RESUMO O fenômeno sobre o qual este trabalho se debruça é o sintagma nominal (Np) que apresenta ordem não canônica de suas partes constituintes, denominado “descontínuo” por Keizer (2007). A análise e a descrição da descontinuidade têm por objetivo examinar, com base no arcabouço teórico da Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), que fatores pragmáticos, semânticos e formais motivam o falante a codificar ordenações específicas para esses Nps no Nível Morfossintático. O material de análise é constituído a partir de registros de língua falada retirados do banco de dados Iboruna, que representa a variedade falada no noroeste paulista, coletado pelo projeto ALIP, no interior do Grupo de Pesquisa em Gramática Funcional, na UNESP de São José do Rio Preto. Para os propósitos deste trabalho, exploram-se os seguintes critérios: (i) motivação para descontinuidade; (ii) tipo de material que intervém no Np; (iii) configuração morfossintática do Np descontínuo; e (iv) peso estrutural do elemento deslocado do Np. A análise dos dados mostra que a descontinuidade é, predominantemente, motivada por aspectos pragmáticos, em especial, pela focalização de informações veiculadas por parte do SN. Além disso, o Np descontínuo prototípico é caracterizado pela interferência de material morfossintático entre o núcleo do sintagma e seus constituintes pós-nucleares. Embora haja esse distanciamento linear, a compreensão de enunciados descontínuos não é prejudicada em virtude de um vínculo semântico preservado no Nível Representacional, interpretação possível num modelo teórico como a GDF.
Resumo: Este trabalho tem como objetivo principal examinar, sob a perspectiva da Gramática Discursivo-funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), quais são as motivações pragmáticas, semânticas e morfossintáticas subjacentes à ordenação dos constituintes do SN descontínuo em diferentes sincronias do português brasileiro, com o intuito de verificar se a caracterização sincrônica do fenômeno tem fundamentação diacrônica e se há diferenças na produtividade do fenômeno na fala e na escrita. A análise empírica do fenômeno toma por base amostras provenientes de diferentes fontes históricas: (i) cartas dos séculos XVIII, XIX e XX do Projeto Para a História do Português Brasileiro (PHPB) e do Corpus Histórico do Português Tycho Brahe; (ii) cartas de leitores do século XXI dos jornais Folha de São Paulo e Diário do Norte; e (iii) registros de língua falada do século XX, retirados do corpus mínimo do Projeto NURC/Brasil, e do século XXI, extraídos do banco de dados Iboruna (Amostra Censo). A metodologia inclui parâmetros de análise de ordem interpessoal (funções retórica e pragmática dos constituintes do SN), representacional (tipo de entidade semântica designada pelo núcleo do SN e a relação semântica entre núcleo e constituinte deslocado) e morfossintática (constituição morfossintática dos constituintes do SN e peso estrutural do constituinte deslocado). Com base nas análises, a conclusão é a de que a descontinuidade na estruturação do SN tem um comportamento estável ao longo do tempo e é motivada por fatores de ordem mais pragmática do que morfossintática.
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