RESUMO. Tomando como ponto de partida a vulnerabilidade feminina à infecção por HIV e a conseqüente feminilização da epidemia de aids, este estudo buscou identificar algumas representações de relações conjugais tendo como referência homens que transmitiram o HIV à companheira. Entrevistas semi-estruturadas com dez homens HIV-soropositivos que contaminaram a parceira permitiram a identificação de conteúdos relacionados com algumas categorias temáticas: a) provedor masculino, que relega o trabalho da mulher à condição de um complemento no orçamento doméstico; b) dialética passivo-ativa, que contrapõe o caráter contemplativo dos papéis femininos à iniciativa, característica do masculino; c) naturalização da infidelidade masculina, com conteúdos sobre assimetria de gêneros relacionada à liberdade do homem nas questões sexuais; d) feminilização do cuidado, que destaca o caráter continente do feminino, naturalizado pelas atribuições domésticas da mulher. Estes resultados poderão oferecer subsídios importantes para a concepção de programas de orientação sobre relações conjugais e questões de gênero, dentro do contexto da feminilização do HIV/aids. Palavras-chave: HIV/AIDS, relações conjugais, papéis de gênero.
FIGUEIREDO MAC; TERENZI NM & MACHADO AA. Um estudo diferencial sobre crenças de portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV), relacionadas ao enfrentamento psicológico das condições de contágio. Medicina, Ribeirão Preto, 32: 294-302, jul./set. 1999. RESUMO: Modelo do estudo: estudo diferencial. Objetivo: o impacto da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (aids) sobre a integridade afetiva de portadores e pacientes sintomáticos exacerba, na pessoa atendida, sentimentos de insegurança e de perda do domínio sobre a situação em que o atendimento se efetua. Este fato se reflete na resposta do paciente ao tratamento, incidindo de forma negativa sobre sua aderência aos procedimentos prescritos: assim, o conhecimento prévio sobre a maneira com que o paciente avalia as causas da doença e os recursos de que ele próprio dispõe para enfrentá-la constituem um referencial de grande importância para a concepção de estratégias de atendimento. Neste sentido, este estudo foi delineado com o objetivo de verificar as diferentes formas com que o enfrentamento psicológico das condições do contágio pelo HIV se manifesta em pessoas com aids. Metodologia: este trabalho foi delineado, compreendendo dois estudos: a) trinta (30) portadores do HIV, sintomáticos ou não, com idades variando entre dezenove (19) e cinqüenta e nove (59) anos, foram avaliados através da Escala de Locus de Controle de Levenson, permitindo classificá-los em três categorias: internos, cujo controle é atribuído à própria pessoa, externos, cujo controle é exercido por outros mais fortes ou pelo contexto, e teleológicos, cujo controle emana de um poder superior ou vontade divina; b) posteriormente, quarenta (40) pacientes sintomáticos, atendidos em clínicas públicas e particulares, foram avaliados através de uma adaptação da escala de Levenson, contextualizada para a aids. Resultados: para ambos os estudos, considerando os sujeitos definidos pelas variáveis idade e religião, não foram identificados subgrupos diferenciais (p>.05). No primeiro estudo, prevaleceram respostas da externalidade conjugadas à teleologia, nas mulheres, (.59+.17>.17+.08; p<.001); no segundo, foi verificada uma menor propensão à teleologia entre os usuários de serviços particulares, quando comparados aos de serviços públicos (-.32<+.12; p<.001), além de uma maior internalidade nestes últimos. (+.44>+.26; p=.02). Conclusões: tais resultados apontam algumas características distintivas entre os sujeitos quanto à auto-responsabilização e às crenças de razão necessária sobre problemas relacionados à aids. Considerando estas diferenças, foram discutidas algumas características que poderiam nortear futuras estratégias de orientação, subsidiárias ao tratamento clínico da aids. UNITERMOS: Controle Interno-Externo. Síndrome de Imunodeficiência Adquirida. HIV. (*) Pesquisa subvencionada pelo CNPq.
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