Resumo: A novela Um acontecimento na vida do pintor-viajante do escritor argentino César Aira acompanha os passos do pintor Joahan Moritz Rugendas em sua viagem realizada à Argentina, na primeira metade do século XIX. Tal viagem fora interrompida por um acontecimento que iria marcar a forma do pintor-viajante de representar a "paisagem natural" do país. O artigo considerará o conceito de imagem-dialética, de Walter Benjamin, e as considerações intempestivas de Friedrich Nietzsche, para realizar a leitura da obra.Palavras-chave: Johann Moritz Rugendas, César Aira, imagem dialética. O Único fio que o unia à realidade era a urgência em seguir de perto os acontecimentosUm acontecimento na vida do pintor-viajante O pintor-viajante Johann Moritz Rugendas percorreu no século XIX Brasil, Peru, Bolívia, Argentina e Uruguai, contribuindo com suas pinturas para a representação visual da América Latrina. Filho, neto e bisneto de prestigiados pintores de gênero, Rugendas foi um dos maiores criadores da iconografia americana, visto como "um pintor versátil, cujo leque temático vai desde os estudos naturalistas da paisagem até as mais sofisticadas composições de temas históricos".1 Sua primeira viagem à América Latina foi ao Brasil, como ilustrador da expedição do naturalista Georg Henrich Von Langsdorff, de 1822 até 1824, que rendeu a publicação em fascículos do Viagem Pitoresca Através do Brasil, álbum de litografias e comentários sobre o país. Na obra do pintor, de acordo com César Aira, literatura e viagem se entrelaçavam como numa corda. A novela de César Aira começa apresentando uma breve bibliografia de Rugendas, inclusive suas relações com o cientista-naturalista e explorador prussiano Alexander Von Humboldt( 1769-1859):Rugendas foi um pintor de gênero. Seu gênero foi a fisionomia da natureza, procedimento criado por Humboldt. Este grande naturalista foi o pai de uma disciplina que, em boa mediada morreu com ele: a Erdtheorie (teoria da terra), ou physique Du Monde (descrição física do mundo), uma espécie de geografia artística, uma captação estética do mundo, a ciência da paisagem". 2Humboldt reinventou a América enquanto natureza, uma natureza vista como extraordinária, dramática, que "apequena os homens, determina o seu ser, excita
Doutorando em Literatura Comparada do Programa de Pós-Graduaçãoem Estudos Literários / UFMG (bolsista Capes) RESUMOO conto "Crônica de um vagabundo", do escritor Samuel Rawet, e o filmeAlice nas cidades, do cineasta alemão Wim Wenders, serão considerados para que seja analisada a configuração, nos dois meios, de um espaço labiríntico, além da forma nômade de ocupação do espaço. PALAVRAS-CHAVE
O escritor judeu-polonês naturalizado brasileiro Samuel Rawet apresenta ao leitor uma escrita inquietante, visceral e intensa. Girando em torno de temáticas diversas como a da imigração, da alienação, da errância, da diáspora e da condição marginal de alguns de seus personagens, a literatura do autor propicia a abordagem múltipla de sua obra. Nesse sentido, consideraremos as novelas, contos e ensaios do escritor para pensar a inscrição das paisagens sensíveis em suas narrativas, percebidas por personagens geralmente errantes, andarilhos que percorrem o espaço urbano de maneira intensiva. Procuraremos considerar também como se configuram, em sua obra, as paisagens não-humanas, anteriores a uma consciência intencional.
Resumo: José Agrippino de Paula, cujo PanAmérica (1967) despontou como referência importante do movimento da Tropicália, ao trazer para a literatura o universo da cultura de massa e do mundo pop, lançara, dois anos antes, um livro inquietante e totalmente radicado no espaço urbano, intitulado Lugar público (1965). Os personagens, em constante trânsito pela cidade, caminham sem rumo certo, o que leva a cidade a ser configurada como um labirinto acêntrico, sem ponto de partida e nem ponto de chegada. Em seus movimentos paradoxais, eles reinventam o espaço urbano e apresentam novas formas de reapresentar e narrar o espaço público. Dessa forma, propomos um diálogo entre o romance de De Paula e algumas manifestações artísticas tais como a dança de Merce Cunningham e Pina Bausch, o Situacionismo, o grupo de arquitetos Archigram e a pintura de Mondrian.Palavras-chave: espaço urbano; José Agrippino de Paula; literatura brasileira contemporânea; dança; arquitetura.Abstract: José Agrippino de Paula – whose work PanAmérica (1967) emerged as an important reference of the Tropicália movement, bringing the universe of mass culture and pop world to literature – had published, two years befose, a disturbing book, entitled Lugar público (1965), which was completely grounded in urban spaces. The characters, constantly in transit around the city, walk aimlessly, resulting in a city that is configured as an a-centric labyrinth, without a point of departure or point of arrival. In their paradoxical movements, they reinvent the urban space and present new ways of re-presenting and narrating the public space. Thus, we propose a dialogue between De Paula’s novel and some artistic manifestations, such as the dance of Cunningham and Pina Bausch, Situationism, the group of Archigram architects and the painting of Mondrian.Keywords: urban space; José Agrippino de Paula; contemporary Brazilian literature; dance; architecture.
The story “Meu tio, o Iauretê” (1962 ), from Guimarães Rosa, discusses the boundary between man and animal, through intensive writing, which seeks to unveil the animal in man. Thus, thinking animalism in Guimarães Rosa, means thinking what the French philosopher Gilles Deleuze would call “Becoming – Animal” which concept is present in a text from 1730 - Becoming - Intense, Becoming - Animal, Becoming – imperceptible…, and would be an order of combination of a man with an animal, none of which would be similar or even copy each other, in other words, it would not be a matter of metamorphosis, but becomings, crossings and short circuit between kingdoms. In this sense, the philosophy of Gilles Deleuze, Jacques Derrida and Georges Bataille serve as a basic scope to reflect on the question of self and other, man and animal, identity and difference. The questioning of this issue, through literature, aims to demonstrate how to give, in literary narrative, language, questioning of anthropocentrism, in the words of Derrida’s “own man”, which would result in the subsumption on power of life, pure, immanent.RESUMOO conto “Meu tio, o Iauretê” (1962), de Guimarães Rosa, problematiza a fronteira entre o homem e o animal, através de uma escrita intensiva, que busca desvelar o animal no humano. Dessa forma, pensar a animalidade em Guima-rães Rosa, significa pensar aquilo que o filósofo francês Gilles Deleuze denominaria “Devir-animal”, conceito presente no texto 1730-Devir- intenso, Devir-animal, Devir-imperceptível..., e que seria da ordem de uma conjugação de um homem com um animal, sendo que nenhum deles se assemelharia ou até mesmo imitaria o outro, ou seja, não seria uma questão de metamorfose, mas de devires, atravessamentos e curto-circuito entre reinos. Nesse sentido, a filosofia de Gilles Deleuze, Jaques Derrida e Georges Bataille servirão como escopo básico para que se reflita sobre a questão do eu e do outro, do homem e do animal, da identidade e da diferença. A problematização dessa questão, através da literatura, visa demonstrar como se dá, na narrativa literária, na linguagem, o questionamento do antropocentrismo, nas palavras de Derrida os “próprios do homem”, o que acarretaria na subsunção da potência da vida, pura, imanente.
O presente artigo intitulado “Esse cabelo, de Djaimilia Pereira de Almeida, e Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo: diálogos afro-transatlânticos” abordará, em perspectiva comparada, as duas obras acima citadas, considerando aquilo que nomeamos de uma “poética do desabrigo”. A configuração da formação transcultural e transnacional do Atlântico negro (Gilroy) alicerceará a nossa leitura, que também levará em consideração diversos pensadores da diáspora negra, tais como Achille Mbembe e Édouard Glissant. Consideramos que as duas obras giram em torno de alguns tropos como o exílio, a errância, a migração, o deslocamento, a desterritorialização, o trânsito contínuo e o desenraizamento.
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