Descrever as características sociodemográficas, o estado de saúde e o acesso a serviços na população em situação de rua em uma amostra em três albergues do centro da cidade de São Paulo. Amostra de 251 indivíduos: 171 do sexo masculino, 78 do sexo feminino e duas pessoas que se autodenominaram transexuais. Foi aplicado um questionário estruturado contendo dados sociodemográficos, trajetória e tempo de vida na rua, atividade física, discriminação, rede e suporte social, estado de saúde, consumo de álcool ou drogas, violência e acesso a serviços de saúde. Verificou-se o predomínio de adultos do sexo masculino, não brancos, com baixo nível de escolaridade, e com renda mensal menor que 1/2 (meio) salário mínimo. Um terço dos entrevistados já se encontrava nessa situação há mais de cinco anos. 45% dos entrevistados consideraram sua saúde boa ou muito boa. A maioria prefere utilizar as unidades básicas de saúde quando tem necessidade. As precárias condições financeiras e ausência de família somam-se às situações de violência física sofrida. Discriminação, péssimas condições de higiene e incapacidade física ou mental são comuns em suas vidas. O desafio que se coloca para a formulação da política de saúde é incorporar as representações e as práticas de cuidados desses sujeitos, como também dos serviços, como ponto de partida para a organização da assistência.
With the urbanisation of the population in developing countries and the process of globalisation, Chagas has become an emerging disease in the urban areas of endemic and non-endemic countries. In 2006, it was estimated that the prevalence of Chagas disease among the general Bolivian population was 6.8%. The aim of the present study was to determine the prevalence of Trypanosoma cruzi infection among Bolivian immigrants living in São Paulo, Brazil. This study had a sample of 633 volunteers who were randomly selected from the clientele of primary care units located in the central districts of São Paulo, Brazil. Infection was detected by two different ELISA assays with epimastigote antigens, followed by an immunoblot with trypomastigote antigens as a confirmatory test. The prevalence of the infection was 4.4%. Risk factors independently associated with the infection were: a history of rural jobs in Bolivia, knowledge of the vector involved in transmission, and having relatives with Chagas disease. Brazil has successfully eliminated household vector transmission of T. cruzi, as well as its transmission by blood transfusion. The arrival of infected immigrants represents an additional challenge to primary care clinics to manage chronic Chagas disease, its vertical transmission, and the blood derivatives and organ transplant programs.
Bolivian immigrants in Brazil experience serious social problems: precarious work conditions, lack of documents and insufficient access to health services. The study aimed to investigate inequalities in living conditions and access to health services among Bolivian immigrants living in the central area of São Paulo, Brazil, using a cross-sectional design and semi-structured interviews with 183 adults. According to the data, the immigrants tend to remain in Brazil, thus resulting in an aging process in the group. Per capita income increases the longer the immigrants stay in the country. The majority have secondary schooling. Work status does not vary according to time since arrival in Brazil. The immigrants work and live in garment sweatshops and speak their original languages. Social networks are based on ties with family and friends. Access to health services shows increasing inclusion in primary care. The authors conclude that the immigrants' social exclusion is decreasing due to greater access to documentation, work (although precarious), and the supply of health services from the public primary care system.
O presente artigo tem por finalidade contribuir para o debate sobre as políticas sociais em saúde e para a elaboração de estratégias que viabilizem a organização de serviços de saúde, a extensão da cobertura às regiões desprovidas de serviços e a conseqüente transformação das condições de saúde da população. Para isso, propõe uma reflexão sobre os sentidos das políticas, seus desdobramentos nas concepções da universalização e da focalização, e a pertinência das concepções e práticas em saúde estabelecidas nos últimos anos quanto ao encaminhamento da diminuição dos problemas da desigualdade e da pobreza. Esta análise toma como base a reflexão sobre a experiência de implantação do Programa de Saúde da Família na área central da cidade de São Paulo, seus desdobramentos e ajustes, além do questionamento sobre as características e a qualidade que devem configurar tal programa, de acordo com as especificidades de cada região do país. Conclui-se o estudo com a afirmação de que o princípio da universalidade tem contribuído para o incremento do acesso aos serviços de saúde, porém não tem criado condições para o estabelecimento da eqüidade, necessitando para isso reformulação e adaptação de programas e ações em saúde.
ResumoEste artigo relata experiência na implantação da atenção à saúde da população em situação de rua da cidade de São Paulo, visando à equidade de acesso às ações de saúde no Sistema Único de Saúde. As dificuldades de utilização dos serviços de saúde por esses indivíduos devem-se a: concepção do adoecimento-cuidado, organização técnico-administrativa dos serviços, preconceitos de profissionais e usuários e fragilidades de ações intersetoriais, entre outros. Ademais, observa-se prevalência maior de algumas condições na população de rua quando comparada às da população geral, como gestações seis vezes; alcoolismo 30 vezes e tuberculose 57 vezes -demonstrando, proporcionalmente, o grau de vulnerabilidade desse grupo. São necessários novos processos de trabalho pró-ativos na atenção à saúde que incorporem particularidades desses indivíduos, garantindo, assim, o acesso. Nesse sentido, a Estratégia Saúde da Família, por suas características, responde a tais necessidades. A partir de 2004, o projeto "A Gente na Rua" -fruto de parcerias entre a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e instituições filantrópicas -foi implementado; inicialmente com o Programa de Agentes Comunitários de Saúde, e hoje com equipes de Saúde da Família. Conclui-se que, na cidade de São Paulo, a política adotada para a atenção à saúde da população de rua promoveu o acesso à atenção básica e processos de trabalho específicos. Questões como novas estratégias de cuidado aos que apresentam transtornos mentais, integralidade, longitudinalidade e intersetorialidade nas ações, entre outras aqui
A tuberculose é uma doença infecciosa de grande impacto social causada pelo Mycobacterium tuberculosis. O relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) 2010 estima em 14 milhões o número de pessoas com tuberculose no mundo, com concentração crescente nos países com baixo desenvolvimento social. Em 1993, a OMS lançou o Tratamento Diretamente Supervisionado de Curto Prazo (DOTS), considerado a estratégia mais efetiva no controle da tuberculose em grandes proporções. O DOTS foi introduzido no Brasil em 1998, priorizando cidades com altos índices de casos. Estudos afirmam que houve progresso em diagnóstico, tratamento e rastreamento da tuberculose. O objetivo deste estudo foi revisar a literatura sobre as políticas de controle da tuberculose no mundo e no Brasil, enfatizando a estratégia DOTS. Foram selecionados documentos técnicos da OMS e do Ministério da Saúde do Brasil e artigos científicos nas bases Pubmed e Scielo, estes últimos publicados entre janeiro de 1993 e janeiro de 2010, utilizando-se os descritores: DOTS-plus, treatment, HIV, tuberculosis e DOTS. Foram selecionados 21 artigos científicos de 178 publicações em periódicos e 11 documentos técnicos. Esta literatura enfatiza as políticas de controle da tuberculose no Brasil, no mundo e sua trajetória. Conclui-se que estratégias como o DOTS demandam longo período de adaptação dos profissionais da saúde e dos governos locais, mas já se observa melhora dos indicadores de controle da tuberculose com essas políticas.
RESUMO A saúde, compreendida como estado multideterminado, revela a organização política e social de um país. Com a Constituição Federal brasileira de 1988, foi considerada um direito. A população em situação de rua expõe importantes obstáculos à garantia desse direito. O objetivo deste estudo é o de compreender as dificuldades da vida na rua que interferem na percepção e no estado de saúde de adultos em situação de rua em um município da Zona da Mata Mineira, Brasil. Adotou-se a metodologia qualitativa por meio de entrevistas semiestruturadas e observação com registro em diário de campo. Dela participaram vinte pessoas em situação de rua. Destacam-se as dificuldades relacionadas a exposição não protegida às mudanças climáticas, como frio e chuva; vivência de preconceito; vulnerabilidade à violência física e sexual; obstáculos no acesso à alimentação, água potável, banheiros; dificuldades para frequentar alguns espaços sociais e de manter tratamentos de saúde. Reconhecendo as situações que determinam os níveis de saúde das pessoas em situação de rua é possível construir políticas e estratégias que contemplem suas reais necessidades. A intersetorialidade das ações públicas ainda é um desafio ao cumprimento de um direito fundamental de todos: o direito à saúde.
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