RESUMO A partir de uma coleção de dados audiovisuais de situações de complexa ecologia interacional e material, abordamos questões de caráter técnico-metodológicas, teóricas e epistemológicas oriundas do trabalho com vídeo destinado a análises linguístico-interacionais de orientação multimodal. Dentre elas destacamos: formas de registro; uso de softwares; práticas de transcrição e representação de dados audiovisuais; distinção entre descrição e transcrição de movimentos corporais. Inspiradas nas reflexões produzidas no campo da videoanálise, apresentamos como resultado alguns procedimentos de pesquisa mobilizados para dar conta da transcrição, representação e publicização dos recursos multimodais relevantes para os/as participantes nas interações.
Perspectivas otimistas na comunicação de notícias difíceis sobre a formação fetalOptimistic perspectives in communicating difficult news on fetal development Perspectivas optimistas en la comunicación de noticias difíciles sobre la formación fetal Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições, desde que o trabalho original seja corretamente citado.
INTRODUÇÃOA comunicação de boas ou más notícias é um momento memorável. O fato é que, normalmente, conseguimos ter a nítida lembrança de onde estávamos, de quem nos contou, de como determinada notícia nos foi comunicada e, ainda, de nossa reação ao recebê-la. No que tange a más notícias, em particular, quem as comunica tem um papel fundamental, uma vez que não há como mudar os fatos a serem comunicados, mas há como amenizar o impacto do que é relatado por meio de como as notícias são entregues (MAYNARD, 2003).
RESUMO Este estudo**** investiga, por meio da Linguística Interacional e da Análise da Conversa, como o traço prosódico tom contribui para a produção e atribuição de sentido a ações realizadas através da prática da formulação no ambiente jurídico. Argumenta-se que as formulações analisadas variam em termos prosódicos conforme a ação desempenhada local e situadamente na interação: checar entendimentos e desafiar o/a interlocutor/a.
This paper explores the fine-grained interactional minutiae involved in promoting health literacy in medical interactions. More specifically, it explores the multimodal interactional resources (verbal and nonverbal) that health professionals and lay participants mobilize in order to make sense of fetal ultrasound images. We adopt the ethnomethodological perspective of Multimodal Conversation Analysis (SACKS; SCHEGLOFF; JEFFERSON, 1974; GOODWIN, 1981; 2010; MONDADA, 2018) to investigate 10 audio and video interactions that were recorded during fetal ultrasound exams that took place at a moderate and high-risk pregnancy ward in a public hospital in Brazil. Our aim is to ‘make visible’ the multimodal ethnomethods that interactants employ in order to render ultrasound images intelligible ‘texts’. Among the various semiotic resources mobilized to achieve intersubjectivity in this complex setting, special focus is given to the healthcare professionals’ use of similes, and the fundamental importance of the temporality in which verbal and nonverbal resources are mobilized in the process of making images intelligible. In that sense, we hope to bring to this special thematic issue the methodological advantages that a Multimodal Conversation Analytic perspective can afford to the discussion about multiliteracies and, in practical terms, to the advancement of health literacy. In medical contexts, health literacy can (and perhaps should!) be a concern ‘at all points.’ There might be no ‘borders’ to what constitutes a health literacy source or resource. Our claims, thus, are the following: (i) ultrasound images do constitute materials to be ‘read’ and understood - also by lay participants; (ii) healthcare professionals can (and perhaps should) promote health literacy among patients by employing efforts to make images ‘readable’; and, finally, (iii) social interaction is one of the constitutive loci for the promotion of multiliteracy events.
Por meio da perspectiva teórico-metodológica da Análise da Conversa (Sacks, Schegloff, & Jefferson, 1974), analisamos ligações feitas por mulheres a uma Central de Informações sobre Saúde, que oferece gratuitamente informações sobre transmissão, sintomas e prevenção de doenças e faz encaminhamentos a unidades de saúde. O objetivo deste estudo é analisar como os/as interagentes (usuárias do serviço e atendentes) se referem ao/à beneficiário/a da informação requisitada. Algumas usuárias dessa Central de Informações, mesmo sabendo que se trata de um serviço que garante sigilo, evitam revelar-se como beneficiárias da informação e, frequentemente, atribuem a uma terceira pessoa a necessidade da informação. Chamamos esse fenômeno de ‘terceirização’. Outras usuárias se referem ao/à beneficiário/a da informação como ‘a mulher’, ‘a pessoa’, ‘alguém’ etc., ao que chamamos de ‘generalização’. Ao terceirizar ou generalizar o/a beneficiário/a da informação solicitada, as usuárias se eximem da responsabilidade sobre algo que possa ser ‘moralmente questionável’ (Bergmann, 1992), como relação sexual desprotegida, por exemplo. Uma análise de como essa ‘negociação’ acontece nesses atendimentos é particularmente relevante para o contexto interacional investigado, pois a existência de algum/a beneficiário/a é determinante para posteriores e necessários encaminhamentos a centros de saúde.
Com base nas perspectivas teóricas e metodológicas da Linguística Interacional e da Análise da Conversa, este estudo investiga como o traço prosódico tom contribui para a formação e a atribuição de sentido às ações em audiências de instrução, em particular, na prática de formulação. A análise revela que variações de tom na prática de perguntar estão intrinsecamente relacionadas às diferentes ações realizadas local e situadamente: checar entendimento e desafiar o interlocutor.
Atualmente, o Brasil insere-se no cenário internacional das migrações de crise como destino de milhares de imigrantes. Assim, torna-se necessário implantar políticas de acolhimento à essa população. Nesse sentido, o ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) constitui uma das principais formas de promoção da integração de imigrantes na sociedade brasileira. No entanto, os materiais didáticos de PLAc disponíveis são limitados em termos de interações naturalísticas e dos contextos comunicativos relevantes às demandas dos imigrantes (MIRANDA; LOPEZ, 2019; PERNA; ANDRIGHETTI, 2019). Como parte de um projeto de pesquisa desenvolvido no Instituto Federal do Rio Grande do Sul - Campus Farroupilha denominado “O português brasileiro falado na Serra Gaúcha como língua de acolhimento para imigrantes”, o qual pretende elaborar materiais didáticos de PLAc que atendam às necessidades dos imigrantes, o presente estudo visa analisar entrevistas com imigrantes residentes no Rio Grande do Sul com o foco em elencar as instituições e os contextos interacionais mais relevantes para eles. Além da análise dos dados coletados, que foi feita através da metodologia da Análise de Conteúdo, realiza-se uma breve discussão sobre três temas mencionados pelos participantes da pesquisa: a inserção dos imigrantes no mercado de trabalho formal brasileiro, a importância da mediação linguística e alternativas de Políticas de Acolhimento. A partir dos dados coletados, será possível realizar gravações de interações naturalísticas nos locais elencados pelos participantes, as quais darão subsídio à produção de materiais didáticos de PLAc adequados às suas demandas.
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