A divulgação de correspondência entre escritores possui as suas justificativas afiançadas, na grande maioria dos casos, pela amizade que duas personalidades de um mesmo círculo literário cultivaram. Sendo regado por tal sentimento, a quantidade de testemunhos sobre o cotidiano, vida e obra renasce através da leitura das cartas particulares e afetivas de autores. Para tanto, este trabalho pretende averiguar discursos no íntimo epistolar de dois importantes escritores – Josué Guimarães e Otto Lara Resende – os quais trocaram correspondências, algumas das quais estão sob guarda do ALJOG/UPF, na Universidade de Passo Fundo. Com o objetivo da verificação da memória no diálogo íntimo missivista dos dois autores, algumas cartas serão remontadas neste trabalho com o intuito de evidenciar a amizade entre ambos, a qual deixa transparecer processos importantes de leitura e apoio, principalmente pela voz de Otto. Amparado por Santiago (2006), Diaz (2016) e Bouzinac (2016), este trabalho resgatará a voz privada e desconhecida até então na epistolografia daqueles cuja importância literária jamais será esquecida.
EDIÇÃO 39 – ESTUDOS LITERÁRIOSDEZEMBRO DE 2009 – Online desde 10 de janeiro de 2012Márcia Ivana de Lima e Silva (UFRGS)Miguel Rettenmeier (UPF)(Organizadores Convidados)
Este trabalho discutirá o encaixe do gênero epistolar no panorama dos estudos culturais, utilizando como corpus as missivas do escritor Josué Guimarães, sob guarda do ALJOG/UPF, na Universidade de Passo Fundo. Constatou-se que nas cartas do autor, percursos de escrita literária e relatos de um tempo foram recorrentes, auxiliando a descoberta daquilo que provavelmente nunca foi evidenciado em outros pronunciamentos.
De início, gostaria de fazer uma pequena proposta, a qual, de alguma forma, motiva este trabalho: que não nos percamos, na leitura do texto literário, no dinamismo excessivo da vida atual, intimamente associada às tecnologias e aos computadores. Presumivelmente não há microtoxinas em nossa circulação, o que nos obrigaria, como Case, de Neouromancer, de Gibson, a correr contra o tempo pela vida em busca de determinado antídoto. Se o corpo é a carne, como bem sabe o protagonista do romance, e a carne tem lá suas exigências, pensemos que podemos e devemos, em dados momentos, ter o tempo a nosso favor. E isso implica a liberdade de pensar e sentir com maior acuidade certas coisas num tempo presente, mesmo sob as demandas instantâneas do tempo real. Em outras palavras: experimentar a possibilidade de existir diferentemente numa atualidade cujas relações entre informação e comunicação fundamentam-se na articulação de dois poderosos elementos intimamente associados: a conexão e a comutação.No que se refere à conexão, a língua portuguesa oferece uma agradável relação semântica em torno da homonímia da expressão "nós", articulada tanto como pronome quanto como substantivo plural, num jogo entre etimologias absolutamente distintas. Essa articulação entre as expressões é proposta por Alckmar dos Santos na obra Leituras de nós: ciberespaço e literatura, de 2003. Nessa obra, pronome e substantivo são elementos refratários na constituição da identidade nos processos de subjetivação, tanto à "totalidade inútil e distante" de uma multiplicidade indiscriminada e incontrolada de informações, quanto à vertigem da fragmentação do "fechamento individualista em si mesmo". Nesse sentido, a dicção metafórica do texto de Alckmar dos Santos repara em Osíris, o deus despedaçado, e em Adam Kadmom, personagem da obra de MiloradPavitch,O dicionário Kazar, como imagens representativas de uma vital recostura das identidades quando repartidas e espalhadas em cacos. Da mesma forma, Santos propõe uma circunstância que ilustra a comunicação por fragmentos entre pontos além de si: o dilema dos náufragos trocando * Professor da Universidade de Passo Fundo-RS, Graduação e Mestrado em Letras.
Cultura e leitura: Homo zappiens, um leitor ubíquo Culture and reading: Homo zappiens, a ubiquitous reader Miguel Rettenmaier Vagner Ebert RESUMODas transformações que ocorreram da cultura à cibercultura nasce um novo homem, o Homo zappiens. Neste estudo, uma pesquisa exploratória, bibliográfica e qualitativa, pretende-se compreender como a tecnologia influenciou a cultura do jovem do século XXI a partir de uma narrativa transmídia, partindo de um estudo sobre a cultura em Roger Chartier (1988;1995) e Lucia Santaella (2003), do perfil do jovem leitor e das gerações jovens com base em Diana Oblinger e James Oblinger (2005) e Wim Veen e Ben Vrakking (2009), e dos tipos de leitor de Lucia Santaella (2004), para apresentar e analisar a franquia Assassin's Creed. Foi possível perceber que essas aventuras transmidiáticas são potenciais formadoras de novos leitores que buscam encontrar no universo tecnológico as aventuras que ele próprio, leitor das tecnologias e das palavras, quer imaginar e criar, contribuindo para o desenvolvimento e transformação da cultura que vive. PALAVRAS-CHAVE: Leitura; Cultura; Homo zappiens; Leitor ubíquo; Assassin's Creed ABSTRACT From the changes that occurred from culture to cyberculture a new man is born -Homo zappiens. In this study, an exploratory, bibliographical and qualitative research aims at understanding how technology has influenced the culture of young people in the twentieth-century, based on a transmedia narrative, starting from a study of culture by Roger Chartier (1988, 1995) and Lucia Santaella (2003, in which a profile of young readers e young generations was aet up according to research developed by Diana and James Oblinger (2005) and Wim Veen and Ben Vrakking (2009), besides the types of readers established by Lucia Santaela (2004), to present and analyse the franchise
Resumo: A leitura de esboços, rascunhos e versões, ou seja, elementos pré-textuais que podem indicar a gênese de uma obra publicada – também chamados de prototextos – permite ao pesquisador, pelo viés da crítica genética, compreender movimentos criativos ao longo do processo de escritura de uma obra. Esse gesto, muitas vezes, pode explicar a construção de determinado texto e oferecer uma possibilidade de releitura da obra tida como final. A partir dessa perspectiva, o presente artigo visa à análise da descontinuidade da construção da personagem feminina em um dos prototextos do livro Dona Anja, de Josué Guimarães, resguardados no Acervo Literário Josué Guimarães, da Universidade de Passo Fundo (ALJOG/UPF), na categoria de manuscritos de produção ativa. Nesta pesquisa, a descontinuidade é compreendida como sendo formada por interrupções de enunciados de uma versão do manuscrito para outra, ou do manuscrito para o livro publicado. A investigação desses traços embasa-se nos conceitos teóricos de Pino e Zular (2007), Biasi (2010) e Willemart (2009), bem como na leitura crítico-comparativa do “livrão” – livro de notas e esboços do escritor gaúcho – e da primeira edição da obra, publicada em 1978. Por meio da observação das rasuras, configuradas em acréscimos ou supressões, pôde-se criar um novo espaço de relações e compreender o perfil e o papel das personagens femininas apresentadas na obra em questão.Palavras-chave: critica genética; Dona Anja; acervo literário Josué Guimarães.Abstract: The reading of sketches, drafts and versions – the pre-textual elements that may indicate the genesis of a published work – also called prototexts – allows the researcher, through the Genetic Criticism perspective, to understand creative movements throughout the writing process of a work. This gesture can often explain the construction of a particular text and offer a possibility of re-reading of the finished work. In this context, this article intends to analyze the discontinuity of the construction of the female character in one of the prototexts of the book Dona Anja, of Josué Guimarães, preserved in the Acervo Literário Josué Guimarães, of the Passo Fundo University (ALJOG / UPF), in the category of active production manuscripts. In this research, discontinuity is understood as interruptions of statements from one version of the manuscript to another, or from the manuscript to the published book. The investigation of these traits is based on the theoretical concepts of Pino and Zular (2007), Biasi (2010) and Willemart (2009), as well as on the critical-comparative reading of “Livrão” – book of notes and sketches of the writer – and of the first edition of the work, published in 1978. Through the observation of the erasures, configured in additions or deletions, it was possible to create a new space of relations and to understand the profile and the role of the female characters presented in the work in question.Keywords: genetic criticism; Dona Anja; Acervo Literário Josué Guimarães.
Resumo: Autor de uma gama de obras, sobretudo romances e demais narrativas, Erico Verissimo não se abstém da criatividade na hora da escrita. O que também pode surpreender alguns de seus leitores é o hábito que possuía de fazer registros não verbais, tais como caricaturas de suas personagens e demais representações imagéticas relacionadas às suas obras. A edição de Fantoches (1972), que comemora o quadragésimo aniversário da publicação de estreia desse livro, o primeiro do autor, é um propício exemplo disso. Sendo assim, esta obra, formada por uma série de pequenas narrativas, muitas delas peças teatrais, fornece o corpus para os estudos aqui propostos, já que se pretende analisar os registros manuscritos, tanto verbais quanto não verbais, feitos pelo próprio autor e que confirmam a crítica dele mesmo com relação às suas próprias produções. Para tanto, as análises fundamentam-se nos estudos de crítica literária de Bordini (1995), bem como sobre teorias a respeito dos recursos verbais e não verbais, de Ackerman (2014) e Aurouet (2014), utilizando-se também o primeiro volume de Solo de Clarineta: Memórias (2005), também de Verissimo. Autocrítico como é, Erico Verissimo permite fazer inferências sobre o fato de que uma obra publicada não significa que não existe a possibilidade de acrescências posteriores, o que na edição analisada de Fantoches permite muitas percepções a respeito das diferentes vozes encontradas também nas marginálias do livro, acrescidas pelo autor por meio de desenhos e observações verbais.Palavras-chave: fantoches; marginálias; vozes; Erico Verissimo.Abstract: Author of a range of works, especially novels and other narratives, Erico Verissimo does not abstain from creativity at the time of writing. What may also surprise some of his readers is his habit of making non-verbal records, such as caricatures of his characters and other imagistic representations related to his works. The edition of Fantoches (1972), which commemorates the 40th anniversary of the publication of this book, which was his first, is a fitting example of this. Thus, this work, formed by a series of small narratives, many of them plays, provides the corpus for the studies proposed here, since it is intended to analyze the verbal and non-verbal manuscript records made by the author himself and confirm his own criticism of his own productions. To that end, the analyses are based on Bordini’s (1995) studies of literary criticism, as well as on verbal and nonverbal theories by Ackerman (2014) and Aurouet (2014), and the first volume of the book Solo de Clarineta: Memórias (2005), also by Verissimo. Self-critical as he is, Erico Verissimo allows us to make inferences about the fact that the publication of a work does not mean that there is no possibility of later additions, which in the analyzed edition of Fantoches (1972) leaves room for many perceptions regarding the different voices also found in the marginalia of the book, added by the author through drawings and verbal observations.Keywords: Fantoches; marginalias; voices; Erico Verissimo.
Este trabalho tem por finalidade discutir o estímulo à leitura literária em associação ao conceito de gamificação. Observando nos jogos um tipo de aprendizado, agradável e espontâneo, associado à experiência de leitura (LARROSA, 2012), pretende-se discutir o conceito de gamificação (WERBACH & HUNTER, 2012; DETERDING, 2012) como aplicação de técnicas de jogos e design de jogos digitais fora do contexto dos games. Essa noção envolve aspectos tais como motivação, desafio, feedback, recompensas, além de regras e objetivos bem definidos, o que pode representar uma relevante proposta para estimular a aprendizagem e o desenvolvimento da leitura como fruição e como experiência. Em jogo também estará o reconhecimento de uma nova subjetividade na era da computação ubíqua, um novo tipo de leitor (SANTAELLA, 2013), articulado aos móbiles e às demais mídias digitais.
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