A baixa qualidade de artigos enviados aos periódicos científicos e os ardis utilizados para publicar - que resultariam de uma política de avaliação acadêmica que valoriza a quantidade de trabalhos publicados ponderada pela pontuação das revistas - preocupam cada vez mais editores e pesquisadores. Este artigo problematiza a noção de produtivismo e a relação causal que se estabelece entre a pressão para publicar e a qualidade dos artigos, argumentando que o problema, no mais das vezes, se defronta diretamente com o próprio processo da produção científica. Discorre-se sobre questões relacionadas à avaliação e aos princípios éticos envolvidos na elaboração e submissão de artigos. Indica-se a leitura dos documentos aprovados na 2ª Conferência sobre a Integridade na Pesquisa, ocorrida em Cingapura, em 2010 - publicados nesta edição - que estabelecem padrões internacionais para editores de periódicos e para autores, e que constituem um importante auxiliar na formação de pesquisadores.
Resumo Neste artigo argumenta-se sobre uma perspectiva historiográfica que procura situar a educação no quadro das relações sociais. Circunscrever as pesquisas aos limites escolares traz o risco da produção de interpretações restritas ao que poderia ser denominado educentrismo. São feitas considerações sobre os limites do educentrismo e apresentam-se informações sobre documentação digitalizada no quadro de ampla pesquisa. Indicam-se desdobramentos da adoção dessa perspectiva no que se refere ao trabalho com as fontes legislativas e a imprensa periódica, bem como sobre a questão das relações internacionais em torno das temáticas da Igreja Católica e do jardim de infância, em que ocorrem tensões com dinâmicas locais, regionais e nacionais. Palavras-chave: historiografia, educação, relações sociais, fontes. HISTORY OF EDUCATION IN THE FRAMEWORK OF SOCIAL RELATIONS AbstractThis article argues about a historiographical perspective that attempts to set education in the context of social relations. The research circumscribed in school boundaries takes the risk of producing restricted interpretations, which could be termed as educentrism. It makes considerations about the limits of educentrism, and it presents information about digitized documents from extensive research. It indicates consequences from the adoption of this perspective, related to working with sources like legislative documents and periodicals, and also on the question of international relations, about the themes of Catholic Church and the kindergarten, and the tensions in local, regional and national dynamics. Key-words: historiography, education, social relationships, sources. HISTORIA DE LA EDUCACIÓN EN EL MARCO DE LAS RELACIONES SOCIALESResumen En este artículo, se argumenta sobre una perspectiva historiográfica que busca colocar la educación en el contexto de las relaciones sociales. Circunscribir la investigación a los límites de la escuela trae el riesgo de la producción de interpretaciones restringidas a lo que podría denominarse como educentrismo. Se hacen consideraciones sobre los límites del educentrismo y se presenta información sobre documentos digitalizados en un amplio marco de investigación. Se indican las consecuencias de la adopción de esta perspectiva, con respecto al trabajo con fuentes legislativas y la prensa periódica, así como sobre la cuestión de las relaciones internacionales, alrededor de las temáticas de la Iglesia Católica y del jardín de infantes, en que se producen tensiones con las dinámicas local, regional y nacional. Palabras-clave: historiografía, educación, relaciones sociales, fuentes. HISTOIRE DE L'ÉDUCATION DANS LE CADRE DES RELATIONS SOCIALES
RESUMO Este artigo tem como intenção problematizar a atribuição de originalidade da instituição extraescolar denominada parque infantil, integrado ao Departamento de Cultura da prefeitura da cidade de São Paulo em 1935. Apresentam-se articulações e propostas de instituições congêneres, com diferentes denominações. O playground norte-americano e sua história são focalizados no texto. Elencam-se e analisam-se elementos constitutivos dessas propostas. O texto se apoia em artigos e livros com resultados de pesquisas sobre o tema e em fontes documentais, como reportagens da imprensa diária, relatórios e comunicações a congressos, revistas e livros do período estudado, que retrocede à primeira metade do século XIX. Inspiradas em uma metodologia indiciária, a crítica historiográfica e a interpretação histórica têm como perspectiva situar o estudo da história da educação no quadro das relações sociais. A crítica historiográfica identifica a adoção de narrativas feitas pelos sujeitos que atuaram no período ou o uso das fontes sem problematização, simplificando os processos históricos. A interpretação se distancia de atribuir valor às instituições, seja de forma positiva ou negativa. Considera-se que não basta adjetivá-las como promotoras da cultura e da cidadania, ou ao contrário, do controle e da disciplina, pois ambas as dimensões podem ser identificadas nos elementos presentes nas propostas. A helioterapia e as escolas ao ar livre, o paisagismo e os parques urbanos, a educação física como impulsionadora dos ambientes educacionais ativos e das atividades culturais, as propostas da escola infantil britânica compõem a configuração do parque infantil.
Passaram-se mais de 25 anos ao longo dos quais a obra de Philippe Ariès, História social da infância e da família, foi traduzida no Brasil e reinou quase solitária como referên-cia para a história da infância ocidental. A publicação do livro de Colin Heywood permite aos leitores brasileiros o acesso a uma competente síntese do avanço dos estudos sobre o tema em alguns países europeus e nos EUA.Heywood faz um rastreamento de pesquisas produzidas no Reino Unido, na França, nos EUA, bem como na Itália, na Rússia e nos países escandinavos, entre outros. Isso surpreende, pois não é comum encontrarmos obras de autores estrangeiros que reú-nam como referências a bibliografia em língua francesa e em língua inglesa. Os estudos sobre a história da infância em nosso país têm se ocupado de algumas dessas pesquisas européias e norte-americanas e das críticas às teses de Ariès, mas as trataram em análises mais pontuais, referidas a um ou outro aspecto do tema.O livro organiza-se em três partes. A primeira, ocupa-se das mudanças nas concepções de infância a partir da Idade Média. A segunda, trata da relação das crianças com seus pais e com seus pares ao longo das etapas do seu processo de crescimento. A terceira parte dedica-se às crianças no mundo mais amplo, envolvendo o trabalho, a saúde e a educação. Mesmo com a grande abrangência de fontes bibliográficas, a linguagem é acessível a um amplo público leitor.O livro parte da compreensão de que seria simplista considerar a ausência ou a presença do sentimento da infância em um ou outro período da história. Considera mais frutífera a busca de diferentes concepções sobre a infância em diferentes tempos e lugares.O autor identifica várias "descobertas" da infância: nos séculos VI a VII, nos séculos XII a XIV, nos séculos XVI e XVII, no século XVIII e início do XIX, e no final do XIX e iní-cio do XX. A história da infância move-se por "linhas sinuosas", de modo que a criança pode ter sido considerada impura no início do sé-culo XX, como o fora na Alta Idade Média. Se há uma mudança de longo prazo em que a progressiva aceitação da necessidade de uma educação escolar prolonga a infância e a adolescência, se há um interesse crescente e uma imagem cada vez mais positiva da infân-cia, os debates assumem uma forma cíclica e não linear. A ambigüidade, nos diferentes momentos, polariza a criança entre a impureza e a inocência, entre as características inatas e as adquiridas, entre a independência e a dependência, entre meninos e meninas.As relações das crianças com seus pais e pares é discutida sob vários aspectos: o desejo ou não de se ter filhos, o parto, o batismo, a apresentação das crianças à comunidade e a morte de mães e crianças. Heywood constata que até o impacto da medicina moderna, no final do século XIX, ter filhos era um empreendimento arriscado, mas isso não impedia a expectativa de procriação entre aqueles que se casavam.A seguir, discute a questão das amasde-leite, a alimentação, o vestuário, a higiene, o infanticídio, o abandono. Considera que a natureza dramática de algu...
A comunicação pretende analisar as primeiras iniciativas de elaboração de uma história da educação brasileira, apresentando várias publicações. As principais fontes utilizadas neste estudo foram divulgadas durante as Exposições Nacionais e Internacionais realizadas no final do século XIX e início do século XX. O marco inicial, no ano de 1881, refere-se à realização da Exposição de História do Brasil, ocorrida no Rio de Janeiro, e a data de 1922, à Exposição do Centenário da Independência do Brasil, ocorrida também naquela cidade. A cada exposição, anunciava-se o trilhar da nação rumo ao progresso, amparada pela ciência, pela indústria e pela técnica. Impulsionava-se a elaboração de nossa história, da história de cada um dos setores e das instituições que representariam os pilares da civilização moderna , entre elas a história da educação brasileira. Anunciava-se uma evolução a ser alcançada em um futuro mais ou menos distante. A análise irá mostrar ainda que o privilégio ao uso de fontes oriundas da legislação, dos relatórios elaborados por representantes do executivo, ou dos debates parlamentares e anuários estatísticos, assim como a eleição de certos temas recorrentes em nossa historiografia educacional, têm suas raízes no material estudado. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PESQUISA BIBLIOGRÁFICA HISTORIOGRAFIA ABSTRACT ROOTS OF THE BRAZILIAN EDUCATIONAL HISTORIOGRAPHY (1881-1922).The article intends to analize the beginning of the history of the Brazilian education, presenting several publications. The sources of this study were disclosed during the national and international expositions in the late 19th and early 20th centuries. The initial landmark in 1881 refers to the Exposition of History of Brazil, in Rio de Janeiro, and the end in 1922 refers to the International Exhibit which celebrated the centennary of the Independance, also in Rio. For each exhibit, the nation was proclaimed in the wake of progress, guided by science, industry and technology. The history of every sector and institution which were seen as the foundation of the modern civilization were boosted, including the history of the Brazilian education. Our evolution was announced for a near future. The analysis will show that the privilege assigned to sources coming from the educational legislation, governamental repports, or parliament debates, and the election of recurrent themes in our educational historiography has its roots in these publications.
RESUMO: Os almanaques de farmácia foram veículos de difusão não só de medicamentos, mas também de ideias relacionadas com o projeto de modernização da sociedade brasileira. No período entre 1920 a 1940, eles se dedicaram a vários temos vinculados à infância. Associava-se o progresso a uma infância bem-cuidada e disciplinada. As amas de leite e o tipo de amamentação foram objetos de obstinados debates. Além disso, nota-se a preocupação com os aspectos educacionais em atividades como jogos e passatempos, assim como em artigos e editoriais sobre campanhas de alfabetização, a manutenção de escolas e a publicação de materiais didáticos, como abecedários e tabuadas. A mulher é interlocutora privilegiada, tanto em relação aos cuidados e indicações de medicamentos e alimentos quanto nas atividades educativas propostas para as crianças. Cuidar e educar a criança simbolizava a introdução de padrões modernizadores no Brasil. Palavras-chave: Infância; Almanaques de Farmácia; Nacionalismo. CHILDHOOD IN ALMANACS: NATIONALISM, HEALTH AND EDUCATION (1920-1940) ABSTRACT:The pharmacy almanacs were a source of diffusion not only for medicines but also for ideas related with a project for the modernization of the Brazilian society. In the period 1920-1940 such publications dealt with several topics regarding childhood. Progress was associated with a well-cared and disciplined childhood. Wet-nurses and the type of breastfeeding were the subject of stubborn debates. Besides, it was also common the concern with educational issues in activities like games and pastimes, as well as in articles and texts about literacy campaigns, school maintenance and the publication of didactic materials, alphabets and multiplication tables. The woman is a privileged addressee, both on issues related with medicine and food care, and also on educative activities aimed at children. To care for and to educate a child symbolized the introduction of patterns that modernized many aspects of the Brazilian society.
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