RESUMOO presente artigo busca argumentar que o movimento dos alunos pela escola obrigatória brasileira somente adquire feição de problema político educacional a partir dos anos 1930. Nesse sentido, ressalta que o sentido atual da noção de reprovação se define apenas no século XX, embora fosse possível reprovar os alunos desde antes. Pretende mostrar, ainda, que, em articulação com mudanças políticas e culturais em educação -como a afirmação da escola obrigatória, a definição do modelo escolar seriado e a primazia da homogeneidade das classes -, a existência de estatísticas sistemáticas e de melhor qualidade, após 1931, contribuiu decisivamente para a definição das condições de possibilidade da inclusão na agenda política da reprovação como problema.PALAVRAS-CHAVE história da educação; estatísticas de educação; rendimento escolar; política educacional.
O percurso trilhado até a conclusão desta tese me parece, agora, mais longo do que os quatro anos em que estive no Doutorado. De fato, esta etapa se insere num empenho de formação bastante mais amplo. Muitas pessoas me acompanharam e me ajudaram em momentos diversos -e não seria possível listá-las todas aqui. Gostaria de expressar meu reconhecimento sincero àqueles(as) que colaboraram, de maneiras variadas, para que fosse possível a realização da pesquisa e/ou o aprofundamento da reflexão e análise que me propus a empreender. Agradeço especialmente a: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pela concessão da bolsa de Estágio no Exterior, que me permitiu ficar um ano na França. Foi essencial para enriquecer, do ponto de vista conceitual, a análise das fontes e do objeto de estudo.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela bolsa concedida para o último semestre de trabalho, quando da minha volta ao Brasil. Foi fundamental poder me dedicar exclusivamente ao Doutorado na etapa conclusiva da pesquisa.Denice Barbara Catani, minha orientadora, de quem admiro a capacidade intelectual, o rigor acadêmico e a leitura exigente. Instigou-me a buscar fazer sempre melhor.
Resumo: Neste trabalho, o objetivo é focalizar as representações das escolas isoladas na documentação do estado do Rio Grande do Sul durante o início do século XX. Embora seja inegável que a escola seriada tenha se imposto como representação de uma instituição de melhor qualidade ao longo desse período e progressivamente tenha passado a predominar em termos quantitativos, esse processo não foi rápido e não se deu sem resistências. Assim, pretende-se mostrar que, até pelo menos os anos 1940, a matrícula nas escolas isoladas, de diversos tipos e administradas por diferentes instâncias, foi numericamente mais expressiva do que a das escolas seriadas, cuja instalação se deu em 1909 no estado. Pretende-se mostrar também os argumentos em defesa dessas pequenas escolas, bem como as dificuldades por elas enfrentadas e a evidência do desprestígio das escolas isoladas rurais. Para tanto, foram examinados os relatórios da Diretoria da Instrução Pública e a legislação pertinente.
Resumo Nos discursos pedagógicos contemporâneos, a defesa do direito à educação aparece quase sempre associada a enunciados de teor psicológico e/ou sociológico sobre a importância de se respeitar e levar em conta as diferenças individuais no ensino, condição considerada indispensável para tornar a escola inclusiva. Como se difunde essa convicção no campo educacional? E quais os seus efeitos nas reformas educativas, na formulação dos currículos, no trabalho dos professores e nas experiências vividas pelos alunos? A partir dessas e outras questões, tivemos a oportunidade e a alegria de entrevistar Thomas S. Popkewitz, Professor da Universidade de Wisconsin-Madison, que tem como um de seus principais interesses de pesquisa a formação histórica dos sistemas de pensamento, em particular o modo como se produzem, divulgam e implementam ideias no campo educacional, por meio da formulação dos currículos e reformas educativas. Nessa conversa, o autor emprega o conceito de alquimia para pensar sobre os modos como o currículo opera a conversão das disciplinas científicas em disciplinas escolares. Popkewitz considera que os currículos e reformas educativas expressam medo em relação às crianças que parecem refratárias à escolarização, as quais são vistas como uma ameaça ao futuro. Observa que essas crianças são o alvo das políticas de inclusão, as quais, no mesmo movimento que pretende incluí-las, as excluem ao nomear e tornar visíveis suas “diferenças”, percebidas como desvantagens.
O presente artigo analisa os discursos sobre as estatísticas educacionais em publicações que circularam nas décadas de 1930 e 1940. As fontes aqui mobilizadas foram elaboradas no Serviço de Estatística de Educação e Saúde, sob coordenação de Teixeira de Freitas, e no Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, organizadas por Lourenço Filho. O foco deste artigo está na percepção da existência de diferentes apropriações das estatísticas escolares. O que se destaca é que os elementos evocados, os aspectos enfatizados e as interpretações feitas têm considerável vinculação com o que está em jogo nos campos em que cada autor se atrelava originalmente - como se pretende evidenciar pela análise empreendida.
O presente artigo pretende contribuir para a reflexão acerca das estatísticas educacionais como fonte para as pesquisas em História da Educação. Buscou-se aqui, principalmente, desvelar a maneira pela qual foram produzidas, no âmbito central, as estatísticas educacionais referentes ao período de 1871 a 1931. Foram analisados relatórios oficiais - da Diretoria Geral de Estatística - e repertórios estatísticos editados por aquela repartição, onde se buscou localizar as recomendações e definições para a realização dos trabalhos. Pretendeu-se, problematizando as fontes documentais de estatística educacional e suas interpretações mais comuns, diminuir o desconhecimento sobre a origem de números escolares, que, eventualmente, são utilizados em pesquisas atuais sem o conveniente exame crítico.
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