O trabalho tem como objetivo perceber e compreender como as mulheres brasileiras de classe média-alta e urbanas (a partir de 1990) pensam a construção de sua auto-imagem, quais os modelos corporais que influenciam este processo, bem como as técnicas corporais para alcançá-los. Os eixos de análise são as representações corporais, já que uma das hipóteses centrais do projeto é que através da análise do ideal de corpo perseguido pelas mulheres, seja possível ter acesso a todo um sistema de percepção não apenas de si, mas também do mundo do qual estas mulheres fazem parte, já que o corpo pode ser visto como um microcosmo e atesta uma marca social. O trabalho investiga as relações entre corporalidade e identidade para as mulheres da amostra, questionando, entre outras coisas, se a obtenção de um corpo específico é, na percepção das mulheres, fundamental para que estas se sintam donas de um estilo de vida e de um pertencimento social específicos. Investiga a importância da mídia neste processo, bem como os perigos do culto ao corpo, discutindo e alertando, entre outros aspectos, para os distúrbios alimentares.Palavras Chaves: corpo, representações corporais, técnicas corporais, culto ao corpo, identidade feminina e mídia.
resumo Este artigo re ete sobre o processo contemporâneo de culto ao corpo, em especial, entre mulheres de classes média-alta e frequentadoras da academia de ginástica Cia Athlética, procurando entender por que o corpo assume um lugar privilegiado nas referências simbólicas de nossa cultura. Mostra que as mulheres pesquisadas veem seus corpos como "meios" importantes de interação social, obtenção de status, inserção no mercado de trabalho, valorização de si, etc. No nal, aborda, ainda que rapidamente, alguns paradoxos do culto ao corpo, como os distúrbios alimentares.palavras-chave Representações corporais. Culto ao corpo. Mídia. Distúrbios alimentares. IntroduçãoO presente artigo sintetiza dados e re exões discutidos em minha tese de doutorado, defendida em 2006 no PPGAS da Universidade de São Paulo. A pesquisa foi realizada com 80 mulheres, todas praticantes de atividades físicas e frequentadoras da academia de ginástica Cia Atlhética. Os objetivos centrais eram perceber e compreender como as mulheres brasileiras urbanas, a partir de 1990, pensavam a construção de sua autoimagem, quais modelos corporais exerciam in uência neste processo e quais as técnicas corporais empregadas pelas mulheres para atingir seus objetivos. Outro ponto central da pesquisa era re etir sobre o fenômeno do culto ao corpo, procurando entender suas origens e implicações para a autoestima das mulheres pesquisadas, e é sobre este último ponto que o artigo em questão se detém.Dessa maneira, embora o presente trabalho não se concentre nas linhas analíticas que discutem profundamente as questões do gê-nero e da classe social, as mesmas não deixaram de perpassá-lo, até porque, como salienta Lauretis, "a partir do momento em que assinalamos o 'F' num formulário, ingressamos o cialmente no sistema sexo-gênero, nas relações sociais de gênero, e fomos 'engendradas' como mulheres, isto é, não apenas os outros que nos consideram do sexo feminino, mas a partir daquele momento nós passamos a nos representar como mulheres" (Lauretis, 1994, p. 220). Assim, embora ciente de toda a polêmica que envolve as discussões de gênero, e mesmo sabendo que cada vez mais os homens aderem a vários suportes da cultura do corpo, a opção por entrevistar somente mulheres deveu--se aos seguintes motivos: a facilidade de acesso ao universo feminino e o interesse em delineá--lo com a maior abrangência possível; a nítida percepção de que as mulheres estavam mais dispostas a conversar com uma mulher sobre aspectos ligados ao corpo do que os homens, etc. É preciso salientar, também, que como o lócus do trabalho foi a academia de ginástica Companhia Athlética (unidade Shopping Morumbi), retentora de um público-alvo abasrevista2011-a.indd 69
Disse Mássimo Canevacci: "o cinema possui um enigma mítico em seu poder de atração" (1984). Estar numa sala de cinema escura é estar imerso em um reino que mistura realidade e fantasia, dando asas aos nossos sentimentos e sonhos. Se o filme em questão for um drama romântico, talvez se potencializem ainda mais as possibilidades de catarse e identificação com as tramas. Afinal, qual de nós, simples mortais, não tem um amor romântico (ou, pelo menos, uma idéia do que seja isso) para nos fazer entrar em comunhão com os dramas vividos pelos personagens? O novo livro de Heitor Capuzzo, Lágrimas de luz -o drama romântico no cinema, pretende analisar as estratégias narrativas do melodrama desde Intolerância, de David Griffith (1916) até Titanic, de James Cameron (1997), e perceber porque este gênero cinematográfico é capaz de conquistar grandes platéias e suscitar sofridas lágrimas. O cinema vem sendo alvo de atenção de Capuzzo há algum tempo. Por dez anos ele atuou como crítico de cinema e dirigiu curtasmetragens. Hoje atua como professor titular do Departamento de Fotografia e Cinema da EBA/UFMG e coordena o midia@rte. É autor, entre outros, de Alfred Hitchcock: o cinema em construção e de O cinema além da imaginação (ambos publicados pela Fundação Ceciliano Abel de Almeida, em Vitória, respectivamente, em 1993 e 1990). Para os amantes do cinema e para a antropologia visual, trata-se de um livro fundamental. -244 -Capuzzo afirma que o período do cinema mudo e de seu sucesso comercial no cinema industrial americano deve muito a Cecil B. De Mille, cuja principal característica era a momumentalidade, criada a partir do uso de trucagens e efeitos especiais. Segundo ele, a diferença entre De Mille e Griffith é que De Mille arrisca dentro de possibilidades seguras tais como o impacto fácil, os efeitos sensacionalistas, o excesso de estímulo e o exagero de figurantes e adereços, gerando um cinema pouco sutil, mas que numa realidade industrial tornou-se um modelo de sucesso a ser alcançado e que Hollywood não cessará de utilizar, como veremos depois em Titanic, já nos anos 90. O que interessou a De Mille foram os efeitos especiais, que procuram o espetacular, numa encenação marcada pela teatralidade, apostando no impacto que eles causariam no espectador. Os contrapontos são amplamente utilizados, bem como a particularização de conflitos históricos em alguns personagens, construindo uma síntese dramática de grande apelo sobre o espectador.Nos anos 20 o cinema mudo atingirá sua sedimentação, principalmente com a chegada de cineastas estrangeiros à Hollywood. O público já estará alfabetizado na linguagem das imagens em movimento e permitirá a busca por articulações narrativas mais complexas, que permitam inclusive o abandono dos letreiros. Será o caso de Victor Sjöstrom, de O vento, que se concentrará na interiorização dos conflitos para criar a atmosfera dramática. O filme narra a fábula de uma jovem filha do Sul que se desloca até o deserto do Oeste para ir morar com um primo casado. Ventos castigam a região cobrindo todo o ...
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