Resumo O presente estudo propôs analisar, sob a perspectiva feminista de pesquisa e da psicologia social do trabalho, os sentidos do trabalho e de gênero que emergiram das narrativas de adoecimento de trabalhadoras da indústria do vestuário de Criciúma, Santa Catarina. Trata-se de uma pesquisa do tipo empírica - com a realização de entrevistas -, de caráter exploratório e qualitativa, que parte da perspectiva do construcionismo social e da análise narrativa. Os sujeitos da pesquisa foram quatro trabalhadoras da indústria do vestuário. Evidenciou-se que o trabalho se apresenta como via de socialização e subjetivação de trabalhadoras, bem como de adoecimento, seja nos meios fabril, doméstico ou de cuidado. Com base na perspectiva de gênero, postula-se que a divisão sexual do trabalho ainda é um entrave à equidade nos contextos laborais, mediante uma atualização do caráter exploratório das atividades realizadas por mulheres, sobretudo pela invisibilidade, no âmbito reprodutivo, e pela precarização do trabalho produtivo.
O artigo busca apresentar considerações sobre a saúde mental de trabalhadoras como tema em produções acadêmicas brasileiras (2000-2016), de modo a potencializar contribuições ao debate de gênero no âmbito das relações de trabalho e do adoecimento. Para tanto, fizemos um levantamento da produção acadêmica brasileira, publicada de 2000 a 2016 e disponível na Biblioteca Virtual em Saúde – Brasil (BVS), sobre a temática saúde da trabalhadora. Do universo total de artigos localizados e analisados ao longo da pesquisa, a saúde mental foi foco de um número considerável de estudos, os quais evidenciaram, de modo geral, a relação entre a divisão sexual do trabalho e a prevalência do adoecimento de mulheres em diferentes contextos laborais. Na direção do debate proposto, 14 artigos foram selecionados pelo fato de relacionarem o tema da saúde mental a contextos profissionais produzidos como territórios femininos/masculinos de atuação e, sobretudo, por possibilitarem problematizar a desigualdade de gênero como base da divisão sexual do trabalho e da prevalência do adoecimento mental de trabalhadoras.
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