ResumoA homofobia pode estar presente nas escolas de diversas formas, envolvendo múltiplos agentes escolares e favorecendo o desenvolvimento de diferentes sintomas psicológicos e psiquiátricos por parte das vítimas. A presente pesquisa teve o objetivo de descrever os relatos retrospectivos de estudantes universitários sobre as suas piores experiências escolares motivadas por homofobia, apontando a duração das mesmas, os principais agressores envolvidos e os sintomas advindos dessas experiências. Entre os 638 participantes que responderam à "Escala sobre Experiências Escolares Traumáticas em Estudantes -Revisada" de um estudo mais amplo sobre vitimização escolar, 21 (3,3%) descreveram componentes homofóbicos na pior experiência. Os relatos descrevem principalmente vitimização verbal e também situações de isolamento social, sendo que para 14 desses estudantes a experiência durou "anos". Em relação às consequências da homofobia, 19 participantes apontaram que se "incomodaram muito com a experiência", sendo descritos sintomas clinicamente signifi cativos, tais como de depressão e de Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Aponta-se a necessidade de novas pesquisas e são discutidas potenciais intervenções na escola para combater a homofobia. Palavras-chave:Homofobia na escola, bullying homofóbico, sintomas de homofobia na escola. Reports from University students on their Worst School Experiences on Homophobia AbstractHomophobia may be present at schools in several ways, involving multiple school agents, and favoring the development of many psychological and psychiatric symptoms by victims. This study aimed to describe university students retrospective reports on their worst school experiences motivated by homophobia, identifying their duration, main perpetrators involved, and symptoms resulting from these experiences. Among the 638 participants who answered the "Student Alienation and Trauma Survey -R" for a larger Brazilian study on school victimization, 21 (3.3%) reported homophobic components in their worst experience. The reports describe mainly verbal victimization and also social isolation situations, and for 14 students the experience lasted for "years". In terms of consequences from homophobia, 19 participants indicated that they were "much bothered from the experience", describing clinically
RESUMO -O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é considerado o principal transtorno psiquiátrico associado à violência. A fim de analisar a possível relação entre bullying e o desenvolvimento tardio de sintomas de TEPT, o objetivo do presente trabalho foi o de identificar e organizar a produção cientifica da área. Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica na literatura considerando livros e artigos publicados, bem como pesquisa eletrônica em bases de dados. A análise das pesquisas encontradas indicou que, apesar de os resultados apontarem uma relação entre TEPT e bullying, tanto na infância quanto a longo prazo, não há dados suficientes que explicitem como se dá essa relação. Contudo, há evidências de que alguns indivíduos que sofrem vitimização por bullying possam apresentar maior vulnerabilidade para desenvolver TEPT. Há muitos tipos de violência na escola, sendo que a vitimização escolar pode ser praticada tanto por pares quanto por professores. As consequências para alunos vitimizados na escola incluem sintomas físicos, doenças psicossomáticas, prejuízos sociais, emocionais e acadêmicos; sendo comuns: a depressão (Bond, Carlin, Thomas, Rubin, & Patton, 2001), a ansiedade (Fekkes, Pijpers, Fridriks, Vogels, & Verloove--Vanhorick, 2010) Palavras e os sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).A escola tem sido apontada, pela literatura, como um local no qual a violência é cada vez mais comum (Francisco & Libório, 2009;Furlong, Morrison, & Jimerson, 2004;Ruotti, Alves, & Cubas, 2007). São frequentes as agressões entre alunos e funcionários (e vice-versa), os danos contra o patrimônio escolar e, também, a agressão entre pares, conhecida como bullying, sendo tal fenômeno o foco do presente estudo. O bullying no contexto escolarDe acordo com Olweus (1991), pesquisador pioneiro sobre violência entre pares na escola, bullying refere-se a ações físicas e sociais negativas que são cometidas intencionalmente, repetidamente, ao longo do tempo por uma ou mais pessoas contra um indivíduo que não pode se defender facilmente. Para Craig et al. (2009) O bullying pode ser dividido em quatro categorias: fí-sico, que envolve comportamentos como empurrar, bater, chutar; verbal, que inclui ameaçar, xingar; relacional, que se refere a atos que danifiquem o relacionamento entre pares, como exclusão de atividades, propagação de fofocas e mentiras; e o sexual, envolvendo condutas e comentários de natureza sexual (Orpinas & Horne, 2006). Há ainda o cyberbullying, no qual as agressões são feitas por meio de recursos eletrônicos, como computadores e celulares (Lamb et al., 2009;Trautmann, 2008).
O objetivo desse estudo foi descrever as piores experiências escolares vivenciadas por estudantes, apontando a frequência e a duração desses eventos, os principais autores da violência, bem como as características dos alvos de violência (idade, série, tipo de escola). Para tanto, 691 estudantes universitários de ambos os sexos (média de 21,1 anos) responderam a uma versão traduzida e adaptada para o Brasil do instrumento retrospectivo Student Alienation and Trauma Survey-R. Os tipos de piores experiências mais frequentes foram violência relacional (35,7%) e verbal (27,4%). As meninas sofreram com mais frequência violência verbal, relacional e sexual e os meninos violência física e disciplina injusta; sendo que os autores da violência foram, em sua maioria, estudantes do sexo masculino. A idade média de ocorrência das experiências foi 12,3 anos, e 10,5% dos participantes apontaram que a pior experiência durou "anos". Tais dados contribuem para a caracterização da violência escolar no Brasil, reforçando a urgência de intervenções. Palavras-chave: violência escolar; experiência de vitimização; bullying.
Abstract:The literature indicates damage to students' mental health in cases of school violence. The aim of this retrospective study was to evaluate the psychological impact of school victimization in university students, and to analyze the association between PTSD symptoms and variables related to school victimization. 691 University students responded to the Portuguese version of the Student Alienation and Trauma Survey (SATS). Clinically significant scores in the subscales ranged from 4.7% (somatic symptoms) to 20% (hypervigilance), with frequent symptoms described in the literature resulting from school victimization, such as depression, hopelessness, cognitive difficulties, and traumatic event recollection. Additionally, 7.8% of participants presented PTSD symptoms after suffering their "worst school experience". Associations were found between PTSD symptoms and the level of distress after the experience, as well as the perceived benefits after the event, and duration. The results confirm the potential detrimental effects of school victimization, and may be useful to further investigations on this topic. Keywords Impacto de las Peores Experiencias en la Escuela en Estudiantes: Un Estudio Retrospectivo Sobre TraumaResumen: La literatura indica que casos de violencia en el contexto escolar causan daños a la salud mental de los estudiantes. El objetivo de este estudio retrospectivo fue evaluar el impacto psicológico de la victimización escolar en estudiantes universitarios y analizar la asociación de los síntomas de TEPT con variables relacionadas a la victimización. Un total de 691 estudiantes universitarios respondieron a la Escala de Experiencias Traumáticas en los Estudiantes. Puntuaciones clínicamente significativas en las subescalas oscilaron entre el 4,7% (síntomas somáticos) y el 20% (hipervigilancia), y se encontraran síntomas frecuentes descritos en la literatura resultante de victimización, tales como: depresión, desesperanza, problemas cognitivos y recuerda excesiva del evento traumático. Además, el 7,8% tenía síntomas de TEPT un mes después de su peor experiencia escolar. Se encontraran asociaciones con los síntomas de TEPT y el malestar que se siente después de la experiencia; beneficios percibidos después del evento y su duración. Los resultados indican el potencial nocivo de las experiencias de victimización escolar y pueden contribuir a investigaciones futuras.Palabras clave: violencia escolar, trauma emocional, transtorno por estrés postraumático
A literatura aponta que a educação sexual de jovens com deficiência intelectual suscita diversas dificuldades entre as famílias, pois muitas não estão preparadas para lidar com essa questão. Diante dessa necessidade, o objetivo deste estudo foi planejar, aplicar e avaliar um programa de intervenção (curso) para nove pais de jovens com deficiência intelectual de uma escola especial de uma cidade do interior de São Paulo. O curso durou dois meses, tendo oito encontros semanais, e teve caráter teórico e prático, com discussões, dinâmicas de grupo, atividades de role-playing, atividades de resolução de problemas e filmes. Por meio de uma avaliação sobre o curso, e também por meio de entrevistas, perceberam-se alguns ganhos advindos do curso, como aprendizado de conteúdos, troca de experiências e ajuda no cotidiano doméstico. Foram notadas também algumas mudanças, como quebra de preconceitos e alteração nas interações pais/filhos, além de revisão de sua postura como educadores sexuais.
Professores da educação especial costumam enfrentar dificuldades em sala de aula com a questão da sexualidade. O objetivo deste estudo foi planejar, aplicar e avaliar um programa de intervenção (curso) para 21 professores de jovens com deficiência intelectual de uma escola especial em uma cidade do interior de São Paulo. O curso durou dois meses e teve caráter teórico e prático, com discussões, dinâmicas de grupo, atividades de role-playing e de resolução de problemas, filmes e também uma atividade prática em sala de aula. Por meio de uma avaliação sobre o curso e de entrevistas, perceberam-se algumas mudanças na forma de os professores interagirem com os alunos quando o tema era a sexualidade, além de reflexões sobre a questão e revisão de sua postura como educadores sexuais.
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