Pouco mais de três décadas após o início da pandemia de AIDS, com o desenvolvimento de medicamentos e tratamentos que estabilizam o HIV, a prevenção e a educação em saúde continuam sendo um dos principais focos de formulação de políticas e ações neste campo. A prevenção primária é constituída por medidas que visam evitar a instalação de agentes que possam causar doenças (Czeresnia, 2009). No caso das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST's)-Aids, a prevenção primária apoiase nos métodos de barreira, como o uso de preservativo, o qual tem se constituído como um dos principais focos das políticas públicas brasileiras. A prevenção está atrelada a um exercício de educação em saúde, compreendido enquanto um processo de transformação do sujeito na relação com seu corpo e sexualidade. Existem diferentes modelos de prevenção em saúde, conformando uma heterogeneidade de abordagens. Meyer, Mello, Valadão & Ayres (2006), Ayres (2002), Paiva (2000), criticam os modelos centrados na prescrição de condutas, onde os téc-nicos supostamente sabem e prescrevem o que é melhor para o outro, com o pressuposto de que a prevenção seria algo a ser ensinada, numa perspectiva racional-cognitiva. Também criticam as pedagogias do medo, centradas na doença e seus aspectos biomédicos. Segundo Ayres (2002), a primeira lição aprendida, ainda no início da epidemia, "é que o caminho do terror, do susto, de que quanto mais assustadora a propaganda melhor seu efeito preventivo, é extremamente limitado" (p. 14)Da crítica a esses modelos surgem novas experiências e propostas. Entre as características consideradas inovadoras, reside a proposição de que elas sejam construídas "em conjunto" com as pessoas e grupos afetados e não apenas "para" eles, suscitando a emergência de pesquisas e ações no campo assistencial com caráter participativo. Neste contexto, o conceito de vulnerabilidade passa a orientar as ações de prevenção e educação em saúde (Meyer et al, 2006;Ayres, França-Jr, Calazans, & Saletti Filho, 2008;Paiva, 2008). A vulnerabilidade é concebida como "esse movimento de considerar a chance de exposição das pessoas ao adoecimento como a resultante de um conjunto de aspectos não apenas individuais, mas também coletivos, contextuais, que Uma pesquisa-intervenção sobre prevenção às IST/HIV com mulheres lésbicas e bissexuais.A research-intervention about the prevention of STI/HIV with lesbian and bisexual women.Monique Cristina Henares Batista I Gustavo Zambenedetti II ResumoEsta pesquisa buscou discutir estrategias de prevenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis(IST's)/HIV e proporcionar um processo grupal participativo entre lésbicas e bissexuais. Foi utilizada a pesquisa-intervenção, seguindo o referencial analítico-institucional. Foram selecionadas cinco participantes (duas lésbicas e três bissexuais), com as quais foram realizados três grupos focais. As experiências de prevenção das participantes tiveram caráter prescritivo, biomédico e heteronormativo. Foi relatado falta de preparo dos profissionais de saúde para atendimento dessa po...
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