that the originality of the rationality invented by Freud consists exactly on being a borderline reason, that conjugates and separates sense from drive, blurring the line between established fields. We have therefore concluded that there is no contradiction in Freud's discourse that would force us to choose between force and sense. Estudos de Psicologia 2008, 13(3), 267-273 ISSN (versão eletrônica): 1678-4669 Acervo disponível em: www.scielo.br/epsic Recebido em 16.mar.08 Revisado em 08.fev.09 Aceito em 25.fev.09
Resumo Apresenta-se a lógica da sexuação, de Jacques Lacan, em contraposição à noção de gênero, construída como matriz de inteligibilidade da transexualidade. Desenvolve-se a abordagem lacaniana do sinthome como alternativa para se pensar soluções singulares aos impasses sexuais pelo viés da despatologização. Conclui-se que a transexualidade, em vez de inelutável forçamento psicótico, pode ser uma solução inventiva articulada à clínica do sinthome.
Este artigo tem como objetivo fazer um percurso através da vida e das obras sociológicas de Virgínia Leone Bicudo, uma importante intelectual brasileira, socióloga e psicanalista. Ao acompanhar a sua trajetória, identificamos o seu valor para o estudo das relações raciais em São Paulo no século XX, para a instituição da psicanálise no Brasil e outros diversos feitos nos quais sempre esteve à frente do seu tempo. Perguntamos os motivos de Virgínia Bicudo ser pouco conhecida e, por isso, analisamos o seu apagamento enquanto uma mulher negra brasileira. Concluímos que, após uma retomada da figura histórica de Virgínia Bicudo nos últimos anos, ainda pequena quando reconhecemos toda a sua importância, ainda há muita pesquisa a ser feita para que a sua história continue viva entre nós.
A proposta deste artigo é apresentar algumas considerações sobre o pensamento da filósofa Judith Butler, suas críticas à teoria de Lacan, bem como alguns contrapontos a seus argumentos críticos, com o objetivo de demarcar os encontros e desencontros de Butler com a psicanálise. Nesse percurso, identificamos que as críticas da autora se restringem ao primeiro ensino lacaniano, não levando em considerações os avanços das fórmulas quânticas da sexuação e a noção de sinthoma, como arranjo singular do falasser com o gozo. Além disso, constatamos também que seu questionamento em relação à psicanálise não impossibilitou que, para pensar o gênero, Butler se servisse do aparato conceitual da metapsicologia freudiana e lacaniana, especialmente da noção de pulsão. Concluímos que as críticas de Butler à psicanálise não precisam ser tomadas como um problema ou um entrave, visto que elas promovem uma exigência frutífera de precisão teórico-clínica, que irrompe na atualidade, para avançarmos no debate sobre as novas ordenações da sexualidade.
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