O crescente número de escolas bilíngues, as discussões acerca das "melhores" práticas de ensino de línguas, mediado ou não por tecnologias, a veiculação de cursos para "aprender uma língua em x meses" em diferentes mídias são claros indícios da importância da educação linguística na formação de qualquer pessoa, preferivelmente, desde os primeiros anos de vida. Língua é poder!, ou melhor, línguas -assim mesmo, no plural -são poder! Por meio delas podemos conhecer o mundo, compreendê-lo, descrevê-lo e analisá-lo e, quem sabe, até criar um próprio, com características bem peculiares. Por isso, aprender uma língua na escola, seja ela qual for, tem um papel fundamental para a formação e para o crescimento, em especial, se o ensino de línguas for guiado por uma abordagem intercultural, entendida como o desenvolvimento de uma sensibilidade cada vez maior em relação ao "diferente", que permite aprender a conhecer melhor a si mesmo, enquanto se conhece o outro. Ao comparar o meu mundo, a minha cultura com a do outro, não posso julgar uma ou outra como melhor ou pior, simplesmente. É preciso reflexão, pesquisa, estudo e contato para que não fiquemos apenas no nível do julgamento; é preciso, portanto, educação.Também por isso, é tão importante que a escola seja o lugar privilegiado para a circulação de diferentes línguas e culturas e é preciso que haja espaço não apenas para as línguas hegemônicas, mas para a pluralidade de realidades linguísticas e culturais, que precisam dialogar entre si, respeitando as diferenças que resultam das características históricas e geográficas de cada comunidade. O Brasil, no entanto, contrariando a sua própria história política e social, é um país, no qual o ensino de línguas (estrangeiras, adicionais, de herança etc.) ainda é privilégio de poucos e, quando muito, limita-se ao inglês, ficando todas as outras línguas, dentre elas o italiano, em segundo plano.Dedicam-se justamente a refletir sobre o ensino de italiano nas escolas e sobre o papel da (inter)cultura os artigos contidos neste número 42 da Revista de Italianística, que observam, em quase todos os casos, o contexto da escola pública e partem de experiências realizadas no Brasil, mas também na Itália, cujos resultados podem ser estendidos a outras situações de ensino. De fato, a maneira como o ensino de línguas adicionais acontece na realidade pode