Estudou-se a evolução temporal da epidemia de AIDS no Brasil, tendo a ocupação como variável identificadora da condição sócio-econômica dos casos. Todos os casos de AIDS de 20 a 49 anos de idade, diagnosticados entre 1987-1998, foram incluídos. Analisou-se a evolução temporal das taxas de incidência de AIDS, por sexo, categoria ocupacional e quintos da Escala de Status Sócio-econômico (ESO), além da proporção de casos segundo os quintos da ESO por categoria de exposição. Entre os homens, as taxas de incidência aumentaram, no 1: período, em praticamente todas as categorias ocupacionais, e reduziram entre aquelas classificadas como "não manuais", no 2: período. Entre as mulheres, observou-se incremento anual em quase todas as categorias ocupacionais, de 1987 a 1998. Os maiores aumentos relativos foram observados nos quintos da ESO de menor status sócio-econômico, para ambos os sexos. A categoria de exposição "UDI" foi a que apresentou o pior status sócio-econômico, em ambos os sexos, e a categoria "homo/bissexual" o status mais elevado, entre os homens. A análise evidenciou a progressiva mudança no gradiente social da epidemia de AIDS, com maior velocidade de disseminação nas populações de menor status sócio-econômico.
INTRODUÇÃOE studos sobre casamentos inter-raciais no Brasil têm indicado que os indivíduos autoidentificados como pardos têm chances maiores de se casar com brancos do que com pretos. Ou seja, no mercado matrimonial, pardos se encontram relativamente mais próximos de brancos, e os pretos parecem estar mais isolados se comparados a esses dois outros grupos (Silva, 1987). Esses resultados sugerem que as distâncias separando brancos, pardos e pretos, no mercado matrimonial, não seriam equivalentes às distâncias mais estritamente socioeconô-micas entre os grupos de cor, ou raciais, uma vez que essas desigualdades no sistema educacional e no mercado de trabalho indicam claramente que pardos estão bem mais próximos de pretos e que ambos os grupos estão em clara desvantagem em relação aos brancos. Além disso, utilizando dados de 1980, os estudos sobre o mercado matrimonial preveem um crescente aumento dos casamentos inter-raciais (ibidem; 1992). Esses padrões de casamento inter-racial favorecem o aumento da miscigenação e sugerem que as relações raciais no Brasil se caracterizam por uma crescente fluidez ou abertura à aceitação dos 7 * Carlos Antonio Costa Ribeiro agradece o apoio do Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences at Stanford University, onde este artigo foi concebido e escrito.
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