Resumo Neste trabalho buscamos compreender, historicamente, o que seria e como tem sido construída a encenação na linguagem fotográfica. Partindo das reflexões de Fontcuberta, Soulages e Rouillé, refletiremos sobre categorias como performance, manipulação, ficção e verdade. Trata-se de mostrar que, apesar do que advoga o senso comum e defendem certas teorias ontológicas da fotografia (em especial Barthes, mas também Kracauer, Krauss, entre outros), a encenação sempre fez parte do processo fotográfico e hoje, num momento em que ela é praticada de forma mais aberta e consciente, um novo campo de experimentações se abre à fotografia, novas formas de ver e mostrar permeadas por um desejo de fabulação, uma vontade de inventar mundos e contar histórias.
Ao termino de Ossos (filme de 1997), rodado nas Fontainhas, gueto lisboeta de cabo-verdianos, Pedro Costa percebe-se afetado por suas experiências no bairro e vê suas afetações não se concretizarem em suas imagens. Entre Costa e o fenômeno “Fontainhas” havia a máquina-cinema: um poder maquínico que desregula corpos e fenômenos e os recompõem num regime de imagens incapaz de dar forma visual às realidades residuais. Segundo pesquisadores que dialogam com a teoria das imagens – Jean-Louis Comolli, Gilles Deleuze, Giorgio Agamben, Vilém Flusser, entre outros – as tecnologias de poder, e aqui ressaltamos os dispositivos midiático-imagéticos, administram a produção simbólica de uma realidade determinada, e têm por estratégia produzir subjetividades subservientes (ou dessubjetivações) em proveito de um determinado projeto político. Apostamos que Costa, sobretudo em Juventude em marcha (filme de 2006), ao estabelecer um método político-estético para um subversivo regime de imagens, sua estética do residual, agenciará uma série de estratégias para efetuar um desmonte – ao menos uma remontagem – da máquina-cinema.
propõe a investigar de que modo a prática de produzir e publicar fotos da vida privada na internet pode transformar o dia-a-dia dos sujeitos, possibilitando a eles uma outra experiência de si e do espaço onde vivem. Trata-se de dar início também à busca por uma estética do cotidiano, de tentar compreender por que, afinal, o banal, o próximo e o comum têm ganhado, cada vez mais, destaque nas produções visuais contemporâneas. Para isso, estabeleceremos um diálogo com o álbum virtual da fotógrafa paraense Tayná Borges, produzido ao longo de dois anos e deletado por ela em 2010.
Aby Warburg (1866-1929) e Walter Benjamin (1892-1940), judeus e intelectuais nascidos na Alemanha da segunda metade do século XIX, partilham da ideia de suspensão do movimento do curso linear da História e têm uma visão crítica e estética das técnicas. Ligados a universos relativamente distintos, nunca chegaram a se encontrar, a despeito das tentativas de Benjamin. Dentre as muitas correspondências entre seus pensamentos, nos deteremos, neste trabalho, em dois projetos inacabados – o Atlas Mnemosyne, de Aby Warburg, e Passagens, de Walter Benjamin – com o intuito de refletir sobre o legado desses autores para os métodos de investigação estética, especialmente no que se refere às imagens.
Neste artigo, discutiremos as contribuições de Arlindo Machado para uma nova compreensão não só do ato fotográfico, mas do próprio estatuto do fotógrafo na contemporaneidade. Para tal, relacionaremos a obra Street View, do fotógrafo alemão Michael Wolf, com reflexões filosóficas sobre a fotografia desenvolvidas por Flusser, Benjamin e Didi-Huberman em diálogo com Machado. Para este autor, a noção histórica da fotografia está se expandindo e, nessa conjuntura, o lugar do fotógrafo também se transforma. Assim, sugerimos como hipótese que o fotógrafo aparece menos como um “caçador de imagens” e mais como um arqueólogo ou um montador, uma espécie de crítico-colecionador trabalhando a partir de fragmentos, retalhos, sobras de sonhos e imagens.
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