IntroduçãoAs controvérsias científicas marcam os períodos de grande transformação das teorias científicas e, nessas ocasiões, é comum o cientista voltar-se para questões filosóficas (cf. Kuhn, 2001Kuhn, [1962, p. 119). Porém, as controvérsias também podem perdurar no período de ciência normal, como é o caso da controvérsia relativa à interpretação da física quântica. Uma controvérsia científica pode ser definida como uma disputa pú-blica persistente, envolvendo parcelas significativas da comunidade científica, sem fácil resolução, argumentos "epistêmicos", considerados próprios da investigação cientí-fica, e também fatores não epistêmicos, como emoções, traços de personalidade, pressões institucionais, influências políticas, rivalidades nacionais, eventos fortuitos e até fraude (cf. McMullin, 1987). As controvérsias científicas podem envolver tanto o debate do estatuto ontológico de novos conceitos, quanto do estatuto epistemológico das explicações dadas pelas teorias envolvidas. Os debates levantados por controvérsias científicas fornecem um fator de aproximação entre o trabalho dos cientistas e dos scientiae zudia, São Paulo, v. 9, n. 3, p. 625-44, 2011 625
resumoEste artigo apresenta uma breve história do nascimento da ciência do magnetismo, que ocorreu em três continentes distintos de maneira independente. Aplica-se a metodologia dos modelos causais em histó-ria da ciência para representar esses caminhos independentes, onde aparece a noção de "gargalo de desenvolvimento". Ênfase é dada para a definição de "avanços generalizados", que reúnem diferentes espécies de avanços e simplificam os diagramas causais. O relato histórico enfoca os avanços na China e na Europa até 1600.Palavras-chave: Pedra-imã. Bússola. História do magnetismo. Modelos causais. Gargalo de desenvolvimento. Avanços generalizados. IntroduçãoA abordagem da história da ciência que se baseia em "modelos causais" busca descrever a história da ciência a partir de unidades de conhecimento, chamadas "avanços", que se interligam mediante relações causais, cuja "força causal" varia com o tempo (cf. Pessoa Júnior, 2006; no prelo). O presente texto utiliza esse enfoque para tratar dos primórdios da ciência e tecnologia do magnetismo.Modelos causais permitem também exprimir "histórias contrafactuais", ou seja, histórias possíveis que não ocorreram (cf. Pessoa Júnior, 2000). No presente estudo, não se pretende especular sobre histórias contrafactuais, mas sim comparar três histórias factuais possíveis, que ocorreram na Antiguidade de maneira paralela e independente, na Europa, na China e na América Central.A metodologia de investigação baseia-se em um exame da literatura secundária sobre a história e a arqueologia dos primórdios das técnicas e conhecimentos sobre o magnetismo. Selecionam-se os avanços mais importantes, que incluem descobertas, explicações e instrumentos fabricados. Para cada avanço, estabelecem-se quais foram os avanços anteriores que condicionaram ou "causaram" seu surgimento. Propõe-se um modelo causal único que descreva as histórias nas diferentes culturas.
When asking whether consciousness is an “essentially quantum effect”, one must first lay down criteria for considering an effect quantum mechanical. After a brief survey of the interpretations of quantum theory, three such sufficient criteria are proposed and examined: wave-particle duality (or collapse), entanglement (“non-locality”), and quantum condensation (involving “identical” particles). A fourth criteria could involve the use of quantum field theories, but this problem is left open. If a quantum effect played an essential role in the brain, it would probably follow the first criterion, since the entanglement of many particles would be rapidly washed out by decoherence, and there is no strong evidence for the existence of biological condensates.
O experimento de Afshar foi proposto recentemente como sendo uma violação do princípio de complementaridade. Reconhecendo a novidade trazida pelo experimento, argumentamos que ele permite um refinamento de tal princípio, a partir do estabelecimento de dois pontos: (1) a possibilidade de modificar o "tipo" de fenômeno (onda ou partícula) sem alterar o estado quântico, e (2) a constatação de que o tipo de fenômeno, associado a um quantum detectado, refere-se a um trecho determinado percorrido pelo objeto quântico. O primeiro ponto é explorado em interferômetros de Mach-Zehnder, com dispositivos de polarização e na montagem dupla de Unruh. O segundo ponto salienta que um fenômeno pode ser corpuscular com respeito a uma região e ondulatório com respeito a outra, estando a novidade de Afshar na proposta de uma maneira de constatar ambos simultaneamente. A restrição (1) acaba tendo um efeito desprezível no experimento de Afshar.
EditorialScientiae z z z z zudia publica no segundo número deste ano um conjunto de artigos que tratam das ciências formais ou de aspectos formais ligados às ciências, iniciando com uma apresentação da teoria da prova em Leibniz, continuando com uma análise da concepção de modelo no início do século xx e para a tensão entre física e metafísica, debruçando-se então sobre uma elucidação estruturalista da explicação em bioquímica e uma elucidação intencionalista da autoria dos objetos técnicos. Os documentos científicos retornam ambos ao início do século xx retomando, no primeiro, o conceito de "modelo" no verbete de Boltzmann e avançando, no segundo, o conceito de "número transfinito" na crítica ao logicismo por parte de Poincaré. Encerram o número duas resenhas sobre coletâneas recentemente publicadas em português e espanhol.No artigo que abre o número, Mark Julian Cass apresenta com grande clareza a teoria da prova de Leibniz segundo a qual as demonstrações deveriam ser reformuladas como deduções a partir de identidades, na medida em que proposições do tipo A = A são consideradas como a fonte única de verdade. O autor explica essa teoria da prova, que é também uma teoria do conhecimento, assim como seus conceitos elementares, ou seja, os conceitos de identidade, verdade (ou possibilidade) e proposição, mostrando, neste último caso, como a teoria leibniziana da redutibilidade a proposições do tipo sujeito-predicado está vinculada à teoria da prova por redução a identidades.Em seu artigo, Tatiana Roque e Antonio Augusto Passos Videira debruçam-se sobre as concepções de modelo que estiveram em jogo na passagem do século xix para o século xx, analisando em particular o uso de modelos mecânicos no tratamento dos fenômenos elétricos e magnéticos por parte de Maxwell. Os autores buscam mostrar como o ingresso dos modelos na física é concomitante ao abandono das tentativas de representação rigorosa e sistemática do conjunto de fenômenos físicos, representados pela teoria eletromagnética do final do século xix. Avançam também apresentado posições favoráveis como a de Boltzmann e desfavoráveis como a de Pierre Duhem. Produzem com isso um quadro histórico razoavelmente completo da introdução dos modelos na ciência.Por sua vez, em seu artigo, Fábio Rodrigo Leite detém-se em uma detalhada análise das relações entre a física e a metafísica tal como vistas nas reconstruções históricas por Pierre Duhem que fazem transparecer três níveis de interação entre elas. Primeiro, no nível que talvez se possa designar como o das aspirações, os físicos são movidos por ambições (ou convicções) metafísicas que ultrapassam a rigorosa lógica; depois, no nível da sistematização, os sistemas metafísicos contribuíram para o progresso da teorização física e para o nascimento da ciência moderna; finalmente, no nível do desenvolvimento histórico, tradições metafísicas de pesquisa mostram-se mais férteis do que certas tradições positivas. Com essa articulação argumentativa, o autor procura atenuar a atribuição de instrumentalismo à posição do físico ...
No abstract
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.