MACHADO, S.M.P. et al. Verificação de antagonismo entre larvas de Schistosoma mansoni e larvas de outros Digenea em Biomphalaria ienagophila , molusco planobídeo de criadouro natural situado na região de Campinas, SP, Brasil. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 22:484-8, 1988.
RESUMO:Foi observado o comportamento de larvas de S. mansoni em moluscos prévia e naturalmente infectados por larvas de outros Digenea. Foi verificado que as larvas de S. mansoni não se desenvolveram nos moluscos previamente infectados com purcocercárias longifurcadas com ocelos ou com furcocercárias longifurcadas sem ocelos. Observou-se resistência parcial ao desenvolvimento de S. mansoni nos moluscos previamente infectados por equinostomocercárias ou por distomocercárias com acúleo. A ausência de reação amebocitária em torno dos esporocistos de S. mansoni nos moluscos infectados por outros digenéticos parece indicar a não participação dos amebócitos na resistência oferecida ao desenvolvimento das larvas de S. mansoni. (1972). Esses autores ressaltaram que o processo de competição entre larvas de diferentes espécies de digenéti-cos, observado em moluscos, pode ser empregado no combate aos parasitos, por exemplo, Schistosoma mansoni Sambon, 1907, utilizando-se espécies rivais cujas larvas predem esporocistos, ou mesmo cercárias no hospedeiro invertebrado.
UNITERMOS:A competição entre larvas de diferentes espé-cies de digenéticos pode ser resultante de um antagonismo direto, como no caso do poder predatório de rédias, ou de um antagonismo indireto, pela ação de substâncias tóxicas, luta por espaço vital, competição alimentar, processos imunológicos, ou outros mecanismos mais complexos que também influenciem o equilí-brio hospedeiro-parasito.O desenvolvimento dos miracídios no hospedeiro intermediário depende, além de fatores ambientes, daqueles relacionados com características genéticas que possibilitem o ajustamento fisiológico entre a larva infectante e o molusco.Certamente a fauna de vertebrados freqüen-tadora de um criadouro de moluscos vetores de S. mansoni influi no grau e no tipo de infecção desses moluscos, podendo propiciar o desenvolvimento de larvas de espécies, antagônicas ou não, a S. mansoni.Cabe lembrar que existem aves, peixes, anfí-bios, répteis e mamíferos parasitados por digenéticos cujas larvas desenvolvem-se em moluscos hospedeiros de S. mansoni.Com base nestes fatos, considerou-se oportuno estudar tão interessante comportamento biológico, por estar relacionado com a possibilidade de sua utilização no combate a parasitas do homem e de animais domésticos. Tratou-se então de promover a infecção por S. mansoni